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Rali Dakar: esporte radical x estresse

Acordar antes do sol nascer não é a opção da maioria das pessoas.

Ainda mais se o objetivo for praticar esportes.

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Mas para muitos executivos, essa é uma escolha de vida na qual eles se apoiam para conseguir manter o equilíbrio entre o estresse do trabalho e a saúde do corpo.

A explicação pode vir da meditação. Transtornos de ansiedade e estresse tem raízes na repetição de ideias e na dificuldade em esvaziar a mente, o que se consegue através de técnicas de respiração e mudança de foco.

Sem a reflexão espiritual, claro, o exercício concentrado é capaz de causar o mesmo efeito.

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Durante a prática de um esporte, principalmente os mais radicais, a concentração é fundamental.

“Pode ser a diferença entre a vida e a morte”, conta o diretor do BTG Pactual e piloto oficial Polaris, Leandro Torres. “Se a mente não estiver focada na pista, no carro e na antecipação de qualquer problema, o acidente pode ser feio em alta velocidade”, completa.

Mesa de trabalho em um dia normal – Oficialmente, Leandro tem um cargo estressante.

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Passa horas com pelo menos quatro telas de televisão abertas, atento a qualquer mudança que possa afetar o mercado, desde a criação de uma nova empresa na China até a queda de um ministro no Brasil.

A vida profissional dele é movida a estratégia. E essa, com certeza, foi a ferramenta mais importante para se consagrar o primeiro brasileiro campeão do Rally Dakar em um UTV em janeiro deste ano.

“Minha rotina profissional é muito parecida com o que passo nos rallies. É preciso ter sangue frio e manter o foco. Lido diariamente com grandes perdas e ganhos e isso não pode me afetar. No primeiro ano que participei do Dakar, precisei conhecer as inúmeras variáveis. Capotei na terceira curva do prólogo. A partir daí, soube que teria que manter a ansiedade baixa para ter sucesso. Este ano, com mais maturidade no esporte, consegui manter o equilíbrio e pensar que uma prova de longa duração não se ganha no primeiro dia, é preciso muito planejamento”, explica.

Dakar 2017 – Chegar ao ponto de se tornar um piloto profissional com o Polaris RZR 1000 não foi fácil.

Em 2005, Leandro Torres pesava 135 quilos, teve um problema sério relacionado ao estresse e foi internado para uma cirurgia bariátrica emergencial.

Passou 60 dias na UTI com uma infecção bacteriana gravíssima e se salvou.

“Todos os dias que estive na UTI tinha a certeza que ia vencer. Quando sai de lá, minha vida recomeçou. Comecei uma rotina de exercícios e ela me levou as corridas”.

Com 46 anos, ele está no auge da carreira profissional, tanto no mercado financeiro quanto na direção do seu Polaris. Quando sai do escritório, ele diz que desliga um botão e liga outro.

“A principal busca é pelo autoconhecimento. Hoje, consigo controlar a dor e o cansaço. Eles estão lá, mas eu nem me lembro. Ou porque a bolsa está caindo ou porque meu pé está queimado e eu preciso terminar a especial para continuar na prova. No Dakar, tenho que pensar num pneu furado enquanto a temperatura passa de 35 para -5 graus. É um leão por dia, igual no trabalho”.

2018 – A nova dupla Polaris Zeca Sawaya e Marcelo Haseyama já está em concentração para a edição 2018 do Rally mais difícil do mundo.

E eles tem rotinas bem parecidas com a do Leandro Torres. Coincidência?

O piloto Zeca Sawaya – Zeca tem uma construtora e viaja o tempo todo acompanhando obras.

“Preciso dessa válvula de escape. E numa vida tão agitada, ainda tenho que arranjar tempo para me preparar para cada prova de rali. Mas essa é a melhor parte”, diverte-se.

O navegador Marcelo Haseyama –  “As pessoas se perguntam como conseguimos recuperar energia gastando mais ainda… é pelo próprio desafio das atividades. Ficamos viciados na adrenalina do trabalho. O rali é um intensivo da vida profissional. Você tem desafio, pressão, concorrentes, tomadas de decisão. Tem que saber o seu limite”, conta Marcelo, que é engenheiro eletrônico.

DAKAR 2018 – A 40ª edição do Dakar começa no dia 6 de janeiro em Lima, no Peru.

A rota segue para a Bolívia e Argentina, finalizando no dia 20 em Córdoba, com quase 9.000 quilômetros a serem percorridos 332 veículos inscritos.

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