Os acidentes rodoviários matam cerca de 1,25 m de pessoas por ano, de acordo com um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). O número mantinha-se relativamente estável desde a primeira avaliação da OMS em 2007, mesmo com o aumento do número de pessoas e veículos nas estradas. Porém, muito acidentes são evitáveis e países pobres são desproporcionalmente afetados.
Os acidentes rodoviários matam mais homens do que mulheres e são a maior causa de morte de jovens de 15 a 29 anos, em todo o mundo. Além do custo humano, é um encargo econômico, custando à economia global cerca de 3% do PIB. Nos países pobres e de renda média, onde ocorrem 90% das mortes (mas onde estão apenas metade dos veículos conduzidos no mundo), esse percentual sobe para até 5%.
Os números no Brasil são impressionantes: em 2013, o número reportado de mortos por acidente de carro foi de 41.059 pessoas. É o equivalente a 112 pessoas mortas por dia, durante um ano. Dentre os países das Américas, o Brasil apresenta uma taxa de mortalidade de 23,4 por 100.000 habitantes. É um dos piores número da região (o segundo pior, depois da República Dominicana).
Conclusões e recomendações – Este informe revela que 1,25 milhão de pessoas morrem a cada ano no trânsito, em todo o mundo, e que esse número estabilizou desde 2007. Diante do rápido aumento da motorização e do aumento da população, a estabilização do número de mortes – cujo aumento era previsível – é um indicador dos progressos conseguidos.
Contudo, os esforços para reduzir s mortes por lesões no trânsito são claramente insuficientes, principalmente se almejamos atingir as metas da segurança no trânsito definidas internacionalmente pela Agenda para o Desenvolvimento Sustentável. Alguns países, que adotaram uma abordagemabrangente, incluindo várias dimensões da segurança viária, conseguiram uma melhora efetiva nesta área.
Hoje, o desafio é replicar em outros países, mas num período de tempo mais curto, a tendência descendente do número de mortes por lesões no trânsitoobservada nas experiências bem sucedidas. A vontade política é crucial para incentivar essas mudanças, mas é especialmente necessário agir sobre alguns pontos específicos:
• Uma boa legislação relacionada aos principais fatores de risco pode ser eficaz na redução dos traumatismos e mortes por lesões no trânsito. Nesse domínio, fizeram-se alguns progressos: nos últimos 3 anos, 17 países (representando 5,7% da população mundial) alteraram as suas leis, para as harmonizar com as melhores práticas na esfera dos fatores de risco. Apesar disso, muitos paí- ses ainda têm legislações inadequadas.
• A falta de aplicação da lei mina, frequentemente, o potencial das leis de segurança viária para reduzir os traumatismos e as mortes. É preciso fazer mais para otimizar os esforços para aplicação da lei.
• Tem sido insuficiente a atenção dada às necessidades dos pedestres, ciclistas e motociclistas, que, em conjunto, representam 49% de todas as mortes por lesões no trânsito no mundo. Não será possível tornar mais seguras as vias em todo o mundo se não se tomar em consideração as necessidades destes usuá- rios em todas as abordagens voltadas à segurança viária. Tornar mais seguros os deslocamentos a pé ou de bicicleta terá outros co-benefícios positivos, se os modos de transporte não motorizado se tornarem mais populares, incluindo mais exercício físico, redução das emissões e benefícios para a saúde associados a essas mudanças.
• Tornar os carros mais seguros significa salvar vidas no trânsito. Oitenta por cento dos países de todo o mundo, especialmente os de baixa e média renda, ainda não cumprem os padrões internacionais mais básicos sobre a seguran- çaveicular. A falta desses padrões nos países de média renda, que estão tornando-se, cada vez mais, grandes fabricantes de automóveis, também poderá pôr em risco os esforços mundiais para tornar as vias mais seguras.
Os governos terão de adotar rapidamente os padrões internacionais mínimos para a construção e montagem de veículos e limitar a importação e a venda de veículos de qualidade inferior em seus países. Os países deverão abordar algumas outras áreas para melhorar a segurança no trânsito.
Por exemplo, terão de melhorar a qualidade dos seus dados sobre os traumatismos ocorridos no trânsito e harmonizar dados, em linha com os padrões internacionais, tendo uma agência líder com a autoridade e os recursos para o desenvolvimento de uma estratégia nacional para a segurança no trânsito, cuja implementação seja por eles supervisionada, tendo ainda de melhorar a qualidade dos cuidados disponíveis para aqueles que sofrem lesões no trânsito.
Estes dados refletem a situação da segurança viária 3 anos depois do início da Década de Ação para a Segurança no Trânsito. Apesar de uma sólida base de evidências sobre aquilo que funciona, está patente que a atenção dada à segurança no trânsito tem sido insuficiente e que estamos pagando um preço muito elevado, em termos de perda de vidas, lesões de longa duração e pressão sobre os serviços de saúde.
A atenção internacional que foi prometida à questão da segurança do trânsito pela nova meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que consiste em reduzir para metade as mortes e os traumatismos provocados por lesões no trânsito, até 2020, constitui uma oportunidade de ouro. Esta oportunidade deve ser aproveitada por todos os países, para tomarem medidas que são altamente necessárias.
Desse modo, o ritmo dos progressos pode ser acelerado e poderemos atingir uma diminuição real das mortes por lesões no trânsito em todo o mundo, compatível com a meta proposta.
Confira o relatório completo | http://www.who.int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2015/en/