Com crescimento recorde nas vendas em 2024 e perspectivas otimistas para os próximos anos, o Brasil deve ultrapassar a marca de 1 milhão de veículos eletrificados até o fim de 2027, segundo estudo da Dados X para a Abeifa.
A pesquisa intitulada “Jornada de Compra de Veículos Eletrificados no Brasil” projeta expansão contínua no setor de veículos híbridos e elétricos (EVs) até 2030, impulsionada por novos lançamentos, maior aceitação do consumidor e investimentos em infraestrutura. No entanto, para atender a essa demanda crescente, será preciso que o país avance também em infraestrutura de recarga e políticas públicas, a fim de garantir competitividade e confiabilidade para os usuários.
Enquanto o Brasil ainda constrói as bases de um ecossistema de mobilidade elétrica, a China já vive o futuro. O Salão de Xangai 2025, realizado entre 23 de abril e 2 de maio, apresentou um ambiente urbano dominado por veículos silenciosos, tecnologias disruptivas e sistemas de recarga ultrarrápida. “Xangai é uma viagem para o futuro silencioso, com redução visível de ruído e poluição”, descreve Thiago Castilha, diretor da fabricante de carregadores E-Wolf.
Segundo Castilha, a metrópole chinesa exemplifica o que vem pela frente: veículos 100% elétricos, híbridos e até modelos anfíbios (capazes de trafegar em terra e água) convivem em um cenário de inovação plena. “A China já integra sustentabilidade, conveniência e tecnologia em escala real. O Brasil segue em estágio inicial, mas com enorme potencial”, afirma o executivo.
De fato, o mercado brasileiro de EVs cresce em ritmo consistente, mas enfrenta desafios estruturais. Enquanto a China opera com apoio estatal, isenções fiscais e redes públicas e privadas de recarga, o Brasil ainda depende de iniciativas pontuais e investimentos privados. Mesmo assim, empresas como a E-Wolf, que atua em parceria com a BYD, já desenvolvem soluções locais em infraestrutura de recarga.
Uma das novidades mais impactantes vistas no Salão de Xangai foi a apresentação de um carregador capaz de oferecer 400 km de autonomia em apenas 5 minutos. Para Castilha, essa tecnologia redefine a experiência de uso e reduz o medo da autonomia, um dos principais entraves à adoção em massa de veículos elétricos. “O futuro será rápido, sustentável e eclético, com múltiplas opções para o consumidor”, resume.
Além da velocidade na recarga, o caminho da mobilidade elétrica exige uma abordagem integrada com foco na economia circular. A reciclagem de baterias e componentes eletrônicos será essencial para reduzir custos, garantir o abastecimento de matérias-primas e minimizar os impactos ambientais. A logística reversa e os hubs de reaproveitamento tornam-se pontos-chave para a sustentabilidade do setor.
“À medida que tanto o Brasil quanto a China ampliam seus investimentos no setor elétrico, a mobilidade sustentável deixa de ser tendência para se tornar realidade. Os países que melhor aliarem inovação, política pública e infraestrutura ganharão destaque nesse novo panorama global”, conclui Castilha.
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EV (veículo elétrico) – Automóvel propulsionado exclusivamente por motor elétrico, com energia fornecida por bateria recarregável, sem emissões locais.
Carregador ultrarrápido – Equipamento de alta potência capaz de abastecer a bateria de um carro elétrico em poucos minutos, reduzindo o tempo de espera do usuário.
Economia circular – Modelo produtivo que prioriza a reutilização, reciclagem e reaproveitamento de materiais para minimizar impactos ambientais e ampliar a vida útil de componentes.
Logística reversa de baterias – Processo de recolhimento, triagem e reaproveitamento de baterias automotivas ao fim da vida útil, com foco na sustentabilidade e redução de resíduos.