Durou apenas uma semana a experiência da prefeitura de São Paulo em impor um rodízio radical de veículos na cidade. O sistema previa que os finais de placas ímpares só poderiam circular nos dias ímpares e os finais de placas pares, nos dias pares.
A ideia era retirar 50% dos veículos leves de circulação numa tentativa de aumentar o isolamento social para ajudar a frear os casos de Covid-19 na cidade e utilizar mais o transporte coletivo.
Táxis e profissionais da saúde eram exceção, embora estes fossem obrigados a redigir um pedido de isenção em um momento que estavam sobrecarregados de trabalho.
A medida tinha alguma lógica (até a Anfavea concordou), mas partiu de premissas erradas. Cerca de 40% de todas as viagens na capital paulista são feitas por automóveis normalmente, incluindo táxis e aplicativos.
Nesse período de pandemia a circulação já havia caído e depois aumentou porque as pessoas precisam trabalhar. Porém, com 50% da frota de carros fora das ruas o transporte coletivo ficou sobrecarregado.
As aglomerações nos terminais aumentaram e também no interior de ônibus, trens e metrô. Mesmo usando máscaras, a proximidade entre os usuários piorou.
Ônibus mais modernos com ar-condicionado têm sistemas eficientes de renovação do ar interno, mas isso não é garantia de não contaminação pelo novo coronavírus. Além disso, corrimões e alças só podem ser desinfetados no final do dia.
O único ponto positivo desse imbróglio foi o reconhecimento de que a iniciativa não deu certo e a sua revogação.