Jim Hackett, CEO e presidente mundial da Ford, fez hoje a palestra principal de abertura da CES 2018, maior evento de tecnologia do mundo, em Las Vegas, nos EUA, falando da visão da marca sobre o futuro dos automóveis e da mobilidade.
A Ford também anunciou no evento uma parceria com a Qualcomm para desenvolver a chamada tecnologia C-V2X, que permitirá a comunicação direta do veículo com os demais e também com a infraestrutura das ruas, sinais de trânsito e dispositivos de pedestres, por meio do celular, incluindo sistema de comunicação em nuvem.
“Não estou aqui para vender carros, uma coisa de que eu gosto, mas para mostrar como a tecnologia está transformando a indústria e o que estamos fazendo para ser líderes nesse processo”, destacou o executivo.
Segundo Hackett, o automóvel moldou a forma como vivemos e, pela primeira vez desde que Henry Ford o popularizou, hoje existe a oportunidade de criar uma ruptura tecnológica nos sistemas de transporte com a introdução dos veículos autônomos e conectados.
“O automóvel trouxe uma nova e extraordinária liberdade, impulsionando a indústria e o crescimento pessoal e econômico de várias gerações. O preço pago por essa liberdade foi a criação de um mundo onde as vias foram construídas para os carros, avançando sobre os espaços comunitários”, destacou. “E, com cada vez mais pessoas buscando os centros urbanos, o modelo atual não é mais sustentável.”
A proposta da Ford é usar as novas tecnologias para recuperar as ruas como espaço de vivência, dando passos para introduzir nas cidades a era da economia e do transporte compartilhado.
“Com o poder da inteligência artificial e o surgimento dos veículos autônomos e conectados, temos tecnologia capaz de fazer uma completa ruptura e recriar o sistema de transporte de superfície pela primeira vez em um século. Tudo, desde o estacionamento, fluxo de tráfego e entrega de mercadorias, pode ser radicalmente melhorado – reduzindo os congestionamentos e transformando as ruas em mais espaços públicos”, disse.
Para Jim Hacket, mais que um meio de transportar pessoas de um lugar a outro o veículo autônomo representa a oportunidade de criar novos modelos de negócios.
Para falar sobre o papel do Big Data – processamento de grande volume de dados – nesse processo, o executivo trouxe como convidado Michael Sandel, famoso professor de Harvard.
Sandel falou sobre o grande volume de informação que as empresas detêm hoje sobre os consumidores e citou três exemplos: uma loja como a Amazon sabe os livros que você lê, o Uber conhece os locais que você frequenta e uma marca de colchões, os seus hábitos de dormir.
“Existe a preocupação de que esse tipo de dados possa se tornar público e violar a privacidade das pessoas, mas eles também podem salvar vidas, como por exemplo ao agilizar o socorro a uma pessoa que sofre de diabetes ou ataque cardíaco. Liberar ou não o acesso a essas informações deve ser uma opção do consumidor”, disse.
Por isso, segundo Hackett, ao desenvolver novas tecnologias de mobilidade a Ford adotou uma abordagem centrada no usuário.
“Não é suficiente implementar uma nova tecnologia sem antes entender completamente como ela vai melhorar a vida das pessoas. Assim, para desenvolver novos meios de transportar pessoas e mercadorias começamos estabelecendo parcerias com cidades, organizações civis, planejadores urbanos, tecnólogos e designers de todo o mundo.”
O desafio inclui criar sistemas e padrões de comunicação dos veículos com outros veículos e toda a infraestrutura urbana ao redor, como pedestres, ciclistas, semáforos e ruas.
Marcy Klevorn, presidente da Ford Mobility, divisão da empresa voltada a novas soluções de mobilidade, e Jim Farley, presidente de Mercados Globais da Ford, também falaram sobre as possibilidades que o uso da nuvem e de veículos autônomos traz para o setor.