Chega ao fim 2016, um ano complexo para o Brasil como um todo, mas especialmente difícil para o setor automotivo.
Talvez 2016 tenha sido o ano pior em toda a história da nossa indústria, uma vez que a instabilidade econômica provocou uma brutal queda dos volumes de produção. Devemos chegar somente à casa dos 2 milhões de veículos!
O efeito econômico foi o grande complicador para as empresas, que precisaram adotar medidas bastante fortes para adequar os seus métodos de produção.
Se por um lado, houve uma adequação dos quadros de funcionários, o que levou à perda de pessoas com elevado conhecimento, por outro foi nítido que a criatividade surgiu com muita força.
Decisões como essas requerem planejamento porque podem levar a dois caminhos bem diferentes: um evidentemente é encontrar o melhor resultado para a sobrevivência financeira da empresa.
Outro é comprometer o resultado da qualidade e gerar prejuízos, afinal processos podem sofrer alterações em função do corte de pessoas e de adequações não eficazes.
Agora, olhando para frente, vale observar alguns pontos. Primeiro é que 2017 é o último ano do Inovar-Auto. Grande parte das ações já foi realizada para redução de consumo, melhoria de eficiência e aumento de segurança.
De forma geral, as empresas trabalharam muito nos últimos três anos com a expectativa de que os resultados apareçam agora.
Segundo, também já existem muitas discussões entre o setor e o governo sobre a implantação de um novo programa a partir de 2018, o que certamente ajudará toda a indústria.
Em vez de dizer que o Inovar Auto acabou, vale considerar que o programa representa uma fase de transição para outros desafios que virão.
Terceiro, o Salão do Automóvel também permitiu algumas constatações. Se por um lado mais uma vez comprovou o quanto o brasileiro ainda é apaixonado por carro, por outro, mostrou que a resposta do setor foi expor veículos com grandes inovações tecnológicas e propostas do Inovar Auto.
As exigências do Inovar Auto em termos de tecnologia e inovação contribuíram para a melhoria da qualidade. Isto talvez não seja percebido em 2016 porque os produtos estão entrando agora no mercado.
Para o ano que vem, haverá melhor percepção da qualidade em relação ao que o Inovar Auto trouxe de benefícios efetivos.
Quarto ponto que vale ser observado: as normas de qualidade que regem o setor, a ISOTS 16949 e a ISO 9001, estão passando por uma atualização bastante forte, o que também deve ajudar as empresas a evoluírem em qualidade nos próximos dois anos.
Já estão disponíveis a IATF 16949:2016 (antiga ISOTS) e a ISO 9001:2015, que terão fase de transição em setembro de 2018.
E mais: muito se fala sobre a Indústria 4.0.
É esperado, já a partir de 2020, outro patamar de tecnologia, qualidade e volume. Então, 2017 talvez seja uma etapa para que o Brasil se torne altamente competitivo em 2020, com o avanço da Indústria 4.0.
Para tanto, investir em produtos, processos, serviços e pessoas será imprescindível.
Em virtude de tantas instabilidades – econômica, financeira e produtiva –, 2016 foi um ano de ajustes e certa estagnação nas perspectivas de qualidade.
Para 2017, previsões já sugerem pequeno crescimento. O que precisamos agora é injetar ânimo. O grau de pessimismo já tem diminuído e este é o primeiro passo nesta transição.
Ingo Pelikan é presidente do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva