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Fenabrave prevê crescimento de vendas morno em 2025: apenas 5%

O setor de veículos no Brasil está se preparando para um ano mais desafiador, com o aumento das taxas de juros e o impacto das incertezas econômicas, apesar de um bom desempenho em 2024.

Coluna Fernando Calmon nº 1.333 — 7/1/2025 – Depois de um bom 2024 — comercializadas 2.634.524 unidades entre automóveis, picapes e veículos comercias leves e pesados — a Fenabrave, que reúne mais de 8.000 concessionárias no País incluindo motos e máquinas agrícolas e rodoviárias, prevê que que este ano o aumento se limitará a 5%. Um severo contraste com o ano passado quando a expansão das vendas atingiu 14,1%. A entidade foi a que mais se aproximou nas previsões no início de 2024.

Arcélio Júnior, novo presidente da federação, acredita que as condições de financiamento no ano passado (cerca de 60% das vendas totais, incluídos consórcios) não se repetirão em 2025 porque as taxas de juros subirão para conter a inflação. “Não descartamos revisar os números de vendas acima daquele patamar ao longo do ano. O Marco de Garantias, que permite retomada agilizada de veículos de compradores inadimplentes, pode conter a escala de juros no crédito ao consumidor”, resumiu. É esperada taxa básica de juros (Selic) de até 15% em 2025, porém talvez arrefeça no segundo semestre.

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Em 2024, o País registrou aumento do PIB e diminuição da taxa de desemprego acima das previsões, mas a inflação subiu além da margem de tolerância. Uma armadilha que o Brasil já experimentou outras vezes e não aprendeu a lição…

Por estas estimativas, em 2025 o mercado deve recuperar o volume vendido em 2019, ano anterior ao primeiro afetado pela pandemia de covid-19. Na próxima semana a Anfavea anunciará produção, vendas e exportações em 2024 e previsões 2025.

Apenas a VW, entre as principais marcas, mostrou crescimento em participação de mercado. Já a BYD surgiu pela primeira vez na décima colocação, embora suas vendas tenham ficado 24% abaixo de sua previsão revisada feita em meados de 2024, apesar de superestocagem com importações muito acima de qualquer concorrente.

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Em dezembro, modelos elétricos somados, de todas as marcas, tiveram severa queda de 19,4% na comercialização frente a novembro.

Trio de japonesas se une a fim de enfrentar desafios crescentes

O país oriental desde os anos 1970 assumiu a posição de segundo maior produtor mundial de veículos leves e pesados, atrás apenas dos EUA. Ambos foram ultrapassados pela China, do alto de seus atuais 1,4 bilhão de habitantes, a partir de 2009. Algo, no entanto, era estranho. No Japão havia 10 marcas independentes: Toyota, Nissan, Honda, Mitsubishi, Suzuki, Daihatsu, Mazda, Subaru, Isuzu e Hino (esta só veículos comerciais). A única aquisição foi da Daihatsu pela Toyota em 1999. Bom lembrar que o primeiro carro nipônico com motor a gasolina, Takuri, surgiu em 1907, mesmo ano de nascimento da Daihatsu.

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Em outros polos produtores, EUA e Europa, muitos concorrentes se agregaram. O Grupo VW reuniu 10 marcas (mais uma de motocicletas), culminando com a Stellantis que congrega 15 de cinco nacionalidades. Nissan foi a primeira grande japonesa a baquear e salva da falência por meio da aliança com a Renault em 1999 que incluiu a fragilizada Mitsubishi em 2016. A figura da aliança nunca vingou na história da indústria automobilística, no entanto houve muitos projetos em comum ou parcerias de carros e motores até de marcas rivais, a exemplo da Autolatina no Brasil, Argentina e Europa.

O desmantelamento da aliança nipo-francesa era mais do que esperada. Ambas as já tinham iniciado um processo lento de separação. A Renault ainda mantém 35% de ações da Nissan. No entanto, como estas praticamente viraram pó nos últimos tempos, não fará muita diferença, embora reivindique algum tipo de acerto.

