Apesar de responder por 27% da frota nacional de veículos, os acidentes com motocicletas concentraram 76% das indenizações pagas às vítimas em 2016, de acordo com balanço divulgado neste mês pela Seguradora Líder – que gerencia o DPVAT, seguro para custeio de danos pessoais causados por veículos.
Desse montante pago, 83% foram para vítimas de invalidez permanente e 5% para morte. Dos mortos, 53% estavam na faixa entre 18 e 34 anos, ou seja, economicamente ativos.
Em junho deste ano, o estado de São Paulo, por exemplo, contabilizou 175 mortes envolvendo motociclistas (36% das ocorrências para o período), de acordo com o Infosiga – ferramenta do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito.
Diante dessas informações, na semana em que é lembrado o Dia do Motociclista (27 de julho), os dados servem de alerta para mudarmos essa realidade.
A frota de motocicletas no país chegou a 24 milhões de unidades em 2016 (cerca de 27% dos 93,8 milhões de veículos em circulação pelas ruas e estradas brasileiras).
Quando consideramos o período entre 2000 e 2016, houve um crescimento de 1.281% no volume de motos. Os dados são do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Para a especialista em simuladores de direção, Sheila Borges, assim como já ocorre na formação de motoristas que tiram a habilitação na categoria B, além daqueles condutores profissionais de transporte pesado que realizam treinamento na ferramenta, o processo de simulação poderia ajudar a preparar melhor o motociclista.
“A simulação possibilita ao condutor a prática em uma série de situações adversas, que vivenciará no mundo real. Por meio de treinamento realizado em ambiente seguro, conforme observamos quanto ao uso do simulador veicular, ter essa mesma tecnologia voltada aos motociclistas será um avanço importante para o Brasil”.
A necessidade de aperfeiçoamento da formação do motociclista no Brasil foi apontada como fundamental por 67% dos ouvidos em uma pesquisa realizada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) durante o Salão do Automóvel 2016.
Na oportunidade, um protótipo do simulador de motocicleta ficou à disposição dos visitantes.
Esse público apontou que a constante repetição de determinada situação deixa o condutor mais preparado para reagir da maneira adequada aos desafios que enfrentará no trânsito.
Cenário regional – Somente em 2015, foram 12.126 mil vítimas fatais que conduziam motocicletas no Brasil – 33 registros por hora, conforme o Datasus.
E, apesar dos motociclistas representarem 40% das mortes no trânsito no país, quando o olhar se volta para o nordeste brasileiro, por exemplo, considerando o mesmo período, essa taxa chega a 53,67%.
Na região norte, por sua vez, o volume é menor (47,7%), mas ainda acima do indicador nacional.
O processo no Brasil e no mundo – Se por aqui a prova prática para tirar habilitação de motocicleta ainda é realizada em um circuito fechado, na Espanha essa etapa é preliminar e depende de aprovação para seguir ao passo seguinte, que é percorrer em vias públicas sendo monitorado por um agente de trânsito.
No Japão, a presença do simulador, por outro lado, já é uma realidade há 20 anos.
“É necessário que o país busque nos recursos tecnológicos o aprimoramento do processo de habilitação. O simulador de direção para motociclistas seria avançar em uma direção que já vem se mostrando efetiva por aqui na preparação daqueles que conduzirão carros, por exemplo”, disse a especialista em segurança, educação no trânsito e formação de condutores, Roberta Torres.