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GWM Brasil inaugura fábrica em São Paulo e anuncia centro de P&D

Primeira unidade produtiva da marca na América Latina começa a operar com a fabricação de modelos híbridos e a diesel, consolidando um investimento bilionário e a criação de um centro de pesquisa focado em tecnologia flex.

A GWM Brasil inaugurou sua primeira fábrica nas Américas, localizada em Iracemápolis, no interior de São Paulo. A unidade é a terceira fora da China com base de produção completa, e marca um investimento de R$ 10 bilhões em 10 anos, que inclui a produção local de modelos como o Haval H6, a picape Poer P30 e o Haval H9.

O Mecânica Online®, atendendo convite da GWM, acompanhou de perto esse marco para a indústria nacional, que contou com a presença de diversas autoridades, incluindo o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o Vice-Presidente, Geraldo Alckmin.

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O primeiro veículo a sair da linha de montagem da fábrica foi um Haval H6 GT branco. O momento foi simbolizado pela colocação do adesivo “fabricado no Brasil” pelo próprio presidente Lula, reforçando a importância da operação para o desenvolvimento industrial do país. A fábrica de Iracemápolis tem uma capacidade inicial de produção de 50 mil veículos por ano e conta com uma estrutura completa que inclui áreas de soldagem, pintura robotizada, linha de montagem e uma cadeia de suprimentos integrada.

A chegada da GWM ao Brasil promete um impacto significativo no mercado de trabalho. A unidade de Iracemápolis emprega atualmente 600 trabalhadores, com a expectativa de chegar a 1.000 empregos diretos até o final do ano. A longo prazo, a empresa projeta criar mais de 2.000 vagas quando iniciar o processo de exportação de veículos para outros países da América Latina, reforçando seu papel como uma base de produção regional.

Durante a cerimônia, a GWM anunciou também a criação do seu primeiro Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) na América do Sul. Localizado em um complexo de 15.000 m² ao lado da fábrica, o centro terá mais de 60 técnicos e engenheiros. O foco principal do P&D será no desenvolvimento de tecnologia flex e na adaptação de veículos globais para o mercado brasileiro, considerando as condições de rodagem e as preferências do consumidor.

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O novo centro de P&D contará com laboratórios de última geração para sistemas híbridos e elétricos, combustíveis de nova geração e inteligência artificial. O objetivo é desenvolver veículos mais sustentáveis e eficientes, alinhados com a busca por descarbonização e eficiência energética. A GWM também firmou parcerias com institutos de pesquisa e universidades brasileiras para colaborar no desenvolvimento de novas tecnologias e na formação de profissionais especializados, fortalecendo o ecossistema de inovação do país.

O investimento bilionário da GWM está dividido em duas fases: R$ 4 bilhões até 2026, para o lançamento da marca e a reativação da fábrica, e mais R$ 6 bilhões entre 2027 e 2032, para impulsionar a nacionalização de peças e a criação de novos produtos. O sistema de produção part by part (peça por peça) será adotado na fábrica, com a incorporação de componentes de fornecedores nacionais já no primeiro ano, incluindo a pintura dos veículos. A GWM Brasil já tem mais de 110 empresas cadastradas como potenciais fornecedoras, sendo que 18 já estão participando ativamente da produção. Com isso, o Brasil se torna o quarto país a ter uma fábrica completa da marca, somando-se a China, Rússia e Tailândia.

Além dos anúncios, a autotech aproveitou o evento para exibir outras tecnologias de ponta. Entre as novidades apresentadas estavam um caminhão movido a hidrogênio, que marca a entrada da marca no setor de transporte pesado com emissão zero, e a motocicleta tecnológica de oito cilindros SOUO S2000 GL. O caminhão, desenvolvido pela FTXT (subsidiária da GWM para tecnologias de hidrogênio), demonstra o compromisso global da empresa com a sustentabilidade.

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Por fim, a GWM Brasil recebeu a Certificação ISO 9001:2015 para a fábrica de Iracemápolis antes mesmo de iniciar a produção, um feito inédito para uma montadora no país. A certificação atesta a robustez e a qualidade do planejamento da operação, que se inicia com o pé direito no mercado brasileiro.

