Apesar de 61% dos brasileiros afirmarem que o carro elétrico é o futuro, apenas 3% da população possui um veículo movido a bateria, evidenciando um abismo entre o desejo e a realidade financeira.
A mobilidade elétrica no Brasil vive um momento de forte expectativa psicológica, mas de lenta conversão em vendas. Um levantamento nacional da YouGov, divulgado em 18 de dezembro de 2025, mostra que o terreno é fértil para marcas que souberem equilibrar inovação com custo-benefício.
O estudo aponta que o mercado ainda é dominado por tecnologias tradicionais. Atualmente, 28% dos condutores utilizam veículos Flex a etanol e 10% dependem do diesel. Essa configuração reflete a transição gradual pela qual o país atravessa, utilizando biocombustíveis como ponte.
Para o consumidor brasileiro, o bolso fala mais alto que a ecologia isolada. Cerca de 64% dos entrevistados afirmam que o consumo de combustível é o fator decisivo na hora de escolher um carro novo. Isso coloca o carro elétrico em vantagem operacional, mas em desvantagem no preço de aquisição.
A percepção positiva sobre os elétricos cria uma oportunidade estratégica para fabricantes como a Peugeot e a Lexus, que já possuem frotas eletrificadas. O desafio dessas marcas é transformar a convicção do público em emplacamentos reais através de planos de assinatura e incentivos.
Marcas como a BYD e a GWM têm pressionado os preços para baixo, mas a infraestrutura de recarga ainda é o grande “fantasma” que assombra o comprador. Sem uma rede capilarizada de carregadores rápidos, o SUV elétrico acaba restrito ao uso urbano nas grandes capitais.
A análise da YouGov sugere que o momento para investimentos é agora, especialmente com a proximidade da COP30 no Brasil. O evento deve acelerar parcerias público-privadas para a instalação de eletropostos em rodovias federais, reduzindo a ansiedade de autonomia do motorista.
No segmento de transporte de carga e passageiros, a Iveco e a Iveco Bus também enfrentam esse cenário. Embora o custo por quilômetro rodado do caminhão elétrico seja muito menor, o investimento inicial elevado exige modelos de financiamento mais agressivos para o frotista.
A sustentabilidade, no contexto brasileiro, ganha um aliado único: o etanol. O híbrido flex é visto por muitos especialistas como a solução ideal para a transição nacional, pois utiliza a infraestrutura de postos já existente enquanto reduz drasticamente as emissões de carbono.
Em termos de dirigibilidade, quem experimenta um elétrico dificilmente volta ao combustão pura. O torque instantâneo e o silêncio de rodagem são atributos que encantam o consumidor, mas que sozinhos não vencem a barreira do preço final nas concessionárias.
A pesquisa utilizou a ferramenta YouGov Profiles, com uma amostra de 70 mil brasileiros, garantindo precisão estatística. Os dados mostram que o otimismo existe, mas a indústria precisa de “pé no chão” para viabilizar produtos que caibam no orçamento da classe média.
Comparativamente, o mercado brasileiro está atrás da China e da Europa em volume, mas a mentalidade do condutor local já está alinhada aos padrões globais. A questão não é mais “se” o carro elétrico vai dominar, mas “quando” ele será acessível para a maioria.
O marketing automotivo deve focar em educação técnica. Muitos brasileiros ainda desconhecem o tempo de recarga e a durabilidade das baterias, mitos que precisam ser derrubados para que a confiança na tecnologia se converta em venda na ponta da linha.
Pela ótica da Mecânica Online®, a manutenção do carro elétrico é muito mais simples por ter menos peças móveis. Contudo, a mão de obra especializada em alta tensão é escassa e cara, o que representa um desafio logístico para as redes autorizadas em cidades do interior.
O futuro da mobilidade no Brasil será multimatriz. Veremos a coexistência de elétricos puros, híbridos a etanol e veículos movidos a hidrogênio. A inteligência das montadoras estará em oferecer a tecnologia certa para cada perfil de uso e região do país.
Como o Mecânica Online® é Media Partner do Salão do Automóvel de São Paulo, acompanharemos de perto o lançamento de modelos populares elétricos. A democratização dessa tecnologia será o grande marco da indústria nacional nos próximos dois anos.
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Veículo Flex: Tecnologia automotiva que permite ao motor de combustão interna funcionar com gasolina, etanol ou qualquer mistura de ambos no mesmo tanque, oferecendo versatilidade ao motorista conforme o preço dos combustíveis.
Consumo de Combustível (Eficiência Energética): Medida que indica a quantidade de energia ou combustível necessária para percorrer uma determinada distância; em carros elétricos, é medida em kWh/100km, sendo um dos principais fatores de economia operacional.
Infraestrutura de Recarga: Rede de estações (eletropostos) equipadas com carregadores de diferentes potências que permitem o reabastecimento das baterias de veículos elétricos e híbridos plug-in, fundamental para a viabilidade de viagens longas.
