No Dia Internacional do Biodiesel, celebrado em 10 de agosto, o Brasil comemora 20 anos do PNPB, que já evitou 240 milhões de toneladas de CO₂ e economizou US$ 38 bilhões. A mistura obrigatória de biodiesel ao diesel fóssil hoje é de 15%, com meta de chegar a 20% até 2030.
O Dia Internacional do Biodiesel, celebrado em 10 de agosto, marca a primeira vez em que um motor à combustão operou com óleo de amendoim, em 1893, pelas mãos do engenheiro mecânico Rudolf Diesel – inventor do primeiro protótipo de motor a diesel. No Brasil, o combustível renovável produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais ganhou impulso a partir de 2004, com a criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), que determinou a adição obrigatória de um percentual de biodiesel ao diesel fóssil.
Em duas décadas, os resultados são expressivos. Ambientalmente, o PNPB evitou a emissão de 240 milhões de toneladas de CO₂, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Economicamente, a produção de 77 bilhões de litros de biodiesel gerou economia de cerca de US$ 38 bilhões em importações de diesel, segundo o Ministério de Minas e Energia.
Matriz produtiva e fontes renováveis – Atualmente, a soja responde por aproximadamente 74% do óleo vegetal usado na produção de biodiesel no país. De acordo com a Embrapa, cerca de 350 espécies vegetais têm potencial para gerar o combustível. Entre as fontes de origem animal, o sebo bovino é a segunda mais relevante, representando cerca de 15% da produção, segundo estudo da Fundação Eco+.
A diversificação das matérias-primas e o avanço tecnológico têm fortalecido o setor, impulsionado também por iniciativas de frotas movidas a biodiesel puro (B100). A BASF, por exemplo, utiliza caminhões B100 no transporte de metilato de sódio, um catalisador essencial na produção do próprio biodiesel, criando um ciclo sustentável. Outras empresas também têm aderido ao uso do B100, estimulando a oferta de caminhões projetados para operar exclusivamente com o biocombustível ou em sistemas flex.
Lei do Combustível do Futuro e metas de descarbonização – Um marco recente foi a sanção da Lei do Combustível do Futuro, em outubro de 2024, que estabelece novas diretrizes para a descarbonização. Entre as mudanças, está o aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil, que passou de 14% para 15% (B15), com previsão de chegar a 20% até março de 2030. Essa medida fortalece o papel estratégico dos biocombustíveis na redução da dependência de combustíveis fósseis e na proteção contra a volatilidade do mercado global.
Impacto social e inclusão produtiva – O PNPB também é responsável por importantes ganhos socioeconômicos. Pelo Programa Selo Biocombustível Social, as indústrias de biodiesel devem adquirir até 20% das matérias-primas de pequenos produtores até 2026. A medida pode gerar um acréscimo de R$ 600 milhões na renda das famílias participantes e incluir 5 mil novas famílias da agricultura familiar na cadeia produtiva.
Com resultados ambientais, econômicos e sociais consistentes, o biodiesel se consolida como um pilar da transição energética brasileira, posicionando o país como referência global no uso de fontes renováveis e na construção de um futuro mais sustentável e inclusivo.
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Biodiesel – Combustível renovável obtido de óleos vegetais ou gorduras animais, usado em motores a diesel, com menor emissão de poluentes.
B100 – Biodiesel puro, sem mistura com diesel fóssil, utilizado em veículos adaptados ou produzidos para este fim.
Mistura B15/B20 – Classificação que indica a proporção de biodiesel no diesel comercial; B15 contém 15% de biodiesel e B20, 20%.
Metilato de sódio – Catalisador químico usado no processo de transesterificação, etapa fundamental para a produção do biodiesel.