O Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, Proconve, é uma iniciativa do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As duas instituições vêm desenvolvendo legislações para garantir a redução de emissões de poluentes por todos os veículos, sejam eles pesados ou leves.
Além de leis, o Proconve cria programas de inspeção e manutenção para veículos, colabora com melhorias técnicas nos combustíveis líquidos e pesquisa e incentiva tecnologias que melhorem a redução da poluição.
E a introdução do Proconve P8 traz inúmeros benefícios para o controle de emissões de gases prejudiciais à atmosfera por veículos pesados e a redução dos impactos associados na qualidade do ar e na saúde pública.
Prevê-se que em 30 anos da implementação do Proconve P8, as emissões acumuladas de veículos pesados podem ser reduzidas em 130 mil toneladas de partículas inaláveis soltadas pelos escapes, 110 mil toneladas de carbono negro, 12 milhões de toneladas de óxido de nitrogênio, 2,7 milhões de toneladas de monóxido de carbono e 24 mil toneladas de hidrocarbonetos.
Desde que o Proconve foi criado, em 1986, as emissões de poluentes foram reduzidas em 98%. Antes do programa, a emissão média de monóxido de carbono de um veículo leve era de 54 g/km. Hoje, a média de emissão é de 0,4 g/km.
O Proconve conta com várias fases, para que os poderes públicos e privados tenham tempo para incorporar as ações e tecnologias necessárias. Em 2022, o programa chegou à fase P8 focado em veículos pesados.
O Proconve é um programa baseado nas normas Euro, utilizada nos países europeus. A fase Proconve P8 é bem próxima da equivalente da Euro 6, que exige que veículos com motores diesel combinem dois sistemas de redução de poluentes:
- Redução Catalítica Seletiva (SCR);
- Recirculação de Gases da Exaustão (EGR).
Cada fase do Proconve exige ainda mais níveis menores de emissão de gases do escapamento dos veículos. A fase atual prevê a redução dos limites nas emissões de gases de escapamento – da ordem de 80% para os óxidos de nitrogênio e de 50% de material particulado – em relação à fase anterior.
Redução Catalítica Seletiva (SCR) – SCR é a sigla em inglês para Selective Catalytic Reduction, ou Redução Catalítica Seletiva foi desenvolvido para atender à Euro e é considerado um dos sistemas mais avançados na conversão de gases nocivos em vapores inofensivos à saúde.
Sua função é promover a redução dos óxidos de nitrogênio em nitrogênio e água. Para essa reação de redução ocorrer, é injetado anteriormente no sistema do veículo uma solução formada por ureia, o que reduz em até 95% das emissões dos óxidos de nitrogênio.
Recirculação de Gases da Exaustão (EGR) – A tecnologia permite que apenas parte das fumaças pretas emitidas por ônibus e caminhões sejam lançadas no ar. Esse processo, aliado a um catalisador de oxidação de diesel e filtro para material particulado, permite que o veículo atinja os níveis de emissões de óxidos exigidos.
Diesel com teor reduzido de enxofre – Um novo tipo de diesel também foi desenvolvido para diminuir a emissão de gases poluentes. O S-10 tem 8% de biodiesel, teor de enxofre de 10 mg/kg e já é comercializado no Brasil desde 2014.
Esse tipo de combustível possui a capacidade de agir como solvente de impurezas, com o objetivo de reduzir os danos ao meio ambiente. Comparado ao diesel comum, o S-10 tem um nível de 42% de cetano, o que aumenta também o desempenho do motor.
Com essas novas diretrizes, a proposta é deixar a regulamentação dos veículos pesados do Brasil mais próxima à da União Europeia, além de trazer diversos benefícios para o controle de emissões prejudiciais por veículos pesados e reduzir os impactos na qualidade do ar e na saúde.
Apesar dos benefícios para o meio ambiente, estima-se que os novos caminhões que chegam no início de 2023 passem por um reajuste de preço que pode chegar próximo de 25% na média, um custo alto para o momento econômico do Brasil, mas necessário para uma realidade mais limpa.