O mercado automotivo brasileiro segue em trajetória de recuperação em 2025, com crescimento acumulado de 7,91% entre janeiro e maio, totalizando 1.930.130 unidades emplacadas, segundo dados divulgados pela Fenabrave nesta terça-feira (3). O desempenho positivo, impulsionado principalmente por automóveis, comerciais leves e motocicletas, contrasta com a queda registrada em segmentos como caminhões, implementos rodoviários e veículos elétricos puros.
Em maio, foram registrados aumentos de 6,76% em relação a abril e de 16,48% na comparação com o mesmo mês de 2024. Destaque para motocicletas, com alta de 17,55%, e automóveis e comerciais leves, que cresceram 17,05% frente a maio do ano anterior. “Apesar do cenário macroeconômico desafiador, tivemos um bom resultado em maio”, avalia Arcelio Junior, presidente da Fenabrave.
No entanto, o otimismo é cauteloso. A elevação da taxa Selic para 14,75% ao ano, a mais alta em quase duas décadas, e o aumento do IOF sobre financiamentos automotivos preocupam o setor. Segundo Arcelio, essas medidas devem impactar negativamente os volumes nos próximos meses, encarecendo o crédito e inibindo principalmente as vendas no varejo.
No acumulado, o setor de automóveis híbridos apresentou forte crescimento: foram 68.074 unidades emplacadas até maio de 2025, contra 38.882 no mesmo período do ano anterior — um avanço de 75,05%. Já os elétricos puros registraram queda de 5,14%, com 24.657 unidades emplacadas, abaixo das 25.993 de 2024. A Fenabrave aponta a infraestrutura de recarga como um dos entraves para a consolidação dos elétricos no país.
O setor de caminhões segue pressionado pelo custo do crédito e pela incerteza no agronegócio e construção civil, acumulando sua segunda retração consecutiva. O mesmo vale para implementos rodoviários, que já registram cinco meses seguidos de queda.
As motocicletas mantêm ritmo acelerado, com destaque para os modelos entre 100cc e 250cc, impulsionadas pela demanda por transporte econômico e serviços de entrega. Ainda assim, o aumento dos juros restringe o acesso ao crédito, tornando o consórcio uma alternativa mais viável, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
No segmento de motos elétricas, ainda que os volumes absolutos sejam pequenos, o crescimento é expressivo: foram 4.803 unidades emplacadas até maio de 2025, alta de 73,1% em relação às 2.775 registradas no mesmo período de 2024. Essas motos têm ganhado espaço nos centros urbanos, especialmente para entregas e deslocamentos curtos.
No campo, o mercado de tratores cresceu 13,8% no ano, com foco em modelos de até 100 cv, enquanto as colheitadeiras acumulam queda de cerca de 13% até abril, reflexo das dificuldades enfrentadas por algumas culturas agrícolas, como soja e milho.
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Emplacamento – Registro oficial de veículos novos junto ao Detran, necessário para sua circulação legal e identificação.
Selic – Taxa básica de juros da economia brasileira, usada como referência para empréstimos e financiamentos.
IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) – Tributo federal aplicado sobre crédito, câmbio, seguros e operações financeiras, que influencia diretamente o custo de financiamentos automotivos.
Veículos eletrificados – Categoria que abrange automóveis com motorização elétrica, seja totalmente elétrica (BEV) ou híbrida (HEV/PHEV), incluindo também motocicletas.