Clima econômico (e da indústria automobilística em particular), além do desânimo com os rumos do País cobraram seu preço no 24º Congresso SAE Brasil de Tecnologia da Mobilidade. A exposição de fabricantes e fornecedores do setor encolheu, porém 9.000 visitantes comprovam o interesse.
Produtividade foi bastante discutida e tem muito a avançar no Brasil. Entre as novidades destaque para o sistema avançado de injeção de combustível indireta, no duto (que ainda está em 60% dos motores atuais de ciclo Otto no mundo), apresentado pela Bosch.
São dois injetores por cilindro e pode ser nacionalizado a preço competitivo. Potencialmente, reduz consumo de etanol e gasolina em até 12% em motores aqui produzidos.
Nos corredores do congresso o assunto mais comentado foi o grave erro da Volkswagen envolvendo os motores a diesel vendidos no mercado americano.
O problema, revelado por um pesquisador de uma universidade dos EUA, desnudou desconfianças pré-existentes em relação aos métodos de aferição de emissões veiculares.
A empresa admitiu que houve fraude, inclusive nos países europeus, onde a penetração desse tipo de motor atinge, na média, cerca de 50% dos veículos leves.
O presidente executivo do Grupo VW, Martin Winterkorn, se demitiu e a empresa reconheceu que 11 milhões de unidades, em um balanço inicial, terão que ser convocados para troca da central de gerenciamento dos motores. O prejuízo potencial é de US$ 18 bilhões, segundo estimativas de especialistas.
Essa coluna sempre teve posição crítica em relação ao uso de diesel em automóveis por se mostrar uma escolha errada, desnecessária e cara em qualquer lugar do mundo. Por que caminhões e carros deveriam usar o mesmo combustível, se os motores de ciclo Otto dão conta do recado em veículos leves, sem as terríveis complicações sobejamente conhecidas sobre emissões de óxidos de nitrogênio (NOx)? Motores a diesel consomem menos combustível e, portanto, emitem menos CO2. Mas, a que custo?
Há cinco anos ninguém acreditava que um motor a gasolina pudesse emitir menos de 100 g/km de CO2. Pois o VW Golf 1.0 TSI (mesmo motor do up! TSI brasileiro, porém com 10 cv a mais) já está à venda na Europa e emite apenas 99 g/km.
Marcas japonesas há mais de 30 anos vislumbraram a enrascada que os motores a diesel para veículos leves iriam sofrer em razão de NOx. Toyota optou pelo híbrido a gasolina com ajuda de um pequeno motor elétrico.
Sobre fraude, lembrar que em 1995, no “patropi abençoado por Deus”, a atual líder do mercado nacional também se encrencou. Recebeu multa simbólica equivalente a US$ 10 por cada um dos 300.000 carros produzidos em três anos em desacordo com a legislação de emissões da época. E a vida continuou.
Hoje, o cenário está sombrio para o grupo alemão, que terminou o primeiro semestre deste ano como maior fabricante mundial de automóveis e comerciais leves.
Mas as três grandes marcas americanas e duas das maiores japonesas tiveram prejuízos monumentais em casos de acidentes fatais e recalls não executados. E sobreviveram. A VW admitiu a culpa de imediato (castigo talvez seja amenizado), mas é cedo para saber dos desdobramentos.
RODA VIVA
FIAT confirma que sua primeira picape média de quatro portas se chamará mesmo Toro (soa parecido a “touro” e leve referência a Torino, cidade-sede da marca italiana). Empresa identifica o modelo como SUP (Picape Utilitário Esporte, em tradução livre para português). Arquitetura deriva do Jeep Renegade, mas, além da carroceria, tudo é novo do eixo dianteiro para trás.
NADA de dormir sobre louros. Hyundai HB20, ano-modelo 2016, recebeu retoques em grade e para-choque dianteiros, luzes diurnas de LED, ar-condicionado digital e nova central multimídia. Agora, câmbios manual e automático têm seis marchas, bem melhor que antes. Novos amortecedores eliminaram ruídos de nascença. Preços vão de R$ 38.995 a R$ 63.535.
ALEMÃES que se cuidem com ataque inglês. Jaguar XE desafia Série 3, Classe C e A4 sem poupar munição: tração traseira, mais de 75% da estrutura em alumínio, suspensões muito eficientes, linhas arrojadas, bom espaço interno e porta-malas razoável (455 litros). Além do 4 cil./240 cv, um V-6 (compressor), 340 cv/46 kgfm, 0 a 100 km/h em 5,1 s. R$ 169.900 a R$ 299.900.
GOLF VARIANT é, de fato, uma station de virar a cabeça ao passar. Pena que esse segmento tenha sido quase totalmente “engolido” pelos crossovers e SUVs. Agora com arquitetura MQB, 109 kg a menos de peso que a anterior Jetta Variant, tem um motor 1,4 turbo que encanta pelo torque de 25,5 kgfm entre 1.500 e 3.500 rpm. Porta-malas enorme: 605 litros.
SERVIÇO remoto OnStar chega no Chevrolet Cruze com mais de 20 funções específicas para o mercado brasileiro, em patamar bem superior ao existente por aqui. Conectividade é garantida por chip de celular dedicado e será gratuito nos primeiros 12 meses. Ainda sem definição valores de anuidades, mas seguradoras também gostam desses serviços.