 

A produção em série do Haval H6 começa com as configurações híbrida convencional (HEV) e híbrida plug-in (PHEV). O modelo mantém seu motor 1.5 a gasolina, que está em processo de adaptação para se tornar flex a partir de 2026. A versão nacional do SUV permanece com o design já conhecido do público brasileiro, enquanto o facelift lançado na China será introduzido no modelo local no próximo ano, coincidindo com a chegada da motorização flex.

A GWM também confirmou que a fábrica de Iracemápolis iniciará a produção do SUV de sete lugares Haval H9 e da picape média Poer P30 nesta primeira fase. Curiosamente, esses serão os primeiros modelos da marca no Brasil a serem vendidos sem eletrificação, ambos equipados com motor 2.4 turbodiesel e câmbio automático de nove marchas ZF. A picape Poer terá suspensão traseira por feixe de molas, uma solução que reforça sua aptidão para trabalho e reduz a manutenção.

A GWM planeja um crescimento acelerado no Brasil. A fábrica, que atualmente opera em um turno, tem o objetivo de aumentar para dois turnos a partir de 2026. A expectativa é montar mais de 30 mil carros já em 2026, com meta de alcançar 50 mil unidades em três anos e 100 mil depois disso. A empresa também prevê a criação de 800 empregos diretos até o fim de 2025, podendo chegar a 2.000 postos conforme a produção aumenta.

O processo de montagem adotado pela GWM no Brasil, chamado de full parts import (importação peça-a-peça), é uma alternativa aos sistemas CKD (Completely Knocked Down) e SKD (Semi Knocked Down). Nesse modelo, os componentes são importados individualmente, permitindo uma maior flexibilidade para a nacionalização gradativa das peças. A marca já tem 150 fornecedores interessados e pretende atingir 35% de localização em 2026, índice necessário para exportar para Argentina e México, e 60% em três anos.

A produção do Haval H6 em Iracemápolis é uma resposta direta ao sucesso do modelo no mercado brasileiro, onde já se consolidou como um dos líderes entre os veículos eletrificados. As versões HEV2 e PHEV (PHEV19, PHEV34 e GT) mantêm suas configurações de motorização, variando entre 243 cv e 393 cv de potência combinada. A picape Poer P30, por sua vez, entra no segmento das picapes médias com porte maior que o da Toyota Hilux, oferecendo capacidade de carga de 1.050 kg e estrutura de carroceria sobre chassi.

Outro modelo a ser nacionalizado é o Haval H9, que tem a Toyota SW4 como principal rival. O SUV de sete lugares é maior em todas as dimensões, o que se traduz em mais espaço interno. Ele vem com um pacote tecnológico robusto, incluindo tela multimídia de 15 polegadas e assistências à condução (ADAS). Para o Brasil, a marca estuda realocar o estepe, que na China fica na tampa traseira, para o assoalho do porta-malas, melhorando a funcionalidade e a segurança em testes de impacto.

A chegada da GWM ao Brasil faz parte de um movimento maior. Outras fabricantes chinesas, como a BYD, a GAC, a Geely, a Leapmotor e a Omoda Jaecoo, também já anunciaram planos para iniciar a produção local em um futuro próximo. A presença dessas montadoras reforça o Brasil como um polo estratégico para o mercado de eletrificados e de novas tecnologias na América Latina.

Mecânica Online® – Mecânica do jeito que você entende

Autotech – Empresa de tecnologia com foco em inovações para a indústria automotiva.

P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) – Área da empresa dedicada à inovação, criação de novos produtos e melhorias em tecnologias existentes.

Tecnologia Flex – Sistema que permite ao motor de um veículo funcionar com gasolina, etanol ou qualquer mistura dos dois.

Descarbonização – Processo de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, geralmente através da adoção de tecnologias e fontes de energia mais limpas.

ISO 9001:2015 – Norma internacional que estabelece os requisitos para um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), garantindo que os produtos e serviços de uma empresa atendam às necessidades dos clientes e aos padrões regulamentares.

Hidrogênio – Gás que pode ser usado como combustível para veículos, gerando energia por meio de uma célula a combustível e emitindo apenas vapor de água.

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