O governo federal anunciou uma medida emergencial que zera o imposto de importação para kits de veículos elétricos e híbridos. A decisão, válida por seis meses, visa destravar o processo de montagem local para 16 montadoras. Com uma cota total de US$ 463 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões), a iniciativa é uma resposta direta à disputa entre a Anfavea e a fabricante chinesa BYD, sobre as tarifas para a importação de componentes de montagem, garantindo que novas e antigas montadoras possam dar andamento aos seus planos de produção.
A medida abrange os regimes de montagem SKD (Semi Knocked Down) e CKD (Completely Knocked Down). No SKD, o veículo chega semidesmontado, com a maior parte da estrutura pronta, como é o caso do Audi Q3, que vem da Europa para ser finalizado em São José dos Pinhais (PR). Já no regime CKD, o veículo chega totalmente desmontado, exigindo soldagem, pintura e um maior conteúdo local na montagem, como acontece com o BMW Série 3 e o X1 na unidade de Araquari (SC).
Entre as montadoras que se beneficiam da nova regra, destacam-se a GWM e a BYD, que estão em fase de implantação de suas fábricas no Brasil, em Iracemápolis (SP) e Camaçari (BA), respectivamente, e iniciarão a produção com kits importados. Outras marcas como GAC e Omoda Jaecoo, que atualmente só importam veículos completos, também são contempladas e podem usar a janela de isenção para planejar a produção local.
Montadoras já estabelecidas, como Renault, Honda e Hyundai, e importadoras sem produção local, como Kia, Mercedes-Benz, Porsche e Volvo, também foram incluídas na medida. A cota com isenção é um benefício temporário, válido até o fim de janeiro de 2026.
A decisão governamental foi tomada após a Camex (Câmara de Comércio Exterior) negar o pedido da BYD de redução das tarifas para kits de montagem de 20% e 18% para 10% e 5% por três anos. Embora o pleito não tenha sido aprovado de forma permanente, a pressão gerada pelo impasse com a Anfavea levou o governo a criar a cota de isenção, beneficiando todo o setor e não apenas uma única empresa.
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SKD (Semi Knocked Down) – Regime de importação onde os veículos chegam semidesmontados, geralmente com a carroceria já pintada e partes internas montadas, necessitando apenas da finalização da montagem no país de destino.
CKD (Completely Knocked Down) – Regime de importação onde os veículos chegam totalmente desmontados, exigindo a soldagem da carroceria, pintura e montagem completa das peças, com maior índice de nacionalização.
Anfavea – Sigla para Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, entidade que representa as montadoras com fábricas instaladas no Brasil.
Camex – Sigla para Câmara de Comércio Exterior, órgão do governo federal responsável por formular, adotar, implementar e coordenar políticas e atividades relacionadas ao comércio exterior brasileiro.