Ela continuará a vencer as crises que enfrenta. Primeiro foi a covid-19, que abalou o mundo desde o início de 2020 e que provocou uma série de problemas para as pessoas em geral, a economia e para os fabricantes de produtos, inclusive os de veículos.
No ano passado começaram os problemas em consequência da covid, com a queda de produção e outros desdobramentos, como o fornecimento irregular de componentes, pela falta de insumos para a fabricação de peças e sistemas para os veículos.
As empresas passaram a viver em regime de sobressaltos e um dos mais graves, com a crise global de semicondutores, produtos essenciais para a produção de chips e outros componentes eletrônicos, fundamentais para o funcionamento dos veículos.
Coreia, China e outros países orientais, sem longa tradição na indústria automobilística mundial, concentram a produção desses hoje imprescindíveis componentes não somente para os automóveis, mas para quase todos os setores da economia e dos produtos mais avançados, como celulares, computadores e processadores entre outros.
Rubens Cella, experiente engenheiro da indústria automobilística, construtor de fábricas e produtor de veículos, destaca que a crise atual de chips é a uma das mais graves da história e precisa ser resolvida com a maior brevidade.
Ao longo de sua carreira enfrentou várias vezes o drama de falta de componentes e menciona apenas duas para que avaliemos a seriedade do problema.
Um deles foi a falta de aço que paralisou a produção de eixos dianteiros para os caminhões Ford e que o levou a fabricante a usar guindastes para transferir os veículos da linha de montagem para um espaço no pátio, onde os veículos inacabados ficaram apoiados sobre cavaletes à espera das peças.
A outra, determinou a perda de um contrato de fornecimento mensal de 800 caminhões Ford Cargo para os Estados Unidos, também por falta de aço para a produção de chassis.
A modernização dos projetos de veículos tornou a indústria automotiva dependente dos chips que estabelecem a comunicação dos sistemas dos veículos e essa foi a explicação que recebi ao perguntar se as fabricas não poderiam produzir carros e caminhões sem os recursos eletrônicos.
Cella explicou que não se pode retroceder porque todos os sistemas são interligados e comandados pelos semicondutores. E os carros modernos contam com dezenas de módulos eletrônicos, que demandam diversos semicondutores para funcionamento normal.
Com essa explicação enfática de Rubens Cella, lembrei de dois episódios que enfrentei na condução de meu carro, um Ford com avançados equipamentos e sistemas e que me fizeram valorizar o nível de modernidade que os semicondutores promovem em defesa de seus proprietários, motoristas, motociclistas e pedestres.
A primeira ocorreu quando me dirigia a um evento e esqueci os óculos em casa e, por estar atrasado, decidi não voltar para apanhá-los.
Ao chegar a um cruzamento fui surpreendido por uma forte freada do automóvel antes da faixa de pedestres. O semáforo estava fechado, mas não percebi que havia um motociclista na minha frente, aguardando a abertura. Para minha sorte, o sistema eletrônico funcionou e me livrou de um sério acidente.
Algum tempo depois, estacionei meu carro em uma rua para atender uma chamada no celular, seguindo os procedimentos de segurança e ao longo do diálogo fui surpreendido por três rapazes que tentaram me assaltar. Mas, para minha sorte, não conseguiram abrir as portas porque o sistema eletrônico impediu, o que me permitiu fugir dos meliantes.
Naturalmente, devo agradecer aos engenheiros asiáticos por dominar essa tecnologia e aplicá-la para promover a segurança nos automóveis.
Rubens Cella concordou comigo e salientou que a indústria automobilística jamais deixou de resolver os problemas que enfrentou.
Na opinião do engenheiro, esse é mais um desafio para a indústria e, por se tratar de escassez mundial de fornecimento de componentes eletrônicos que gerenciam as funções dos veículos recomenda calma e confiança no talento dos engenheiros automotivos que mais breve do que se espera terão a solução que todos desejam.
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