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Será que veículos de “zero emissão” são de verdade “zero emissão”?

Os planos em veículos elétricos já anunciados pelas montadoras somam US$ 150 bilhões e devem gerar vendas de mais de 13 milhões de unidades por ano até 2025, o que equivale a uma taxa de crescimento anual composta de 35%.

Estas são algumas das conclusões do estudo divulgado pelo Conselho Internacional sobre Transporte Limpo. O estudo considera como os governos estão estimulando a indústria de veículos elétricos e analisa seu mercado global, incluindo a avaliação dos principais fabricantes e as políticas de apoio implementadas para estimular esses investimentos, e conclui que embora a indústria automobilística esteja dando os primeiros passos nessa direção, grandes empresas já se aproximam de economias de escala com mais de 100.000 veículos elétricos por ano.

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Recentemente o BMW Group superou a marca de 250 mil veículos eletrificados vendidos no mundo. “Estamos muito satisfeitos em anunciar que há, agora, mais de 250 mil veículos eletrificados do BMW Group rodando pelo mundo”, celebra Pieter Nota, membro do Conselho de Administração da BMW AG responsável por Vendas e pela marca BMW. “Estamos na direção certa rumo à nossa meta declarada de comercializar mais de 140 mil veículos eletrificados neste ano”, concluiu o executivo.

Nos primeiros quatro meses de 2018, as vendas do BMW Group Eletrified totalizaram 36.692 unidades, 41,7% acima do volume alcançado no mesmo período do ano passado. Este avanço considerável nas vendas de modelos eletrificados foi distribuído em diversos mercados, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e China.

Por trás destes números estão políticas públicas que favorecem tanto o lado do consumidor quanto o dos fabricantes. Até o momento, três quartos dos veículos elétricos vendidos foram fabricados na mesma região em que foram comercializados, mostrando a importância das políticas do lado da demanda, para reduzir as barreiras e aumentar o mercado, e os regulamentos e a política tributária para impulsionar simultaneamente os investimentos industriais.

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Atualmente os três principais mercados para veículos elétricos no mundo – China, Europa e EUA – são também onde a maioria dos veículos elétricos é produzida. Com base nos anúncios de fábricas de baterias até hoje, espera-se que a maioria das manufaturas globais de células de bateria estejam na China.

“Quem quiser fazer o mercado avançar na mudança para carros elétricos deve buscar políticas que quebrem as barreiras dos consumidores e que também estimulem as grandes empresas a investir”, destaca Nic Lutsey, co-autor do estudo. “O mercado está avançando rapidamente e os governos líderes podem garantir que suas indústrias estejam à frente com políticas de longo prazo para veículos elétricos e baterias.”

O crescimento dos veículos elétricos ressalta os esforços em todo o mundo de adaptação às regulamentações de emissões de CO2 e para promover os investimentos necessários na indústria para permitir a transição para o acionamento elétrico.

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Os Estados Unidos estão considerando enfraquecer sua regulamentação, embora o crescimento do mercado de veículos elétricos na Califórnia esteja aumentando.

A União Europeia está considerando a regulamentação de CO2 de veículos automotores até 2030 com benchmarks de veículos elétricos e está trabalhando simultaneamente para investimentos em bateria muito maiores por meio de sua Battery Alliance da UE.

Para o vice-presidente da Comissão Europeia, Maroš Šefčovič, “As baterias estão no centro da revolução industrial e o desafio de criar uma indústria de produção de baterias competitiva e sustentável na Europa é imenso. Precisamos avançar rapidamente nesta corrida global.”

Num artigo publicado por Parker Treacy, cujo título é Veículos de “zero emissão” são de verdade “zero emissão”? [Uma nova análise], ele considera o aspecto da análise de toda cadeia de produção do veículo elétrico e não apenas quando ele é entregue para o cliente.

Os ‘veículos elétricos de emissão zero’ mais famosos como Tesla, BMW i3 e Nissan Leaf vendem a imagem de um futuro mais limpo e melhor. Mas se você analisar o processo de criação desses automóveis desde sua fabricação até a eventual eliminação, quantas emissões ao longo da vida eles realmente liberam?

Produção – Quantas emissões são lançadas durante a produção do veículo? Isso inclui todas as emissões dos fornecedores para a produção, mineração, entrega e empacotamento das peças.

