*Por Lisandro Peliciolli, Area Sales Manager na SSAB para os países do Atlântico
A pegada de carbono em uma das atividades econômicas mais importantes do planeta é uma realidade e o desafio global de deter e reverter as taxas atuais da crise climática é urgente: atualmente, estima-se que aproximadamente 7% de todo dióxido de carbono lançado na atmosfera em todo o mundo é produzido pela indústria siderúrgica, devido à dependência dos combustíveis fósseis como matéria-prima, especialmente o carvão mineral.
A demanda global por aço, impulsionada por uma maior urbanização, crescente população mundial e padrões de vida cada vez mais altos, pressiona a indústria a inovar e fornecer um material sustentável.
Mas, por mais que a taxa de reciclagem de aço chega a impressionantes 90% ou mais, a sucata de aço disponível atende apenas 25% dessa procura mundial.
Essa pressão da sociedade, dos governos e dos consumidores em todo o mundo, acelerada pela COP26, pretende mudar a cara da economia global, já que líderes das nações desenvolvidas se comprometam com a neutralidade de emissões até 2030 e as em desenvolvimento, até 2040.
A siderurgia tem potencial para desempenhar um papel significativo no corte e na compensação das emissões de gases causadores do efeito estufa e aumento da temperatura da Terra. Algumas companhias vêm agindo e investindo em tecnologias e iniciativas que indicam escalabilidade no mercado e inovando ao fornecer aço sustentável para atender à demanda atual e futura.
É o caso da SSAB, multinacional sueca líder mundial na fabricação de aços de alta resistência, que está liderando a transição verde na indústria por meio da iniciativa HYBRIT, que substitui o carvão e coque, tradicionalmente necessário para a produção de aço à base de minério de ferro, por uso do gás hidrogênio.
A eletricidade produzida sem combustíveis fósseis será utilizada para a produção de hidrogênio a partir da eletrólise da água. O subproduto desse processo é a água, não o CO2, eliminando as emissões de dióxido de carbono.
Em algum momento após 2025, daqui a apenas três anos, já será possível adquirir algum equipamento com componentes de aço fabricados por um processo de produção livre de combustíveis fósseis, levando as companhias que utilizam a matéria-prima a uma liderança ambiental e com um alto status de marketing verde.
Aços produzidos sem combustíveis fósseis significa que um produto ou serviço foi criado sem utilizar combustíveis fósseis ou matérias-primas fósseis, sem gerar emissões de CO2 e com o uso de fontes de energia que não empregam combustíveis fósseis.
Esse aço “verde” agrega valor econômico e ambiental ao negócio e é um investimento empresarial para reforçar o compromisso de melhorar o ambiente de amanhã, para todos, além de tornar a indústria sustentável e livre de poluentes.
Suas propriedades e qualidades serão equivalentes ao tradicionalmente já produzido, mas sem o impacto ambiental negativo, atendendo aos padrões atuais com o mesmo desempenho em todas as aplicações industriais.
Em todo o mundo, a legislação e os regulamentos estão forçando cada vez mais as indústrias a desenvolver infraestrutura e processos que atendam a condições ambientais específicas. Essa demanda por cadeias de valor sustentáveis só aumentará e também se estende a usuários e consumidores cada vez mais conscientes, que exigem que as empresas invistam em tecnologias e soluções que tornem produtos e serviços o mais ecológicos possível.
Escolher aço livre de combustível fóssil é uma decisão ambiental que terá um impacto duradouro no sucesso dos negócios de amanhã, contribuindo para uma transformação em toda a indústria, além de demonstrar que sua empresa está comprometida em eliminar a pegada de carbono, vital para que o aquecimento global seja, de fato, interrompido.
Sabemos que ainda há um longo caminho a percorrer. Se o objetivo é conduzir a indústria siderúrgica a um futuro descarbonizado, o aço livre de combustíveis fósseis será um componente chave para ajudar a cumprir as metas de emissões zero em todas as suas aplicações.
A descarbonização do processo de fabricação de aço não é negociável se o setor quiser fazer a transição com sucesso de um dos maiores emissores de CO2 para um ator sustentável e livre de combustíveis fósseis na cadeia de valor global. Os caminhos para um planeta movido por energias limpas e despoluído já estão traçados e a siderurgia está no caminho certo para um futuro sustentável.
*Profissional formado em Engenharia de Materiais, com MBA em Gestão Empresarial e mais de 15 anos de experiência em vendas técnicas, negociações B2B, atuando no mercado siderúrgico de aços planos e possuindo sólida vivência na gestão de grandes contas dos mais diversos segmentos e países da América do Sul. Atualmente é responsável pela liderança, gestão comercial e logística da empresa SSAB com atuação no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.