A Ford criou um novo time dedicado à pesquisa do grafeno, material que é considerado o futuro da tecnologia, no seu Centro de Desenvolvimento e Tecnologia do Brasil, com sede na Bahia.
Esse trabalho é feito em parceria com a UCSGRAPHENE, vinculada à Universidade de Caxias do Sul, o primeiro ecossistema de inovação voltado à produção de grafeno em escala da América Latina, inaugurada em 2021 pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), no Rio Grande do Sul.
O grafeno tem propriedades únicas capazes de revolucionar vários produtos, como eletrônicos, baterias e componentes automotivos.
Material mais leve e resistente do mundo, 200 vezes mais resistente que o aço, possui também elevada condutibilidade térmica e elétrica. Além disso, permite a confecção de camadas finíssimas e a combinação com outros materiais.
O novo time de pesquisa da Ford, formado por mais de 20 pessoas, reforça o papel da engenharia brasileira dentro do ecossistema global de inovação da marca, juntando-se a outros projetos já desenvolvidos na unidade voltados ao futuro da mobilidade.
“A Ford foi a primeira fabricante do mundo a usar grafeno em automóveis e já detém várias patentes nos EUA. Esse material hoje está presente em mais de 5 milhões de veículos, como a F-150, o Mustang e o Mach-E, em componentes como cobertura do motor e borrachas, para aumento da resistência térmica e redução de ruídos”, diz Rodrigo Polkowski, engenheiro especialista e líder do time no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil.
Segundo ele, o Brasil tem a vantagem de possuir uma das maiores reservas mundiais e ser hoje o terceiro produtor global de grafite – do qual o grafeno é extraído.
As principais reservas estão em Minas Gerais e na Bahia.
“O Brasil vai avançar nessa pesquisa que tem um potencial enorme de aplicações, como a melhoria da refrigeração de baterias de carros elétricos, materiais para isolação de ruído, revestimentos anticorrosivos e ligas de alumínio reforçado com grafeno”, explica. “Hoje já estamos trabalhando em mais de 10 projetos de aplicação de grafeno na área da mobilidade.”
Parceria – Como parte da parceria firmada entre a Ford e a UCS, a universidade inaugurou o Espaço Ford dentro do seu Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação (TecnoUCS).
Esse hub, criado para conectar o meio acadêmico e a indústria, tem como proposta incentivar a pesquisa, a inovação e o empreendedorismo.
“A UCSGRAPHENE reúne a expertise da Universidade de Caxias do Sul conquistada em 18 anos de pesquisa avançada em nanomateriais”, destaca Diego Piazza, coordenador da UCSGRAPHENE.
“A parceria da UCS com a Ford é um momento histórico, pois permite a geração de conhecimento conectado a um ecossistema de inovação capaz de desenvolver inúmeras potencialidades.”
A Ford iniciou também outras parcerias com a Universidade Mackenzie e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para avançar na pesquisa do grafeno.
Novos materiais e patentes – O Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil é um dos nove da empresa no mundo e tem experiência na pesquisa de materiais renováveis, com patentes registradas no país e nos EUA, Alemanha e China. Um exemplo é a nova borracha resistente ao biodiesel, reforçada com sílica obtida a partir das cinzas da casca de arroz, já aplicada na Ranger.
Outra patente veio do avanço desse estudo, com o uso do grafeno em substituição ao negro de fumo, material importado e caro.
Esse projeto foi premiado entre os quatro melhores do Grand Challenge, desafio promovido pela Ford que reuniu mais de 400 ideias globalmente.