Utilizar o etanol em substituição ao diesel nas próprias indústrias que o produzem (em tratores, bombas de irrigação, colheitadeiras e caminhões, por exemplo) é uma das propostas do Instituto Nacional de Eficiência Energética (Inee) para ser discutida no IV Seminário Sobre Etanol Eficiente que será realizado no dia 25 de outubro, em Jundiaí, no Tech Center da Mahle (Rodovia Anhanguera, sentido interior – capital, km 49,7).
O Inee sugere também o uso de etanol nas grandes cidades – como a capital paulista – nas quais a poluição já é um dos fatores inibidores para o uso desse combustível em ônibus e caminhões.
Nesta quarta edição do Seminário sobre Etanol Eficiente, além de questões técnicas, serão discutidos os principais usos e políticas do etanol que não consideram devidamente suas excelentes qualidades como combustível.
As inscrições e o programa completo do seminário estão disponíveis no site do Inee (www.inee.org.br). O evento é patrocinado pela Mahle e pela Copersucar e conta com o apoio da Sociedade dos Engenheiros Automotivos.
De acordo com o diretor geral do Inee, Jayme Buarque de Hollanda, os veículos a etanol oferecem à indústria a oportunidade de atender um nicho de mercado crescente, considerando os objetivos da economia de baixo carbono junto com as restrições cada vez maiores às emissões urbanas.
“O uso eficiente do etanol, além dos impactos ambientais e sociais favoráveis, afeta positivamente a economia dos consumidores e dos agentes na sua cadeia de produção. Os avanços tecnológicos nessa matéria têm mais chance de se efetivarem no Brasil, mas podem interessar a agentes nos Estados Unidos e, de forma crescente, em diversos países, como a Suécia e a França, onde o uso do etanol tem aumentado”, diz.
O diretor do Inee lembra que não temos, no Brasil, motores exclusivos a etanol e que os flex atendem apenas veículos leves ou com motores a gasolina adaptados para o uso do álcool combustível.
“Isso não permite que, atualmente, o etanol seja economicamente competitivo, embora já o seja em termos ambientais por ser menos poluidor”.
Produção do etanol – Em apenas três anos, os Estados Unidos se tornaram o maior produtor mundial de álcool (a partir do milho) e regiões inteiras já o usam como combustível.
Na Europa, a questão das emissões locais e globais preocupa as autoridades e o etanol pode ser uma das soluções que atende os dois aspectos.
No Brasil, o produto não tem a devida atenção, apesar de que a venda anual de etanol – cerca de 30 bilhões de litros – seja da mesma ordem de grandeza que a de gasolina.
Diretores da Agência Nacional do Petróleo (ANP), presentes aos últimos dois seminários, asseguram que a produção brasileira do etanol é fundamental.
Vantagens para as usinas – Jayme lembra as muitas vantagens para que a indústria ligada ao etanol use o combustível por ela produzido: “Trata-se de uma energia renovável, de um combustível menos poluente e que pode gerar uma significativa economia, pois o empresário estará pagando apenas o seu preço de custo e não o cobrado nas bombas que incluem a margem de distribuição”.
A ideia da eficiência, conforme explica, está presa ao consumo.
“Teoricamente seria possível, hoje, um carro com motor puramente a etanol ter mais ou menos o mesmo consumo do que o carro a gasolina, ou seja, percorrer com um litro de etanol a mesma distância obtida com o uso da gasolina. Considerando que o etanol é mais barato na bomba, o seu uso já representaria uma vantagem econômica para os consumidores”, calcula.
Jayme acrescenta que já existem condições tecnológicas de melhorar os motores a etanol, assim como a realização de testes para que o álcool combustível substitua o diesel, ou mesmo que seja usado em veículo híbrido elétrico.
Mas, isso nunca deslanchou no Brasil. “O seminário será uma oportunidade de contribuirmos para levantar o que tem e o que está faltando para aplicar o uso do etanol nas atividades onde exista a vantagem ambiental e econômica no país”, conclui.