Essa inédita fusão de Honda, Nissan e Mitsubishi, com produção conjunta de quase 8 milhões de veículos e ativos de US$ 54 bilhões, levará dois anos até ser concluída. O terceiro maior grupo automobilístico do mundo fez um comunicado oficial, no final de 2024, em que curiosamente a marca Nissan aparece 12 vezes na frente da marca Honda. Entretanto, em nota de rodapé, é informado que esta nomeará todos os diretores da futura empresa, inclusive o presidente. Para o bom entendedor, a última informação basta…

Consultores internacionais consideram, entre os desafios, a sobreposição de vários modelos, que dificulta sinergias, e o excesso de capacidade de ambas na China, maior mercado mundial de veículos. Por outro lado, a Honda tem posição forte nos híbridos e o grupo deve ganhar em escala. No Brasil, onde há três fábricas das duas fabricantes, ainda não se sabe o arranjo industrial futuro.

Um SUV que deixa cair o queixo: Cayenne Turbo GT

Quando a Porsche decidiu entrar no mercado de SUV com o Cayenne, em 2002, chocou os puristas. Custava acreditar que a marca admirada ao redor do mundo pelo icônico 911 (hoje único carro esporte com motor atrás do eixo traseiro), fosse arriscar em um segmento em que o “S” de Sport representa só uma letra supérflua para um utilitário esporte. Todavia o SUV ajudou muito a recuperar financeiramente a empresa e mais adiante, depois de reviravoltas, assumir o controle do Grupo VW. As famílias Porsche e Piëch ainda detêm 52% do capital do conglomerado, mesmo com a Porsche listada em bolsa de valores desde 2022.

O Cayenne Turbo GT destaca números superlativos: V-8, 4-L turbo, 659 cv, 86,7 kgf·m, 0 a 100 km/h em impressionantes 3,3 s, máxima de 305 km/h. Em um carro com massa em ordem de marcha de 2.245 kg pode parecer surreal, mas não é. Costas colam no banco ao acelerar a fundo, comportamento em curvas totalmente previsível graças à combinação perfeita de suspensão pneumática adaptativa, eixo traseiro direcional com vetorização de torque e aerofólio traseiro ativo. Junte-se a isso a capacidade incrível dos freios a disco carbo-cerâmico. O ronco borbulhante do motor ecoa mais fortemente ao toque de um botão.

Ao teto no estilo cupê em compósito de fibra de carbono, material também presente no aerofólio e nas carcaças dos retrovisores, juntam-se o interior totalmente renovado e o volante na posição quase vertical típico de todos os Porsches com a típica tira amarela na parte superior do aro (herança das competições). Apesar dos 2.895 mm de entre-eixos, o espaço de pernas no banco traseiro é apenas regular para dois adultos com mais de 1,80 m de estatura. Porta-malas bem grande: 549 litros.

Difícil achar uma falha, porém existe: console central, onde ficam controles do ar-condicionado, reflete a luz solar em determinados horários, um incômodo particular em países tropicais.

S10 mudou na medida certa e no que interessa

Primeira picape média fabricada no Brasil, desde fevereiro de 1995, foi superada pela Toyota em 2016. Desde então esta tornou-se inabalável entre as tradicionais com porte em torno de 5,5 m de comprimento e suspensão traseira com eixo rígido. Uma Ranger inteiramente nova desde 2023 também acabou por ultrapassar a pioneira, que só recebeu atualizações a partir de maio de 2024.

O modelo Chevrolet ganhou vários aperfeiçoamentos, sem marcar nova geração, porém com mudanças substanciais pincipalmente de estilo e boa evolução no trem de força. A frente totalmente reformulada, seu grande trunfo, destaca-se por faróis delgados e grade de maiores dimensões. Nova tampa da caçamba e lanternas traseiras com assinatura noturna de LED também demonstram as diferenças. Bitolas dianteira e traseira alargadas por meio de rodas com maior off-set, molas e amortecedores recalibrados, novos bancos, coluna de direção reposicionada e novo volante agora também regulável em distância completam as mudanças.

Agora há nova caixa de câmbio automática de oito marchas; motor ganhou 7 cv (207 cv) e 1 kgf·m (52 kgf·m). Parece pouco, mas este é um ponto de destaque porque as respostas melhoraram nitidamente, além das duas marchas adicionais diminuírem o nível de ruído. S-10 é menos ruidosa que a Hilux, contudo perde para a Ranger que tem 10 marchas. Também é visivelmente mais rápida que a líder de mercado e perde por pouco frente à picape da Ford, bem mais potente, porém com massa 209 kg maior.

A nova calibragem das suspensões absorve melhor os impactos dentro e fora de estrada, apesar dos pneus todo-terreno serem um pouco ruidosos no asfalto. A direção eletroassistida facilitou as manobras e se adapta bem em velocidade mais elevadas.

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