Por Marcos Marques – Poucos motoristas sabem, mas, depois do combustível, o lubrificante é o produto mais utilizado em veículos automotores.
Sua importância é fundamental para o funcionamento e para a vida útil dos componentes, evitando o atrito entre as peças e consequentemente, o desgaste delas.
Com o lubrificante, as peças trabalham em perfeita harmonia no deslocamento dos veículos.
Neste contexto, podemos entender a importância da manutenção correta dos lubrificantes veiculares para garantir a saúde e prolongar a vida útil do automóvel, principalmente em relação à troca de óleo de motor.
É comum ouvirmos, no dia a dia, diferentes informações referentes à troca de óleo dos automóveis.
Mas, o que nem todos sabem é que parte destas informações não são necessariamente verdadeiras e podem, inclusive, prejudicar o desempenho do veículo ou até mesmo deteriorar parte dos componentes.
Neste sentido, vamos desvendar os “mitos” da troca de óleo e os principais cuidados que devem ser tomados acerca do tema.
Os cinco principais mitos sobre a troca de óleo do motor – O mito mais comum é o famoso “viscosímetro humano”, o hábito de puxar a vareta do óleo e com os dedos identificar a qualidade do lubrificante e o período de troca.
Nenhum mecânico ou aplicador, por mais conhecimento que tenha, consegue identificar a qualidade do fluido. Isto só é possível com análise em laboratório.
O que é possível, e indicado, é verificar o nível de óleo existente no reservatório.
Outra questão é com relação ao fato do óleo com viscosidade baixa não proteger o motor, quanto mais denso, melhor. Isto é um Mito!
A partida a frio é um dos momentos mais críticos no funcionamento do motor. Isto porque, até que o lubrificante irrigue todo sistema de lubrificação, o motor chega a funcionar sem a película de proteção criada pelo óleo.
Por este motivo, os engenheiros desenvolveram novas tecnologias que permitem que os produtos com baixa viscosidade protejam o motor de maneira eficiente. Desta forma, o desgaste durante as partidas a frio é drasticamente reduzido.
Outro hábito comum entre os clientes é utilizar a coloração dos fluidos para que seja identificado o lubrificante correto.
Esta prática é utilizada na linha de montagem das indústrias para evitar a troca na hora da aplicação do primeiro enchimento.
Para os produtos de reposição isso não ocorre. Os principais fabricantes formulam os produtos seguindo a aditivação necessária para atender as especificações e homologações para cada aplicação.
Nesta mesma linha, um dos principais boatos sobre o óleo de motor é a inclusão de aditivos para melhorar a performance e a proteção do sistema.
Os fabricantes mais conceituados como a FUCHS, por exemplo, investem milhões no desenvolvimento de produtos Premium para atender e superar as necessidades das recomendações dos fabricantes.
A utilização de algo a mais nos lubrificantes, além de não fazer diferença, pode comprometer a composição química do lubrificante homologado e gerar problemas para o funcionamento do veículo.
Por último, e não menos importante, o marketing utilizado pelo mercado de reposição é muito forte e, com isto, ocorre a introdução de produtos que prometem facilitar a vida do reparador e baratear a manutenção dos veículos.
O Flushing é um produto utilizado no lugar do fluido que promete limpar o sistema sem a necessidade de desmontá-lo.
Neste caso, o mito não é sobre a limpeza do motor. Sem dúvidas a utilização do produto realiza esta tarefa.
O problema maior refere-se ao estrago deixado por ele. Por tratar-se de um solvente, mesmo após o esgotamento, ficam resíduos no motor, ou transmissão, que comprometem os retentores, orings de vedação, sensores, válvulas, bem como outros componentes.
Principais cuidados acerca da troca de óleo.
Além de aplicar o lubrificante indicado para o veículo, é necessário ficar atento aos sinais que podem ser apresentados.
No painel de instruções, devemos sempre observar se o ponteiro de temperatura está próximo ao nível máximo, isso pode indicar um possível rompimento da junta do cabeçote ocorrendo a mistura do líquido de arrefecimento com o óleo do motor.
Além disso, é importante atentar-se à emissão de fumaça pelo escapamento, que pode apontar uma avaria no anel de compressão, ocasionando a mistura do combustível ao lubrificante.
Outro ponto importante é que existe um plano de manutenção diferente para cada tipo de serviço. Um veículo utilizado em tráfego intenso, por exemplo, consideramos uma utilização severa.
Neste caso é necessário reduzir o período de troca para uma margem de segurança, pois o veículo em um congestionamento continua consumindo a carga de aditivos dos lubrificantes, diferentemente de um veículo utilizado em estradas com trocas de marchas espaçadas.
Com a chegada da pandemia, a utilização dos automóveis diminuiu e ganhou novos rumos. Muitos veículos ficaram guardados na garagem por um longo período. No entanto, este não é um motivo para esquecer da manutenção do óleo.
Depois que o lacre do frasco é aberto o lubrificante inicia seu ciclo de vida útil e irá oxidar mesmo sem ser utilizado.
Neste momento em que vivemos, especialmente, é importante efetuar a troca do óleo seguindo o período estipulado pelo fabricante, pois mesmo parado, o veículo precisa de manutenção.
É comum encontrarmos motoristas que optam pela complementação do nível do óleo e não pela troca completa do lubrificante, principalmente neste contexto de pouca utilização dos carros.
Completar o lubrificante é indicado apenas em situações extremas, como um vazamento durante uma viagem, em que o veículo percorrerá um trecho curto até um ponto em que possa ser realizada a manutenção e a troca completa do lubrificante.
Além de todos estes cuidados, é essencial a utilização de lubrificantes de qualidade. Para isto, o consumidor precisa avaliar a origem dos produtos e o tempo que atuam no mercado.
Um modo de se resguardar é consultar o “Boletim de Monitoramento de Lubrificantes” realizado pela ANP – Agência Nacional do Petróleo.