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Michelin encerra produção em Guarulhos, SP, reafirmando compromisso com o Brasil

Impacto da concorrência asiática leva Michelin a reorganizar atividades no país, focando em apoio a colaboradores e otimização da cadeia produtiva

A Michelin, gigante francesa dos pneus, anunciou a difícil decisão de encerrar gradualmente as operações de sua fábrica em Guarulhos, São Paulo, até o final de 2025, impactando cerca de 350 colaboradores. A medida é uma resposta à supercapacidade produtiva gerada pela entrada massiva de produtos importados, que chegam ao Brasil com preços abaixo do custo de produção local, mas a empresa reitera seu comprometimento de longo prazo com o mercado brasileiro, mantendo suas outras oito unidades industriais e mais de 8.000 funcionários no país.

A decisão da Michelin de descontinuar as atividades em sua unidade de Guarulhos, SP, foi tomada como uma última alternativa após uma análise aprofundada do cenário de mercado. A fábrica é especializada na produção de câmaras de ar para pneus de motos e bicicletas, além de pneus industriais e produtos semiacabados. O principal fator que levou a essa reestruturação é a significativa supercapacidade produtiva, exacerbada pela intensa importação de produtos asiáticos que, muitas vezes, chegam ao Brasil a custos inferiores aos de fabricação doméstica, gerando um desequilíbrio insustentável, especialmente no segmento de câmaras de ar para motos e bicicletas.

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Em meio a essa reestruturação, a prioridade da Michelin é o apoio individualizado a cada um dos 350 colaboradores afetados. A empresa propôs um pacote social robusto, que vai além das exigências legais, incluindo suporte financeiro e um serviço de orientação profissional. Esta proposta foi apresentada ao sindicato da categoria e está atualmente em fase de negociação, evidenciando o compromisso da Michelin com seus valores de respeito às pessoas durante este período de transição.

A decisão de encerrar as operações em Guarulhos não é um reflexo do desempenho da equipe local, que demonstrou incontestável engajamento em todas as suas funções. Hervé Le Gavrian, CEO da Michelin América do Sul, enfatizou que diversos cenários foram exaustivamente estudados para reverter a situação, mas as tendências de mercado não apontam para uma perspectiva de mudança que tornasse a continuidade das operações em Guarulhos factível ou sustentável. Assim, o encerramento foi considerado o último recurso.

Apesar do fechamento da unidade de Guarulhos, a Michelin reforça seu comprometimento com o Brasil, onde mantém um ciclo completo de produção, desde a pesquisa em heveicultura (cultivo de seringueiras para borracha) até a reciclagem de pneus. A empresa continuará operando fortemente com suas outras oito unidades industriais, distribuídas pelos estados do Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e outras plantas em São Paulo, e com sua força de trabalho de mais de 8.000 colaboradores em todo o território nacional.

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A presença contínua da Michelin no Brasil, com investimentos em pesquisa e em diversas etapas da cadeia de valor do pneu, sublinha a visão de longo prazo da empresa para o país, mesmo diante de desafios pontuais. O foco agora se volta para a otimização de suas operações existentes e para a manutenção de seus compromissos com todos os clientes durante esta fase de transição.

A empresa destaca que o mercado de reposição automotiva, especialmente o de veículos pesados, é vital para a economia brasileira, e a gestão eficiente dos pneus é crucial para a sustentabilidade e segurança das frotas. A inteligência artificial, por exemplo, já desponta como uma ferramenta inovadora para auxiliar nessa gestão.

A medida da Michelin reflete a dinâmica de um mercado globalizado, onde a competitividade de custos imposta por produtos importados pode levar a reajustes nas estratégias de empresas consolidadas. A capacidade de adaptação e inovação torna-se fundamental para a sobrevivência e o crescimento no setor automotivo e de componentes.

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Supercapacidade produtiva: Significa que uma fábrica ou setor tem a capacidade de produzir mais do que o mercado consegue absorver, ou mais do que é economicamente viável produzir naquele local devido a fatores externos, como a concorrência de produtos importados mais baratos.

Heveicultura: É o cultivo de seringueiras para a produção de borracha natural. Esse termo técnico refere-se à agricultura focada na extração do látex, matéria-prima essencial para a fabricação de pneus.

Ciclo completo de produção: Indica que a empresa controla e realiza todas as etapas do processo produtivo de um bem, desde a obtenção da matéria-prima (como o cultivo de seringueiras) até a fabricação do produto final e, em alguns casos, sua reciclagem, garantindo maior controle de qualidade e sustentabilidade.

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