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Aumento de etanol na gasolina vai pesar no seu bolso e prejudicar seu carro

Proposta que eleva o percentual de etanol na gasolina para 35% promete impacto no consumo e problemas para motoristas de veículos antigos e importados.

O governo brasileiro estuda aumentar o percentual de etanol misturado à gasolina dos atuais 27% para 35%, como parte das medidas de incentivo ao uso de combustíveis renováveis. A mudança, que segue a tendência global de descarbonização, levanta preocupações sobre o impacto no desempenho de veículos e no bolso dos consumidores.

O aumento da mistura de etanol na gasolina, como parte da estratégia de transição para uma matriz energética mais limpa e renovável, tem causado inquietação entre os motoristas. O combustível renovável, produzido a partir da cana-de-açúcar, é considerado uma alternativa sustentável ao uso de derivados de petróleo. No entanto, a proposta de elevar o teor para 35% está gerando controvérsias.

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Para carros flex, que foram projetados para lidar com diferentes proporções de gasolina e etanol, o funcionamento do motor não será afetado. Esses veículos, equipados com sensores inteligentes, ajustam automaticamente a queima do combustível conforme a proporção de etanol e gasolina no tanque, garantindo a continuidade do desempenho. No entanto, o problema para o motorista aparece no consumo. O etanol tem um poder energético cerca de 33% menor que a gasolina, o que significa que o carro precisará de mais combustível para percorrer a mesma distância, resultando em aumento de consumo e, consequentemente, maior gasto no posto.

Outro ponto de alerta para os consumidores é que, historicamente, quando o governo aumentou o percentual de etanol na gasolina, não houve redução no preço do litro para compensar o aumento do consumo. Ou seja, o motorista pode acabar pagando mais para rodar a mesma quilometragem.

O impacto pode ser ainda maior para os donos de veículos exclusivamente a gasolina. Muitos desses carros, especialmente os mais antigos e importados, não foram projetados para operar com misturas tão altas de etanol. Enquanto alguns podem se ajustar sem grandes problemas, outros correm o risco de ter perda de desempenho, falhas no motor e maior desgaste de componentes. Em testes anteriores, o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cepes) havia analisado misturas de até 30%, sem grandes impactos em motores importados. No entanto, não há garantias de que o mesmo ocorrerá com a elevação para 35%.

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Se o governo seguir o mesmo caminho adotado anteriormente, mantendo a gasolina premium com teor de etanol em 25%, a situação dos proprietários de carros importados pode ser minimizada. Porém, o preço mais elevado desse tipo de combustível torna essa solução inviável para muitos motoristas, principalmente os que possuem veículos mais antigos, que dependem da gasolina comum.

Especialistas alertam que a decisão sobre o aumento do teor de etanol não é técnica, mas política, alinhada à agenda de descarbonização global. Embora o agronegócio e os setores de biocombustíveis se beneficiem com a medida, os consumidores de veículos movidos a gasolina podem ser prejudicados, especialmente aqueles que não possuem veículos flex.

A proposta de aumento para 35% ainda precisa passar pela Comissão Nacional de Política Energética (CNPE), que avaliará a viabilidade técnica antes de qualquer decisão final. Enquanto isso, o motorista brasileiro continua a arcar com um combustível fora dos padrões internacionais e a falta de uma política de preços que compense as mudanças propostas.

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A dúvida que paira é se o governo irá realmente implementar uma solução que beneficie a todos, ou se os motoristas serão novamente penalizados. Uma coisa é certa: a questão vai muito além da sustentabilidade, e envolve o equilíbrio entre incentivo ao uso de combustíveis verdes e o impacto econômico no cotidiano dos consumidores.

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