No evento Perspectivas 2019, a Scania promoveu uma roda de diálogo com clientes do segmento de caminhões, com o objetivo de trocar experiências, discutir problemas do setor e mostrar os benefícios que os caminhões Scania trouxeram aos negócios de cada um.
Atílio Contatto representou a Transportadora Contatto – especializada em transporte de produtos químicos, e Adelino Bissoni participou à frente da Botuverá, que atua no agronegócio.
A Contatto tem uma frota de 325 caminhões e dois terços deles são Scania.
“A nossa história com a Scania se mistura com a trajetória dela no Brasil e remonta a 1960, quando compramos nosso primeiro caminhão. Trata-se de uma relíquia de valor inestimável”, afirma Atílio Contatto.
Ele diz que um dos pilares mais importantes para o relacionamento entre as duas empresas é o que a Scania entrega ao cliente.
“Eu não compro caminhões, compro rentabilidade. Por isso, soluções, consumo e a assistência que o Scania Banco nos dá fazem toda a diferença. Além disso, a concessionária Quinta Roda, de Sumaré (SP), nos garante total suporte no Brasil inteiro. É uma referência fundamental para o nosso negócio”, diz.
O executivo mostra-se otimista sobre o que esperar em 2019 nas áreas em que atuam.
“O nosso foco é carga perigosa, como gás, combustíveis e fertilizantes. Tivemos um desempenho muito positivo nos últimos anos, com players dando mais oportunidades para a Contatto. Com isso, conseguimos alcançar ótimos resultados. Em um período de seis anos, os últimos três foram ainda melhores”, revela Contatto.
Contatto prevê crescimento de 19% no transporte de produtos químicos em relação a 2018, incremento que está condicionado não só à demanda dos clientes, mas também à melhoria do cenário econômico.
“Não me incomodo com possíveis turbulências, que são normais em nosso negócio. O que me preocupa é o que será feito daqui para frente”, afirma Contatto. Ele defende maior previsibilidade para o setor para que a empresa tenha condições de se programar. Um exemplo é a necessidade de transparência na tabela de preço mínimo de frete.
O outro integrante da roda de diálogo, Adelino Bissoni, é transportador e também produtor rural. Ou seja, conhece os dois lados do setor.
A Botuverá tem uma parceria de 43 anos com a Scania, baseada no relacionamento duradouro e de confiança com a fábrica e a concessionária.
“Nossa operação no Mato Grosso é bastante severa, com estradas precárias e sem asfalto e, por isso, precisamos de veículos resistentes”, afirma.
Bissoni afirma que a expectativa de colheita da próxima safra é boa, embora os problemas de logística limitem um pouco a operação.
“Colhemos 60 mil toneladas de grãos e esse volume pode chegar a 120 mil nos próximos cinco anos. Só não colhemos 300 mil toneladas por questões logísticas”, afirma Bissoni.
“Hoje, Mato Grosso representa 25% da produção de grãos do Brasil.”
Ao falar novamente sobre tabela de fretes, Atílio Contatto disse ser praticamente impossível praticá-la atualmente.
“Ela foi feita sob a pressão da greve dos caminhoneiros do ano passado, porém é preciso rever os números. Para se ter ideia, a carga perigosa é 40% mais barata que a de outros segmentos. Isso não faz sentido”, revela.
Contatto defende o livre mercado.
“Em um país de dimensões continentais, como o Brasil, é difícil agregar todos os segmentos”, salienta.
Bissoni ressalta que o achatamento na tabela de frete de grãos vem desde 2014.
“Os valores de hoje não agradam ninguém. Se o transporte das fazendas até os portos é satisfatório, o chamado frete inverso – dos portos às fazendas – não é tanto, cerca de 30% menor. Precisamos proteger mais o motorista autônomo, os principais sacrificados em algumas regiões”, diz.
Outro assunto discutido pelos transportadores refere-se ao novo marco regulatório do setor.
Bissoni acredita que ele deve ser simples, contemplando todo o segmento.
Já Contatto analisa o marco regulatório como positivo, mas bate na tecla da previsibilidade.
“O motorista autônomo precisa saber quanto vai gastar de combustível e receber condições técnicas, econômicas, de infraestrutura na rodovia e segurança na jornada”, diz.
Adelino Bissoni acrescenta que a definição de um valor por quilômetro rodado poderia ser uma solução para o frete, mesmo assim, estaria longe chegar a um consenso.
“O profissional do setor deve conhecer seu custo e não trabalhar abaixo dele. Não adianta a tabela dizer que o quilômetro rodado custa R$ 5, o transportador pagar R$ 3 e o motorista aceitar.”
Ele conta que o transporte de grãos está até mesmo acima do valor da tabela, principalmente nos trechos acima de 1.000 km.
O problema reside no frete de retorno, que não consegue acompanhar a tabela.
“Levar grãos de Rondonópolis para Natal, por exemplo, eleva a tabela às alturas. Por isso, o livre mercado acaba protegendo o autônomo”, diz.
Bissoni recorda que, no passado recente, a falta de motorista qualificado foi um problema enfrentado em Mato Grosso.
“Em muitos casos, a mão de obra vem de fora. Fizemos, então, parceria com o Sest-Senat, a fim de incentivar as novas gerações e acabar com a ideia de que trabalhar com caminhão é desconfortável. Hoje, os veículos são mais confortáveis que automóveis de passeio”, afirma.
Segundo Atílio Contatto, a palavra-chave para atrair novos profissionais no setor é valorização, que inclui remuneração justa, premiações e cursos de capacitação incluindo simuladores para os testes de segurança.