O novo Porsche 911 2026 apresenta uma característica surpreendente no Brasil: ele é mais potente aqui do que na própria Alemanha, seu país de fabricação. O motivo, um velho conhecido dos brasileiros, é o etanol presente na nossa gasolina, que otimiza o desempenho dos motores turbinados de alta performance da linha 911.
É uma realidade que parece improvável, mas o novo Porsche 911 2026, com a chegada da segunda fase da geração 992 (o 992.2), é de fato mais potente no Brasil do que na Alemanha, onde é fabricado. O “culpado” por esse ganho de desempenho é o etanol presente na gasolina brasileira.
Com a nova fase da geração 992, a Porsche implementou uma série de melhorias no 911. O modelo Carrera, por exemplo, agora adota o mesmo turbocompressor que antes era exclusivo do GTS. Essa mudança resultou em um aumento de 9 cavalos no motor 3.0 biturbo de seis cilindros, saltando de 385 para 394 cv. No entanto, a grande surpresa é que, com a gasolina brasileira, esse mesmo motor atinge impressionantes 401 cv.
E as vantagens não param por aí. O novo 911 GTS, que agora incorpora um sistema híbrido completo (HEV), também registrou um ganho de potência local. Globalmente, o motor 3.6 turbo do GTS entrega 485 cv, mas aqui no Brasil, apenas com o uso da nossa gasolina, ele alcança 495 cv.
O segredo por trás desse aumento de potência reside na gasolina E22, utilizada oficialmente nos testes de homologação, que contém 22% de etanol. Nos postos de combustível, é comum encontrar gasolina com até 27,5% de etanol (E27), e há planos futuros para aumentar esse percentual para 30%.
O etanol, com seu alto índice de octanagem, atua como um agente de resfriamento interno, reduzindo a temperatura da câmara de combustão. Isso permite que o motor funcione com um avanço de ignição mais agressivo e uma maior compressão, resultando em mais potência e melhor desempenho, especialmente em motores turbinados de alta performance como os da linha 911.
A chegada do Programa MoVer – Mobilidade Verde, do governo, também impacta esse cenário. Esse programa exige que os fabricantes divulguem a potência real dos motores com gasolina brasileira, e não mais apenas os dados obtidos com combustível europeu. O combustível europeu, embora mais “puro”, é menos energético em aplicações com turbo.
Por essa razão, o ganho de potência que sempre existiu, mas nunca era divulgado oficialmente, agora passa a ser assumido pelas marcas, como fez a Porsche com o novo 911. Essa transparência visa evitar futuras sanções, já que o MoVer limitará a tolerância a apenas 2% de variação nos números declarados.
Em suma, o Porsche 911 2026 não está apenas mais forte; ele se tornou mais brasileiro em desempenho, aproveitando a nossa mistura única de combustível para extrair o máximo de sua engenharia. Isso demonstra que, em um país com combustível mais “verde”, o desempenho automotivo pode ser, de fato, ainda mais esportivo.
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Etanol – Álcool combustível obtido da biomassa, usado como aditivo ou combustível puro em motores de combustão interna, conhecido por sua alta octanagem.
Octanagem – Medida da resistência de um combustível à detonação (batida de pino) em um motor, influenciando o desempenho e a eficiência.
Motor Híbrido Completo (HEV) – Veículo que combina um motor a combustão interna com um motor elétrico, podendo operar apenas com eletricidade em certas condições.