A média de roubos e furtos de cargas em São Paulo ainda é de 11 ocorrências diárias, apesar da redução acumulada de 44% nos últimos anos; as cargas de alimentos lideram o ranking de itens visados e o risco para transportadoras aumenta drasticamente no último trimestre, impulsionado pela Black Friday e Natal, exigindo reforço em tecnologias preventivas.
O Estado de São Paulo ainda é o epicentro nacional de roubo e furto de cargas, registrando uma média alarmante de 11 crimes por dia no período de janeiro a agosto de 2025, segundo o Boletim Tracker-Fecap.
O estudo econômico, realizado pelo Grupo Tracker em parceria com a FECAP, analisou a evolução desses delitos entre janeiro de 2022 e agosto de 2025, constatando uma redução acumulada de 44% nas ocorrências.
Apesar dessa redução expressiva, que é classificada como uma “mudança estrutural”, foram registrados 2.726 boletins de ocorrência envolvendo carga nos primeiros oito meses de 2025.
Deste total, a grande maioria dos crimes foi de roubo (87%), seguidos por furtos (11%) e casos de receptação (2%) de mercadorias.
A análise da variação percentual acumulada mostra uma consolidação da tendência de queda, partindo de uma estabilização inicial em 2023 (-4,2%) para uma aceleração em 2024 (-22,3%) e o patamar atual em 2025 (-24,7%).
Comparando-se os totais mensais de janeiro a agosto, houve uma diminuição de 27,2% em 2025 (com 2.364 eventos) em relação a 2024 (com 3.246 eventos), o que representa 882 ocorrências a menos.
Os meses de maio (-32,8%), junho (-35,0%) e agosto (-32,4%) de 2025 registraram as maiores quedas percentuais na comparação com os mesmos períodos do ano anterior.
No entanto, o país entra em estado de alerta, pois, na média mensal desde 2022, os meses de novembro e dezembro são historicamente os que lideram o número de ocorrências.
Vitor Corrêa, gerente do Grupo Tracker, explica que o final do ano exige atenção, pois o transporte de cargas cresce significativamente por conta da Black Friday, do Natal e das festas.
Neste período, a logística trabalha no limite com mais caminhões nas estradas e entregas disparando, o que eleva a exposição e, consequentemente, aumenta os riscos de ações criminosas.
Em termos geográficos, o estudo revela que a capital, São Paulo, é o ponto mais crítico, concentrando mais de 45% dos roubos e totalizando 1.257 ocorrências no período.
Outros importantes polos urbanos e logísticos que são alvos prioritários incluem Guarulhos (7,26%), Osasco (2,79%) e São Bernardo do Campo (2,13%), além de Campinas e Praia Grande.
O pesquisador da FECAP, Erivaldo Vieira, aponta que essa concentração se deve ao grande fluxo rodoviário e às operações de transporte que convergem para esses centros urbanos.
Sobre os produtos mais visados, as cargas de alimentos lideram o ranking com 31,58% do total, demonstrando que bens essenciais e de giro rápido permanecem como foco das quadrilhas.
As cargas mistas, que contêm mercadorias de naturezas variadas, ocupam a terceira posição com 9,35%, sendo atrativas por serem alvos mais “rentáveis” no mercado ilegal.
Produtos específicos, como cigarros e fumo (7,74%) e bebidas (5,36%), são alvos frequentes por terem alta demanda no comércio informal e baixa rastreabilidade.
Itens de maior valor agregado, como eletroeletrônicos (3,19%) e autopeças (2,53%), têm menor incidência, mas podem gerar prejuízos expressivos às transportadoras.
Em relação ao valor, a pesquisa indica que, embora haja foco em cargas de menor valor unitário (cerca de 37,6% das ocorrências envolvem montantes de até R$ 20 mil), há também registros relevantes de mercadorias de alto valor, entre R$ 200 mil e R$ 800 mil.
Para enfrentar esse cenário, Vitor Corrêa ressalta que os próximos meses exigem uma postura proativa, tecnológica e estratégica, com reforço nas ações preventivas e monitoramento constante.
O uso de inteligência analítica para criar alertas de risco e a resposta imediata a eventos suspeitos são cruciais para proteger a frota e as mercadorias.
Mecânica Online® – Mecânica do jeito que você entende.
Boletim de Ocorrência (BO) – Documento policial que formaliza o registro de um crime (como roubo ou furto) ou de um incidente, sendo fundamental para o início da investigação.
Receptação – Crime em que o indivíduo adquire, transporta ou esconde, para si ou para outros, produto que sabe ser fruto de um delito, como uma carga roubada.
Inteligência Analítica – Processo de coleta e análise de grandes volumes de dados (históricos de roubos, padrões geográficos, horários, etc.) para identificar riscos e tomar decisões preventivas de segurança mais assertivas.
