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Uma nova Fórmula 1 para corridas mais disputadas e emocionantes

Em busca de espetáculos que empolguem os torcedores e transmitam o sentimento de forte emoção nas disputas entre os pilotos, a FIA — Federação Internacional de Automobilismo — decidiu mudar algumas regras das corridas para acabar com o monótono desfile de carros que substituiu as competições verdadeiras que o mundo conheceu, com resultados praticamente definidos pela ordem de largada das provas de classificação realizadas na véspera.

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Os pilotos e torcedores que foram às pistas nos anos de 1970 e 1980 ou assistiram às corridas pela televisão sentiram a falta das vibrantes e emocionantes disputas que, sem elas, empobreceram as corridas da Fórmula 1.

Afinal, nem os torcedores e nem os pilotos gostam de ver ou participar de corridas com carros que são tão difíceis de ultrapassar.

Que saudade das disputas de Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna e Nelson Piquet com Jackie Stewart, Alain Prost, Nigel Mansell e até Carlos Reutemann.

Espetáculos inesquecíveis em quase todas as corridas, o que a geração atual não tem o mesmo privilégio.

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Uma das de maiores emoções foi promovida por Nelson Piquet e Ayrton Senna, com um show de ultrapassagens entre os dois que foram referenciados pela imprensa internacional.

E Chico Rosa, que acompanhou vários pilotos na Europa, acrescentou que Jackie Stewart considerou a mais excitante de todos os tempos.

Os construtores de automóveis descobriram as vantagens e benefícios que a evolução tecnológica proporciona, explorando os efeitos aerodinâmicos para dificultar o famoso vácuo e as ultrapassagens, recurso que tornou as corridas previsíveis e, naturalmente, sem a emoção que nunca pôde faltar.

Isso porque o ar atrás de um carro de corrida é turbulento, o que faz com que o detrás quando chega perto do da frente perca pressão aerodinâmica e aderência, diminuindo a capacidade de pilotar rápido quando se está muito próximo.

Assim, a aerodinâmica vinha sendo um inimigo de ultrapassagens e disputas na pista há alguns anos.

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A FIA sentiu que a Fórmula 1 perdera seu principal atrativo e, com a posse de Ross Brown, como diretor técnico da categoria, teve início um meticuloso estudo para as mudanças necessárias.

A principal foi o assoalho, com a volta do conceito de efeito solo, idealizado pelo engenheiro aeronáutico Colin Chapman no Lotus-Ford em 1978, que mantém o carro colado ao chão na medida em que aumenta a velocidade.

Também mudaram os pneus que ficaram maiores, passando de 13 para 18 polegadas de diâmetro, com camada de borracha mais fina e defletores dianteiros que reduzem os vórtices, redemoínhos de ar aquecido, que prejudicam os carros que perseguem um adversário e tentam ultrapassá-lo.

Os especialistas em Fórmula 1 e na construção de carro explicam que esses vórtices comprometiam o desempenho dos que tentavam realizar uma ultrapassagem, que perdiam 35% de pressão aerodinâmica a uma distância de 20 metros e quando a diferença baixava para 10 metros a queda de rendimento aumentava para 46%.

Com as inovações, as perdas foram reduzidas para 4%, na distância de 20 metros e de 18% em 10 metros, contribuindo para as disputam que valorizam o espetáculo.

Outra mudança foi o aumento de peso dos carros que passaram de 752 para 790 quilos, uma diferença de 5% ou 38 quilos.

Lembro da vantagem que Colin Chapman conseguiu impor para os seus carros e que levaram à conquista dos campeonatos mundiais de pilotos e de construtores em 1978, com o norte-americano Mário Andretti, o último título mundial conquistado pela Lotus.

Os carros eram o Lotus 78 e Lotus 79, modelos projetados por Colin Chapman. Utilizados nas temporadas de 1977 e 1978 e que efetivamente introduziram o chamado carro-asa, que se utilizava do efeito solo, trazendo grande estabilidade em comparação com os carros de outras equipes.

Em 1977, guiado por Mário Andretti e Gunnar Nilson, o Lotus 78 conquistou 5 vitórias e Mário terminou em terceiro, mas foi o que mais vitórias conquistou em 4 GPs.

Em 1978, foram 8 vitórias, seis com Mário Andretti e duas com Ronnie Peterson e a conquista o título de campeão mundial.

Nesse ano, Andretti utilizou o Lotus 78 até a quinta etapa e depois passou a pilotar o Lotus 79, uma evolução aprimorada do modelo anterior.

Foi o começo da corrida da aerodinâmica que passou a ser decisiva no sucesso dos carros de competição, não somente na Fórmula 1, e a revelar diferentes e novos “gênios” projetistas, como Patrick Head (projetista da Williams), Gordon Murray (projetista da Brabham), Gerard Ducarouge (projetista da Ligier) e Adrian Newey (Willians, McLaren e Red Bull), entre outros.

Para fazer frente ao domínio Lotus 79 e o seu efeito solo, o projetista Gordon Murray desenvolveu um modelo de Brabham, o BT 46, que teve uma versão, a BT 46B, conhecida como “fan car”, que estreou no Grande Prêmio da Suécia de 1978.

O BT 46B gerava uma imensa quantidade de downforce por meio de um ventilador, alegado para aumentar o resfriamento, mas que também extraia o ar debaixo do carro.

O carro só correu uma vez nesta configuração quando Niki Lauda venceu o Grande Prêmio da Suécia em 1978, em Anderstorp.

Outra mudança imperceptível para os fás das corridas é o novo combustível. Com foco na sustentabilidade, a partir desse ano, os novos carros da Fórmula 1 utilizarão o combustível E10, com 10% de biocomponentes, no caso o Etanol, quase o dobro do que era até 2021 (5,75%).

É a Fórmula 1 trabalhando duro para introduzir combustível totalmente sustentável em um futuro próximo.

O que espero, assim como todos os apaixonados pelas corridas de carro, é que este novo regulamento resgate, não apenas o efeito solo, mas sim as emoções e disputas acirradas entre a maioria dos pilotos, com provas pouco previsíveis e vitórias não apenas de Hamilton e Verstapen, e da Mercedes e Red Bull, mas também de Charles Leclerc e Carlos Sainz, da Ferrari, Lando Norris e Daniel Riccardo, da McLaren, e porque não de Fernando Alonso, com a Alpine.

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