O Circuito do Estoril, nas proximidades de Lisboa, em Portugal, sediou um fim de semana de corridas organizado pela Dener Motorsports, que culminou em um evento especial de homenagem ao tricampeão mundial de Fórmula 1, o brasileiro Nelson Piquet.
A homenagem ocorreu no último fim de semana de agosto, e contou com a participação do BMW Group Classic em estreita colaboração com Dener Pires, amigo próximo de Nelson Piquet.
Para celebrar a carreira do piloto, o BMW Group Classic trouxe dois de seus mais lendários carros de corrida.
Um dos veículos apresentados foi o Brabham BMW BT 52 Turbo, o monoposto com o qual Nelson Piquet conquistou seu segundo título mundial em 1983, tornando-se o primeiro campeão de Fórmula 1 na era turbo.
O outro carro em exposição e em atividade foi o BMW M1 Procar, o modelo que levou o piloto a se consagrar campeão da BMW Procar no ano de 1980.
Nelson Piquet assumiu o volante dos veículos por dois dias no circuito português, revivendo momentos marcantes de sua trajetória no automobilismo.
Primeiro, ele realizou um shake-down, que é uma espécie de teste inicial com os dois carros, para verificar o funcionamento e a mecânica dos bólidos.
No dia seguinte, o campeão mundial deu algumas voltas de honra com o Brabham BMW BT 52 Turbo, o carro que marcou a história da Fórmula 1.
A importância do evento foi destacada pela presença de figuras históricas da equipe Brabham.
O então proprietário da equipe, Bernie Ecclestone, e o designer de veículos, Gordon Murray, viajaram para Estoril especialmente para o evento, juntamente com ex-mecânicos de corrida da Brabham.
O retorno de Piquet ao volante de seu BMW de Fórmula 1 ocorreu dez anos depois de sua última pilotagem, em 2015, durante o evento Formula 1 Legends em Spielberg, Áustria.
O piloto brasileiro viajou da sua casa no Brasil até a Europa para pilotar seus dois lendários carros de corrida BMW, em um momento que ele acredita ser a última vez.
Os veículos foram entregues em perfeitas condições graças aos mecânicos de corrida do BMW Group Classic, que também acompanharam o evento prestando toda a assistência técnica.
O Brabham BMW BT 52 Turbo completou o seu segundo teste no ano durante o evento em Estoril, vindo logo após o Festival de Velocidade em Goodwood.
Ao ser questionado sobre o Brabham BMW BT 52 Turbo, Piquet o descreveu como “lindo” e uma “obra de arte“, relembrando que foi a melhor época de sua vida.
Sobre a intensa temporada de 1983, a lembrança mais vívida de Piquet são os muitos test drives realizados.
O piloto afirmou ter passado cerca de 33.000 quilômetros pilotando o Brabham BMW BT 52 Turbo apenas em testes.
Adicionalmente, ele rodou cerca de 7.000 quilômetros durante os 15 fins de semana de corrida da Fórmula 1 daquela temporada, incluindo os treinos e as sessões de qualificação.
A equipe contava com um time de corrida, uma equipe de testes da Brabham e uma equipe de testes da BMW, resultando em um grande volume de pilotagem e um ambiente que ele considera mais pessoal e familiar.
O fator decisivo para a conquista do campeonato mundial de 1983, segundo Piquet, foi o motor turbo da BMW.
O motor da BMW foi desenvolvido depois da concorrência, mas foi o que garantiu a vantagem, com o desenvolvimento do carro e do motor ocorrendo em 1982 e a vitória no campeonato em 1983.
A BMW também foi pioneira, utilizando pela primeira vez sistemas de transmissão de dados por telemetria, embora fossem projetados apenas para o motor.
Esses sistemas se mostraram muito úteis, permitindo que a equipe resolvesse problemas técnicos rapidamente, como questões de consumo de combustível corrigidas após os fins de semana de corrida.
Outro ponto que garantiu o título foi a presença de uma caixa de câmbio extremamente potente no Brabham BMW BT 52 Turbo.
Ao falar sobre a pilotagem, Piquet admitiu a dificuldade em lidar com a enorme potência do Brabham BMW BT 52 Turbo, com a ressalva de que, na época, era a norma.
Hoje, no entanto, ele reconhece que é mais difícil e que ele freia muito mais cedo do que fazia antigamente, dada a evolução dos carros atuais.
A carreira de Nelson Piquet na Fórmula 1 se estendeu de 1978 a 1991, totalizando 204 GPs e 23 vitórias, incluindo 7 com a BMW.
Ele acumulou 485,5 pontos em GPs, com 20 segundos e 17 terceiros lugares.
O brasileiro é tricampeão mundial nos anos de 1981, 1983 (título conquistado com a BMW) e 1987, além de ter sido vice-campeão mundial em 1980.
Sua bem-sucedida trajetória com a BMW inclui a vitória na série Procar em 1980, pilotando um BMW M1.
Em 1981, ele venceu a corrida de 1000 km em Nürburgring em um BMW M1 Grupo 5 ao lado de HJ Stuck.
Sua parceria na Fórmula 1 com a Brabham-BMW Turbo ocorreu entre 1982 e 1985.
Em 1982, ele terminou em 11º na classificação geral com o Brabham-BMW BT 50 Turbo.
Em 1983, ele foi Campeão Mundial de Fórmula 1 com o Brabham-BMW BT 52 Turbo.
Em 1984, terminou em 5º com o Brabham-BMW BT 53 Turbo, e em 1985, ficou em 8º com o Brabham-BMW BT 54 Turbo.
Carreira de Nelson Piquet na Fórmula 1
- 1978–1991: 204 GPs, 23 vitórias (sendo 7 com BMW), 485,5 pontos
- 20 vezes em segundo lugar, 17 vezes em terceiro
- Tricampeão mundial: 1981, 1983 (com BMW) e 1987
- Vice-campeão mundial em 1980
Participações e conquistas com a BMW
- 1980: Campeão da série Procar com o BMW M1
- 1981: Vencedor da corrida de 1000km de Nürburgring com o BMW M1 Grupo 5 (em dupla com H.J. Stuck)
- 1982–1985: Fórmula 1 com a Brabham-BMW Turbo
- 1982: 11º no campeonato, Brabham-BMW BT50 Turbo
- 1983: Campeão mundial de Fórmula 1, Brabham-BMW BT52 Turbo
- 1984: 5º lugar, Brabham-BMW BT53 Turbo
- 1985: 8º lugar, Brabham-BMW BT54 Turbo
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Motor Turbo – Um tipo de motor de combustão interna que utiliza um compressor (turbocompressor) para forçar mais ar para dentro dos cilindros, aumentando a potência sem aumentar o tamanho do motor.
Shake-down – Termo usado no automobilismo para descrever uma pilotagem inicial de baixo ritmo, feita para checar se o carro ou seus componentes estão funcionando corretamente após manutenção ou modificação.
Telemetria – Tecnologia que permite a coleta e a transmissão de dados de desempenho (como rotação, temperatura, consumo) de um veículo remotamente, em tempo real, para a equipe técnica.
Caixa de Câmbio – Componente mecânico, também conhecido como transmissão, que permite ao piloto selecionar diferentes relações de marcha para gerenciar a velocidade e o torque do motor de forma eficiente.