O mercado de veículos novos no Brasil superou expectativas e fechou o mês de março de 2025 com 379.383 unidades emplacadas, registrando o melhor primeiro trimestre desde 2008, com mais de 1 milhão de veículos licenciados, mesmo com um calendário reduzido.
Mesmo com apenas 19 dias úteis, devido à ocorrência do Carnaval em março — diferente de 2024, quando o feriado foi em fevereiro — o setor automotivo mostrou sua força ao crescer 5,4% em relação a fevereiro e 5,7% em comparação com março do ano passado, segundo dados divulgados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
O destaque ficou por conta dos automóveis e comerciais leves, que ultrapassaram a marca de 500 mil unidades emplacadas no ano, superando o desempenho alcançado apenas em abril de 2024. A demanda aquecida, mesmo diante das dificuldades no crédito, revela um crescimento constante e sustentado do setor, de acordo com o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior.
O crescimento também se refletiu nos veículos híbridos e híbridos plug-in, que somaram 13.108 unidades em março, acumulando 37.650 emplacamentos no primeiro trimestre. O resultado indica a entrada de novas marcas no mercado nacional e o fortalecimento do interesse dos consumidores por tecnologias sustentáveis, ainda que os veículos elétricos puros tenham apresentado um cenário diferente, com 4.801 unidades vendidas em março, mas queda no acumulado do trimestre, frente ao mesmo período de 2024.
Já o segmento de caminhões manteve o desempenho positivo, alavancado pelas entregas resultantes da Fenatran 2024. Mesmo sob a influência das altas taxas de juros e das incertezas econômicas, o agronegócio tem impulsionado os transportadores a continuar investindo, ainda que de forma mais cautelosa. O ritmo de vendas desacelerou, mas segue dentro das projeções da entidade.
O setor de ônibus apresentou queda pontual em março, atribuída à menor quantidade de dias úteis e à oscilação nas entregas. No entanto, o trimestre se mantém positivo, sustentado por renovações de frota em sistemas urbanos, turismo e programas governamentais, como o Caminho da Escola, demonstrando resiliência mesmo diante das flutuações do mercado.
Em contrapartida, os implementos rodoviários continuam registrando quedas sucessivas, destoando do bom desempenho observado entre os caminhões — o que, segundo a Fenabrave, não é comum. O comportamento indica que transportadores têm adiado a renovação de implementos, à espera de melhoras no cenário econômico, impactados especialmente pelos juros altos e custos operacionais elevados.
Um dos maiores destaques ficou por conta das motocicletas, que consolidaram um crescimento sustentável em todas as comparações de março com fevereiro, março de 2024 e no acumulado do trimestre. Segundo Arcelio Junior, este é o melhor primeiro trimestre da história do segmento no Brasil, impulsionado pela motocicleta como meio de mobilidade urbana e ferramenta de trabalho.
As motocicletas eletrificadas, por sua vez, ainda são um nicho em desenvolvimento. Com 1.144 emplacamentos em março e 3.452 no trimestre, o segmento sofre com a pouca variedade de modelos disponíveis, mas demonstra potencial para crescimento à medida que a infraestrutura e a oferta se ampliem.
Por fim, o setor de máquinas agrícolas, que possui dados defasados em um mês por não serem emplacadas, também teve desempenho favorável. As vendas de tratores cresceram 14,2% no bimestre, enquanto as colheitadeiras se mantiveram estáveis. No entanto, o setor aguarda com expectativa a liberação dos recursos do Plano Safra, prevista para o segundo semestre de 2025.
