O etanol é decisivo para o Brasil enquadrar-se em padrões muito rigorosos de emissões de CO2 e é também um combustível estratégico para a evolução tecnológica de uma mobilidade com menos impacto sobre o meio ambiente.
Esta foi a linha de argumentação de palestra proferida nesta terça-feira, dia 18 de junho, por João Irineu Medeiros, diretor de Assuntos Regulatórios e Compliance da Fiat Chrysler Automóveis (FCA) para a América Latina, durante o Ethanol Summit 2019, que acontece em São Paulo.
O diretor da FCA observou que, quando considerado o conceito well-to-wheel (no caso, do campo à roda), o uso do etanol é altamente eficiente do ponto de vista de emissões.
Isto porque a cana-de-açúcar em seu ciclo de desenvolvimento vegetal absorve de 70% a 80% do CO2 liberado na queima do etanol combustível.
As perspectivas para a ampliação do uso do etanol são promissoras, devido ao esforço conjunto dos produtores do combustível e de veículos.
João Irineu destacou que a cadeia da agroenergia está focada em produzir combustíveis de modo mais eficiente e com oferta estável e previsível.
Ao mesmo tempo, o setor automotivo, e a FCA em particular, está empenhado em aumentar a eficiência energética da combustão do etanol.
“O gap energético entre o etanol e a gasolina gira em torno de 30%, mas estamos trabalhando para reduzir esta lacuna, empregando novos conceitos e novas tecnologias, algumas com patente própria”, disse.
“Estamos aprimorando calibração, partida a frio, razão ar/combustível, injeção direta, turboalimentação e melhoria termodinâmica. Com isto, o etanol será viável mesmo nos níveis rigorosos de regulamentação previstos para a próxima década. O etanol também é um combustível competitivo para veículos híbridos das categorias HEV e PHEV e pode tornar-se a base de células de combustível eficientes”, acrescentou o diretor da FCA.
Ainda há muito trabalho conjunto a ser feito.
Um exemplo é a necessidade de melhorar a especificação do combustível, com redução do conteúdo de água no etanol.
Outra vertente é o desenvolvimento do etanol de segunda geração.
Com isto, será possível ampliar a utilização do etanol na matriz energética da mobilidade, melhorar em cadeia o consumo dos veículos e, consequentemente, reduzir o nível de emissão de CO2.
João Irineu enfatizou que o Brasil tem quatro décadas de acúmulo de tecnologia na produção do etanol combustível e de veículos que o utilizam.
Intensificar a opção pelo etanol é uma decisão inteligente, que leva em conta a imensa plataforma produtiva, logística e de distribuição já implantada no país.
“Temos que tirar disto as vantagens comparativas que representam na busca de uma mobilidade com menos carbono e de um balanço mais favorável de emissões. Temos que investir tempo, dinheiro e inteligência nisto. E só o Brasil pode fazer isto. Nenhum outro país tem um ativo desta importância e magnitude”, argumentou.
“Para isto nós precisamos de uma agenda estratégica compartilhada entre governo, empresas, universidades e sociedade”, concluiu.