Uma análise conduzida pela Associação Brasileira pela Qualidade de Baterias (Qualibat) identificou irregularidades em 46% dos 52 modelos de baterias de chumbo-ácido avaliados entre 2024 e o primeiro semestre de 2025. A Associação Brasileira de Baterias Automotivas e Industriais (ABRABAT) e a Qualibat destacam que as não-conformidades incluem peso adulterado e capacidade real abaixo do especificado. O setor alerta para a urgência de combater práticas desleais, que violam a legislação ambiental e colocam em risco a saúde pública, o consumidor e o meio ambiente.
A Associação Brasileira de Baterias Automotivas e Industriais (ABRABAT), que representa os fabricantes nacionais, manifestou grande preocupação com a falta de conformidade e a baixa qualidade de algumas marcas de baterias de chumbo-ácido no mercado brasileiro.
Essa preocupação foi significativamente reforçada pelos resultados de uma análise detalhada conduzida pela Associação Brasileira pela Qualidade de Baterias (Qualibat).
Os testes da Qualibat identificaram irregularidades em quase 50% dos modelos de baterias avaliados entre 2024 e o primeiro semestre de 2025.
No total, foram coletadas 150 amostras de forma anônima no mercado distribuidor, fabricadas por empresas sediadas em vários estados.
A Qualibat analisou 52 modelos de baterias em laboratório (utilizando 3 ou 4 amostras para cada modelo) e constatou que 24 modelos diferentes (46%) apresentavam algum tipo de não-conformidade.
As irregularidades identificadas foram de natureza técnica ou documental, incluindo problemas como peso adulterado, capacidade real abaixo do especificado e selo falsificado, o que engana o consumidor.
De acordo com Alex Pacheco, presidente da ABRABAT, esses achados evidenciam a necessidade urgente de combater práticas comerciais desleais e promover a regularização do setor.
Pacheco ressalta que a falta de acompanhamento técnico e legal viola a legislação ambiental brasileira e põe em risco a saúde pública, o consumidor e o meio ambiente.
O setor de chumbo-ácido traz alertas importantes sobre a necessidade de sustentabilidade real, formalização, transparência e engajamento de toda a cadeia, mesmo com o crescimento da produção de baterias para veículos elétricos.
As baterias avaliadas passaram por mais de 900 análises técnicas, incluindo pesagens, testes de C20, CCA (corrente de partida a frio) e inspeções visuais.
Os ensaios foram realizados em laboratórios acreditados e em total conformidade com os padrões exigidos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), garantindo a validade dos resultados.
Joaquim Vaz Filho, diretor da Qualibat, enfatizou que os dados levantados reforçam a importância de o consumidor optar por baterias certificadas e de fabricantes comprometidos com a segurança e a transparência.
A Qualibat formalizou denúncias ao Inmetro, o que resultou em 14 inspeções realizadas pelos IPEMs (Institutos de Pesos e Medidas) nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
Em 17 de setembro, a Qualibat inaugurou seu próprio laboratório em Sorocaba (SP) para otimizar os testes de qualidade.
Neste laboratório, são realizados testes conforme as diretrizes da norma ABNT NBR 15940, abrangendo peso, C20, CCA e reserva de capacidade.
A inauguração contou com a participação do Inmetro, reforçando a posição da Qualibat de auxiliar o Instituto na fiscalização da conformidade do produto.
Vaz Filho informa que o laboratório próprio da Qualibat garante mais agilidade e permite ampliar a capacidade de amostragem, identificando maiores desvios no mercado de reposição.
Essa ampliação da amostragem resultará em maior fiscalização no setor, buscando estabelecer a melhoria contínua do mercado de baterias.
Além das questões de não conformidade, o setor enfrenta o desafio da informalidade, com empresas operando de forma irregular.
Dados do Instituto Brasileiro de Energia Reciclável (IBER), entidade gestora da logística reversa de baterias de chumbo-ácido no Brasil, revelam que mais de 45 mil toneladas foram movimentadas ilegalmente em 2024.
A maior parte desse volume ilegal, 83%, estava concentrada nas regiões Sul e Sudeste, onde foram identificados 79 fabricantes atuando de maneira irregular.
O IBER é responsável pela coordenação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no setor, destacando a gravidade do volume de baterias que escapa à correta logística reversa.
Para enfrentar esses desafios, a ABRABAT propõe uma fiscalização mais integrada que envolva produtores, importadores, distribuidores e recicladores.
Outra medida crucial proposta pela ABRABAT é a realização de campanhas de conscientização destinadas a consumidores e varejistas, educando sobre a importância da escolha de produtos certificados.
A grande incidência de não-conformidade em baterias de chumbo-ácido no mercado, chegando a 46%, revela uma falha crítica na fiscalização e um risco para a segurança veicular, visto que um CCA ou C20 abaixo do especificado pode comprometer o funcionamento e a vida útil do automóvel.
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C20 – Medida da capacidade nominal de uma bateria, indicando a quantidade de carga (em Ampère-hora – Ah) que a bateria pode fornecer durante 20 horas a uma taxa de descarga constante, antes que a tensão atinja um nível inaceitável.
CCA (Corrente de Partida a Frio) – Medida da capacidade de uma bateria em fornecer a energia necessária para dar a partida no motor em baixas temperaturas (geralmente a ou
). É crucial para o desempenho do veículo em climas frios.
Logística Reversa – Conjunto de ações e procedimentos que visam coletar e encaminhar os produtos e resíduos pós-consumo (como baterias usadas) para reaproveitamento ou descarte ambientalmente adequado.
Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, que é o órgão responsável por avaliar a conformidade de produtos no Brasil, estabelecendo e fiscalizando os padrões técnicos e de segurança.
