Por Lucia Camargo Nunes*
Em muitas regiões, como o Nordeste, as vendas de veículos eletrificados crescem, mas principalmente entre os totalmente elétricos, muitas tarefas precisam ser cumpridas, como oferta de veículo, ampliação de pós-venda e assistência e, principalmente, estrutura de recarga.
Ainda assim, há mais modelos que só funcionam carregados na tomada à venda no Brasil do que híbridos – num cálculo atual, sem considerar diferentes versões, são 28 opções BEV versus 19 híbridos. E desses 19, 12 são híbridos plug-in.
Entenda por eletrificados, os autoveículos (automóveis e comerciais leves) com tecnologias híbridas convencionais (HEV), híbridas plug-in (PHEV) e 100% elétricas (BEV).
Desta forma, podemos deduzir que de 47 eletrificados à venda no Brasil atualmente, 40 precisam ser recarregados numa tomada, de preferência rápida. Imagina se o país tivesse estrutura?
Vendas avançam – Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), só nos primeiros três meses deste ano, as vendas cresceram 115% em nível nacional. Uma contradição diante de um mercado total que retraiu 25%.
Separando pelos tipos de eletrificação, as vendas do primeiro trimestre tiveram 68% de participação de híbridos HEV, 19% dos PHEV e 13% dos BEV. A Toyota tem boa fatia disso, já que seus híbridos Corolla e Corolla Cross contribuem com os maiores volumes entre os híbridos.
E olha que curioso: embora não possa ser apontada como tendência, em março passado as vendas dos 100% elétricos superaram os híbridos plug-in: 519 x 517 unidades, respectivamente.
A frota já passa de 86 mil eletrificados e a ABVE estima que baterá a casa dos 100 mil este ano.
É preciso fazer a lição de casa – Embora o Brasil tenha potencial para crescer, não há fabricantes locais e estamos defasados no market share. Enquanto os eletrificados plug-in mal batem 1% em participação, na Europa já estão em quase 20%.
“Se o Brasil não se inserir fortemente nas novas cadeias produtivas globais da eletromobilidade, vai perder competitividade. As indústrias nacionais ficarão obsoletas e os empregos do futuro serão criados nos outros países, e não aqui”, avalia Adalberto Maluf, presidente da ABVE.
A única empresa que sinaliza para a localização de elétricos no Brasil, por enquanto, é a chinesa Great Wall Motors, que adequa a planta de Iracemápolis, interior de São Paulo (antiga fábrica da Mercedes-Benz) para a produção a partir de meados de 2023.
Outras iniciativas seguem em estudos.
*Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo. E-mail: lucia@viadigital.com.br