Em apenas 32 dias, os fabricantes usaram os R$ 650 milhões em créditos para vender automóveis com descontos. O anúncio foi realizado pelo presidente da ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Márcio de Lima Leite.
Apesar do governo ter disponibilizado R$ 800 milhões para as fabricantes, R$ 150 milhões serão reservados para compensar a perda de arrecadação dos impostos PIS/Cofins e IPI por conta dos descontos. Assim, na prática, a liberação liquida para o programa foi de R$ 650 milhões.
Os reflexos positivos da MP 1.175/23 só começaram a ser percebidos na última semana de junho, mas foram suficientes para fazer dele o segundo melhor mês do ano em vendas e projetar um julho com emplacamentos muito acima da média, já que cerca de 79 mil veículos com bônus de desconto foram repassados às concessionárias, mas ainda não emplacados.
Durante a coletiva mensal de imprensa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), o Presidente Márcio de Lima Leite apresentou mais detalhes sobre os resultados da medida aplicada pelo governo federal.
“Estimamos que dos R$ 800 milhões liberados pelo governo para veículos leves, R$ 710 milhões já haviam sido aplicados até a virada do mês, resultando em descontos para cerca de 150 mil unidades. Porém, só 54 mil deles tiveram emplacamento efetivado em junho”, afirmou Leite.
Segundo o Presidente da associação, julho colherá a maioria dos emplacamentos referentes ao programa. “Foi uma excelente medida de curto prazo para aquecer o mercado, reduzir os estoques e, principalmente, proporcionar que mais consumidores, incluindo pessoas jurídicas na segunda fase, tivessem acesso aos veículos de entrada”, explicou Leite.
“Sem dúvida, ficou claro para todos o potencial dessa demanda reprimida por veículos zero quilômetro, algo que, esperamos, proporcione uma contínua elevação das vendas no segundo semestre, à medida em que as condições de financiamento comecem a atrair mais clientes”.
Para veículos pesados, no entanto, os reflexos da MP ainda não foram percebidos, pois a utilização dos bônus de R$ 700 milhões para caminhões novos, e de R$ 300 milhões para ônibus novos, ainda demanda regulamentações e alguns ajustes operacionais.
Outro efeito positivo da MP para veículos leves foi o escoamento de parte dos estoques que estavam se acumulando nos pátios das fábricas. Até por conta disso, a produção de 189,2 mil unidades em junho foi 17% menor que em maio.
Ao longo de junho, cinco fábricas tiveram algum período de paralisação por conta de férias coletivas. Segundo o Presidente da ANFAVEA, deve-se ressaltar também os esforços das montadoras, que ofereceram descontos além dos bônus do governo.
No semestre, alta de produção e vendas, queda de exportações – Fechado o primeiro semestre, 2023 vem apresentando uma leve recuperação em produção e vendas, na comparação com o mesmo período de 2022, o que faz a ANFAVEA manter suas projeções apresentadas no início do ano.
A produção de 1,132 milhão de autoveículos de janeiro a junho representa alta de 3,7%. Já os emplacamentos, que acumulam 998,6 mil unidades no ano, tiveram elevação de 8,8% sobre o ano passado.
As exportações, por enquanto, estão indo na contramão dos índices do mercado interno. Depois de dois anos de forte recuperação, os envios estão caindo neste ano. Nos primeiros seis meses, 227,2 mil autoveículos foram exportados, ante 246,3 mil do primeiro semestre de 2022, uma redução de 7,7% nos embarques.
Além da crise na Argentina, nosso maior parceiro comercial, o encolhimento de mercados importantes, como Colômbia e Chile, vem impactando negativamente o desempenho dos fabricantes brasileiros no comércio exterior.
Veja abaixo quanto cada fabricante pediu ao governo:
Fiat/Jeep – R$ 230 milhões;
Volkswagen – R$ 100 milhões;
Renault – R$ 90 milhões;
Hyundai – R$ 60 milhões;
Peugeot/Citroën – R$ 40 milhões;
Chevrolet – R$ 40 milhões;
Nissan – R$ 20 milhões;
Honda – R$ 10 milhões;
Toyota – R$ 10 milhões.
Programa para caminhões e ônibus segue ativo – São R$ 700 milhões para bancar descontos na compra de caminhões e R$ 300 milhões de incentivo para a renovação da frota de ônibus.
No caso dos veículos pesados, semipesados e comerciais (vans), a intenção é de renovação da frota.
Portanto, a pessoa física ou empresa que quiser participar deverá entregar seu veículo com mais de 20 anos de uso. O governo afirma que essa sucata trará ganhos para a indústria automotiva, pois o preço da matéria-prima usada nas fundições poderá cair.
Depois de entregar o usado, ganhará um desconto na compra de um novo, que ficará entre R$ 33.600 a R$ 99.400 e vai de acordo com o tamanho do veículo. Assim, veículos maiores e mais caros terão descontos mais vantajosos.
Veja abaixo os descontos conforme o segmento:
R$ 33.600 para veículos para transporte de cargas semileves;
R$ 38 mil para veículos para transporte de cargas leves;
R$ 45 mil para veículos para transporte de cargas médios;
R$ 60 mil para veículos para transporte de cargas semipesados;
R$ 80.300 para veículos para transporte de cargas pesados;
R$ 38 mil para veículos para transporte de passageiros com capacidade para até vinte passageiros montados sobre monobloco;
R$ 60 mil para veículos para transporte de passageiros com capacidade para até vinte passageiros montados sobre chassis;
R$ 70 mil para veículos para transporte de passageiros com capacidade para mais de vinte passageiros para utilização urbana;
R$ 99.400 para veículos para transporte de passageiros com capacidade para mais de vinte passageiros para utilização rodoviária.
Segundo a Medida Provisória (MP), o valor que a concessionária deixará de receber vai ser coberto pela fabricante, que reverterá a quantia em crédito tributário.