A consultoria [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado lançou o Panorama Setorial de Máquinas Agrícolas 2025, um estudo inédito que traça um raio-x da frota brasileira. A pesquisa, que abrangeu tratores, colheitadeiras e pulverizadores, revela que a idade média do parque de máquinas é de 15 anos. O estudo aponta que, apesar da intenção de compra dos produtores, o financiamento e o crédito continuam sendo gargalos. Outras tendências, como a ascensão da locação e a adoção incipiente de novas tecnologias, como o biometano, também foram mapeadas, indicando um setor em plena transição.
A consultoria [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado lançou o Panorama Setorial de Máquinas Agrícolas no Brasil 2025, o primeiro estudo abrangente a mapear a frota de máquinas agrícolas em operação no país. O levantamento consolida dados inéditos sobre tratores, colheitadeiras e pulverizadores, oferecendo uma ferramenta estratégica para todo o ecossistema do agronegócio.
Segundo Luis Vinha, sócio-diretor da [BIM]³, o estudo é o mais completo já desenvolvido para entender o presente e projetar o futuro da mecanização no agronegócio nacional. A pesquisa, que envolveu mais de 700 entrevistas em todas as regiões do Brasil, apresenta uma margem de erro de 3,4% e um nível de confiança de 95%.
O retrato da frota e os desafios da renovação
O Panorama 2025 estima que a frota total circulante no Brasil é de aproximadamente 1,650 milhão de unidades, sendo 1,350 milhão de tratores, 217 mil colheitadeiras e 82,5 mil pulverizadores. A idade média do parque de máquinas é de 15 anos, com os tratores sendo os mais antigos, com 18 anos.
Mais de 50% da frota já superou os 15 anos de uso, o que revela a permanência de máquinas com tecnologias defasadas em plena operação. Este é um dos principais desafios para a renovação tecnológica no campo. Apenas 33,9% das propriedades rurais têm acesso à internet, o que também impacta a adoção de tecnologias mais modernas.
Intenção de compra e novos modelos de acesso
A pesquisa aponta uma intenção clara de renovação: 55% dos produtores entrevistados pretendem adquirir uma nova máquina nos próximos dois anos. Entre os que planejam comprar, 71% afirmam que permanecerão fiéis à marca de trator já utilizada.
Apesar do apetite por compra, o estudo revela que o financiamento continua sendo um dos principais gargalos para a renovação da frota. A burocracia dos bancos estatais, que são majoritariamente utilizados pelos produtores, atrasa os processos e retarda os investimentos.
Nesse cenário, a locação de máquinas tem ganhado espaço como alternativa estratégica. Atualmente, 11% das propriedades alugam tratores, 38% utilizam colheitadeiras alugadas e 19% recorrem a pulverizadores alugados. Esse movimento demonstra a busca por flexibilidade operacional e redução de riscos, sem abrir mão da produtividade.
O futuro tecnológico e energético
O campo brasileiro já utiliza recursos como GPS, telemetria e agricultura de precisão. O produtor, no entanto, mira em máquinas cada vez mais conectadas e inteligentes. Entre os desejos mais citados estão cabines tecnológicas, câmbio automático, sistemas inteligentes de compactação do solo e pulverização de alta precisão.
Na questão de combustíveis, o estudo mostra que o diesel continuará predominante, mas a transição energética já está em curso. O etanol desponta como alternativa, com uma intenção de uso de 19% nas colheitadeiras e 13% nos pulverizadores. O biometano também começa a se consolidar, com 9% em tratores e pulverizadores.
Pós-venda e percepção de marcas
O estudo aponta que o pós-venda no campo é marcado pela tendência de autossuficiência do produtor. A manutenção preventiva é feita internamente em quase 65% dos casos. Já na manutenção corretiva, o peso das concessionárias aumenta, o que reforça o papel do suporte técnico na fidelização do cliente.
A pesquisa também avaliou a percepção das marcas. A John Deere lidera tanto em presença quanto em satisfação, seguida por Jacto e Case IH. John Deere e New Holland são as marcas mais presentes no campo brasileiro.
A [BIM]³ estima que, até 2030, a frota de máquinas agrícolas deverá alcançar cerca de 1,8 milhão de unidades, com um detalhamento por Estado. O estudo diferencia-se por sua capacidade de cruzar dados e fornecer uma visão prospectiva, permitindo que o setor antecipe tendências e embasem decisões de investimento e estratégia comercial.
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Frota de máquinas agrícolas: Refere-se ao conjunto de máquinas agrícolas (tratores, colheitadeiras, pulverizadores, etc.) que está em operação em um determinado território.
Gargalo de financiamento: Situação em que a falta ou a dificuldade de acesso ao crédito impede que os produtores rurais invistam na renovação de suas máquinas e equipamentos, limitando o crescimento do setor.
Telemetria: Tecnologia que permite a medição remota e o envio de dados sobre o desempenho de máquinas e equipamentos. No agronegócio, a telemetria é usada para monitorar o consumo de combustível, a localização e a saúde dos equipamentos.
Biometano: Gás combustível renovável, produzido a partir da decomposição de resíduos orgânicos, como esterco animal e restos de lavouras. O biometano pode ser usado como substituto do diesel em motores a combustão adaptados.