A qualidade desafiará a indústria no tocante a sistemas integrados, na visão das lideranças que participaram em São Paulo, do 6º Fórum IQA da Qualidade Automotiva.
Isso porque o cenário é de transformações disruptivas nas empresas, que exige capacidade de enxergar à frente para acompanhar as mudanças.
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“Uma série de modificações está ocorrendo no setor automotivo, que é pioneiro e não espera ninguém”, afirmou Mário Guitti, superintendente do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA).
Antonio Megale, presidente da Anfavea, abriu as apresentações com abordagem sobre os impactos do Rota 2030, como estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento.
Confiante de que o programa trará importante avanço para a cadeia automotiva no País, o dirigente acredita que o programa promoverá a competitividade.
“Esse é o fator mais importante para acesso a grandes mercados”, apontou. Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, destacou a necessidade de integração competitiva do Brasil em cadeias globais, com foco em maior escala e participação em tecnologias e processos.
“Só precisamos ter cuidado para não nos encantarmos com essa retomada do mercado doméstico”, disse ao lembrar que a agenda de integração passa por acordos comerciais.
Um painel com sistemistas debateu a segurança dos produtos em tempos de manufatura avançada.
Danilo Lapastini, CEO da Hexagon, disse que um dos desafios é trabalhar com imenso volume de dados.
Já Ricardo Teixeira Avila, diretor industrial da Sabó, destacou a necessidade de evitar a complexidade no processamento de dados de diversas interfaces em diferentes sistemas; enquanto Bruno Neri, gerente da Qualidade da Bosch, discutiu a segurança veicular em conectividade, que precisa ser encarada como empreendimento conjunto na cadeia.
“As interfaces são entre empresas”, argumentou. Pedro Insua, gerente de Qualidade da Schaeffler, abordou o papel do profissional PSR (Product Safety Representative), que deve fomentar a segurança do produto até na cadeia de fornecimento.
Os novos padrões de qualidade exigidos pelas fábricas inteligentes nortearam a apresentação de Mauro Toledo, gerente automotivo da Roland Berger.
Segundo Toledo, a indústria 4.0 está mudando o paradigma da estratégica de fabricação, que passa de produção em massa para customização em massa, assim como de planejamento de estoque para planejamento dinâmico, feito sob pedidos.
“Se não criar uma rede de parceiros, a empresa não terá capacidade de desenvolver sozinha todas tecnologias”, alertou Toledo.
No aftermaket, Luiz Sérgio Alvarenga, diretor executivo do Sindirepa Nacional, falou sobre o Programa de Incentivo à Qualidade (PIQ) como instrumento para certificação de oficinas mecânicas, bem como preparação para o melhor acompanhamento das mudanças no mercado.
“A cadeia automotiva precisa valorizar todo o conjunto, não somente o próximo step, como dar um impulso conjunto ao PIQ”, apontou.
Destacou ainda que a inspeção técnica veicular precisa ser tratada como dever de Estado para que possa avançar.
Ao falar sobre reposição, José Mauricio Andreta Júnior, vice-presidente da Fenabrave, apontou que as concessionárias precisarão passar por diversas mudanças e adaptações com foco total no cliente, como a diversificação dos serviç os prestados.
“Passa por equipe preparada, equipamento de última geração e predisposição a mudanças”, afirmou.
Montadora e fornecedores falaram sobre avanços no desenvolvimento de produtos e na introdução da manufatura avançada.
Claudio Castro, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Schaeffler, apontou que a indústria tem como principais desafios ser ágil e rápida, estar aberta à engenharia colaborativa, estar preparada para compartilhar informações e saber trabalhar com diversidade de formatos.
“Precisamos nos planejar para o futuro, com várias realidades que podem acontecer”, comentou.
Segundo André Ferreira, engenheiro sênior de Produtos da Bosch, o futuro da mobilidade tem pautado novas formas de enxergar o produto.
“A internet das coisas tem determinado o desenvolvimento a partir de tecnologias como sensores conectados aos veículos para coleta de dados”, explicou.
É preciso buscar alternativas em tecnologias de powertrain para veículos de carga, destacou Rafael Torres, diretor de Engenharia da Cummins para América Latina.
“Conectividade, automação e diversificação das fontes de energia geram oportunidades de novos desenvolvimentos”, avaliou.
Pedro Afonso, diretor de Tecnologia de Operações da Mercedes-Benz, apresentou iniciativas voltadas à Indústria 4.0, como o uso de plataformas globais a partir da simulação de produtos em salas virtuais com plantas de outros países, como Alemanha e Turquia.
“O que se determina numa planta é estendido para as outras”, contou.
Para encerrar o fórum, Letícia Costa, sócia-diretora da Prada Assessoria, fez uma análise dos impactos das tendências em eletrificação, conectividade, mobilidade e automação na cadeia automobilística.
Disse que essas tendências levarão a uma nova configuração de cadeia, cujo centro – onde estava a montadora – passa a ser do consumidor.
Letícia ainda apontou que a indústria passará a abordar mais a qualidade de sistemas integrados do que a qualidade de produtos em função da evolução dos veículos.
“Serão necessárias habilidades associadas não somente aos produtos mecânicos, mas à parte eletrônica do carro”, afirmou.