Uso do Veículo – Quantas toneladas de CO2 são emitidas na queima de combustível comparado com a quantidade emitida na geração de eletricidade para um carro elétrico?

Descarte do Veículo – Quantas emissões são gastas durante o descarte do veículo?

Um exemplo ilustrativo das instalações de produção de bateria da Tesla e os processos envolvidos na sua montagem considera que a produção de baterias dá origem a 150-200 quilos de equivalente de CO2 por quilowatt-hora de bateria produzida. Tesla Model S, por exemplo, tem uma bateria de 100 kWh, o que significa que quando alguém compra o carro, ele(a) já está levando para casa uma bateria que criou uma média de 17,5 toneladas de CO2 em seu processo de produção.

Segundo The Guardian, uma revista britânica, um carro de médio porte gasta 17 toneladas de CO2 durante o processo de produção. Esse número é semelhante ao de um carro elétrico, não incluindo a bateria. Contudo, os carros elétricos precisam ser leves, o que significa que eles incluem muitos metais de alto desempenho.

Outros, metais raros estão espalhados por todo o carro, principalmente nos ímãs que estão em tudo, desde os faróis até a eletrônica de bordo. Então, enquanto um carro tradicional gasta só 17 toneladas de CO2, um carro elétrico gasta um total de 34,5 – resultado de 17,5 na bateria e mais 17 no resto dos componentes.

Mesmo assim, um carro elétrico gera mais ou menos 2x mais CO2 do que um carro tradicional. A bateria dentro dos carros elétricos é muito suja e gera muita emissão.

É verdade que um carro elétrico tem “zero emissões”. Mas de onde vem essa eletricidade?

Nos EUA, apenas 30% da eletricidade vem de fontes renováveis como a hidrelétrica, nuclear e solar. Logo, os carros elétricos fazem pouca diferença porque ao invés de queimar combustível no carro, está queimando combustível, gás natural, ou carvão para criar aquela eletricidade.

Em resumo, um carro tradicional cria 3x mais CO2 durante a vida útil, mas ainda gera menos emissões que o carro elétrico quando incluído as emissões com a sua fabricação

O descarte é a reciclagem das peças e também a gestão dos resíduos. As emissões de descarte são tipicamente menos que 1% das emissões da vida do veículo e são 0,3 toneladas para carros elétricos (assumindo a reciclagem responsável da bateria) e 0,15 toneladas para um carro tradicional.

Então, será que veículos de “zero emissão” são de verdade “zero emissão”?

No total, carros elétricos criam menos emissões, mas eles produzem muito mais na produção e menos no uso. Você também acaba mudando o problema de petróleo para cobalto e lítio, produtos com processo de mineração bem sujo, que são os componentes principais nas baterias.

No fundo, os problemas não foram resolvidos. Apenas mudaram o problema de materiais de uso como combustível para materiais de produção como a bateria.

Você precisa usar um carro elétrico minimamente por 3.8 anos para de verdade criar menos emissões. Para carros de frota e outros carros super usados e com uma vida mais curta, provavelmente carros tradicionais serão mais limpos. Dito isso, a tecnologia de bateria está acelerando bastante e deve dobrar em potência nos próximos 7-8 anos, segundo o banco Liberum.

Ainda com a tecnologia de bateria acelerando, existem carros tradicionais leves que tem menos emissões de vida que alguns carros elétricos.

Por exemplo, carros de 500Kg como o francês Ligier microcarro ou o “kei car” do Japão tem as menores emissões de qualquer carro.

Então, se você quiser de verdade criar menos emissões até a tecnologia de bateria ser aperfeiçoada, a melhor coisa a se fazer é usar um carro com menos peso!

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Tarcisio Dias é profissional e técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista, desenvolve o site Mecânica Online® (www.mecanicaonline.com.br) que apresenta o único centro de treinamento online sobre mecânica na internet (www.cursosmecanicaonline.com.br), uma oportunidade para entender como as novas tecnologias são úteis para os automóveis cada vez mais eficientes.

Coluna Mecânica Online® – Aborda aspectos de manutenção, tecnologias e inovações mecânicas nos transportes em geral. Menção honrosa na categoria internet do 7º Prêmio SAE Brasil de Jornalismo, promovido pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Distribuída gratuitamente todos os dias 10, 20 e 30 do mês.
http://mecanicaonline.com.br/wordpress/category/colunistas/tarcisio_dias/

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