Na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente a Fundação Toyota do Brasil comemora avanços e resultados positivos em seus projetos de conservação da biodiversidade.
No fim de 2016, o projeto Toyota APA Costa dos Corais ganhou reforço com o Instituto Biota de Conservação, que desenvolve pesquisas para proteção da fauna e da flora e a conservação de mamíferos aquáticos e das tartarugas marinhas.
No último período reprodutivo, que foi de setembro de 2016 a março de 2017, a entidade registrou 131 ninhos e 1300 filhotes soltos ao mar em um trecho de apenas um quilômetro de praia em Maceió, região que tem grande potencial para ser uma das que mais recebem tartarugas para desova no Brasil.
Em três anos, o Instituto Biota registrou um aumento de 155% no número de ninhos nas praias monitoradas.
Segundo Bruno Stefanis, diretor executivo do Instituto Biota, recém monitorada, ainda é preciso realizar pesquisas e ampliar o monitoramento.
“Ainda precisamos realizar mais pesquisas e ampliar nosso monitoramento. Mas de acordo com nossos estudos é bem possível que daqui alguns anos teremos o maior número de desova de tartarugas por quilometro de praia do atlântico sul”.
De acordo com Stefanis, em cada ninho é possível encontrar até 120 ovos e cerca de 70% nascem. No entanto, de cada mil filhotes que nascem somente um ou dois conseguem atingir a maturidade.
Mesmo quando se tornam juvenis e adultos são inúmeros os obstáculos que enfrentam para sobreviver. Além dos predadores naturais, a pesca incidental com redes e anzóis é uma das principais ameaças à população da espécie.
Presas nos diversos tipos de redes e anzóis, não conseguem subir à superfície para respirar e acabam morrendo asfixiadas.
O trânsito de veículos nas praias de desova e a destruição do habitat para desova pela ocupação desordenada do litoral também são um risco para as tartarugas marinhas.
A instalação de luzes artificiais desorientam os filhotes, que seguem para a direção oposta ao mar e se tornam presas fáceis.
Não menos importante, a poluição dos oceanos é outro grande perigo.
“As tartarugas acabam confundido o lixo que chegam as praias com alimento. Ingerindo embalagens como o plástico o animal corre risco de morrer por inanição, já que algumas tartarugas simplesmente param de se alimentar porque sentem o volume “indigesto” no estômago”, explica Stefanis.
A caça para fabricação de produtos e a coleta dos ovos para consumo já são menos frequentes, mas em alguns locais essas práticas são mais uma dificuldade para a vida dessa espécie.
As cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil continuam ameaçadas de extinção, segundo critérios da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção e da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional Para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
Das cinco que ocorrem no Brasil, quatro desovam no litoral alagoano: A tartaruga de pente(Eretmochelys imbricata), oliva (Lepidochelys olivacea), cabeçuda (Caretta caretta, e a verde (Chelonia mydas).
No Pantanal sul-mato-grossense – Após duas décadas de trabalho e triplicar a população da arara-azul, o projeto que leva o mesmo nome retirou a espécie da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente.
Apesar da conquista e dos resultados positivos a cada ano, os esforços não param, pois geralmente, a maioria dos casais se reproduzem apenas a cada dois anos.
Na última estação reprodutiva, que foi de julho de 2016 a março de 2017, especialistas registraram o nascimento de 75 filhotes dos quais 44 voaram.
O número é maior que o do período anterior em que nasceram 49 filhotes e desses 29 voaram. Mas a bióloga responsável pelo projeto e presidente do Instituto Arara Azul, Neiva Guedes, explica que mesmo com o aumento neste ano, sua equipe encontra novos desafios para a conservação da espécie.
“Alguns dos ninhos artificiais, que instalamos há anos têm sido visitados por predadores. No entanto não os identificamos. Ainda não sabemos se são aves ou mamíferos”, explica.
Os ninhos artificias foram instalados em diversos tipos de árvores pela equipe do projeto Arara Azul e são uma alternativa para as aves que colocam seus ovos em cavidades do Manduvi, uma espécie arbórea, chave para a fauna, mas com distribuição restrita a área não inundável no Pantanal.
“Nesta estação reprodutiva, algum predador descobriu os ninhos artificiais ocupados pela arara. Então instalamos câmara trap (máquina automática: foto ou vídeo) para tentar identificar o predador. E ao mesmo tempo, nós estamos elaborando algumas medidas de contenção como cinta metálica no tronco da árvore e se necessário até um novo formato de caixa, que ainda assim, seja adequado para a reprodução das araras”, explica Neiva G uedes, que é também professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp.
Outra medida que apresentou sucesso neste ano foi o manejo dos ninhos naturais pela equipe.
“Achamos que as araras estavam se reproduzindo menos em 2015 por questão de ofertas (falta de cavidades viáveis). Então, trocamos ninhos artificiais que estavam com problemas e manejamos/recuperamos ninhos naturais. Em função disso, com mais ofertas de ninhos, mais casais se reproduziram e fizeram a postura de ovos com sucesso”, comenta Neiva.
Os resultados positivos são fruto de 27 anos de trabalho em estudos de biologia básica, reprodução, comportamento, habitat, manejo e educação ambiental para a conservação da espécie, que no fim da década de 1980 estava ameaçada de extinção, e chegou a somar apenas 1.500 indivíduos no Pantanal.
Hoje, com a importante contribuição do Projeto Arara Azul, especialistas estimam mais de 5.000 indivíduos no Pantanal, na área que inclui os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bolívia.
Apesar das conquistas no Brasil, a espécie ainda permanece na lista vermelha das espécies ameaçadas, elaborada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), pois seu alto grau de vulnerabilidade exige cuidados especiais para a sua conservação na natureza.
“Os estudos não podem parar. Para realmente mantermos a conservação é preciso continuar estudando as relações biológicas, as interações ecológicas e a dinâmica do meio em que vivemos” lembra Neiva.
No total, a iniciativa monitora aproximadamente 3.000 aves, que vivem em 745 ninhos, cadastrados por 57 fazendas, situadas em Miranda, Aquidauana e Bonito (MS) e na região de Barão de Melgaço (MT).
Boa parte dos ninhos está localizada em regiões de difícil acesso, por isso a importância das picapes Hilux com tração 4X4, cedidas pela Fundação Toyota do Brasil.
Os veículos permitem às equipes de biólogos transportarem suprimentos e todos os equipamentos necessários à realização dos trabalhos de campo.