Artigo de Vivaldo José Breternitz – A Tesla começa a enfrentar problemas na China: o governo do país proibiu o uso de veículos da montadora em algumas instalações do governo por razões de “segurança nacional”.
O principal temor dos chineses é que os carros da Tesla, com muita tecnologia embarcada, possam ser utilizados para espionagem; uma preocupação especial é o alto número de sensores e câmeras instaladas em veículos Tesla, que poderiam ser usados para capturar dados confidenciais e transmiti-los aos Estados Unidos.
Mas a Tesla vem enfrentando outro tipo de problema com os chineses: a concorrência. Embora os números não sejam totalmente confiáveis, desde 2018, o Tesla Model 3 é o automóvel elétrico mais vendido no mundo, totalizando cerca de 700 mil unidades, porém 2021 começou com uma surpresa: enquanto foram vendidas cerca de 35 mil unidades do Tesla em janeiro e fevereiro, o Hong Guang, um pequeno veículo chinês, atingiu 56 mil vendas no período.
O Model 3 fabricado na China custa a partir de US$ 39 mil, contra os US$ 4.500 do Hong Guang, que tem autonomia de 170 quilômetros, velocidade máxima de 100 km/h, e pesa 650 quilos. São carros diferentes, o que leva a preços diferentes: a autonomia do modelo básico do Tesla chega a 400 quilômetros, sua velocidade máxima é 225 km/h e pesa 1.600 quilos, sendo maior e mais confortável.
O veículo é produzido por uma estatal chinesa, a Wuling, em parceria com a General Motors; essa parceria indica que a empresa americana busca ganhar experiência, para em seguida tentar vender o carro nos mercados europeu e americano, como tem sido comentado.
Já a Tesla, segue expandindo sua capacidade de produção e, ao que consta, preparando o lançamento de um veículo compacto – tudo isso enquanto se preocupa com a concorrência e as acusações envolvendo espionagem.
Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.