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De olho no topo: os benefícios da diversidade no C-Level das corporações

Empresa com mais diversidade de gênero aumenta em 21% as chances de ser mais lucrativa em comparação com corporações menos inclusivas. Além disso, etnias e culturas diversas nos espaços corporativos podem contribuir para o crescimento da rentabilidade em até 33%.

*Por Otacílio do Nascimento, diretor executivo de comunicação da Fundação Toyota do Brasil – A diversidade, no sentido mais amplo da palavra, precisa estar presente em todos os espaços, inclusive nos ocupados por tomadores de decisão como os altos escalões de empresas.

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Essa reflexão, relativamente recente, vem ganhando espaço na sociedade civil e chegou ao mundo corporativo por se tornar crucial para a sustentabilidade dos negócios. Vivemos um tempo em que não há mais espaço para a segregação e o preconceito dos diversos gêneros, orientações sexuais, etnias, raças, vivências, idades e visões existentes. Urge olharmos para essa demanda de modo a buscar entender quais são os caminhos para garantir ambientes corporativos plurais e os possíveis benefícios que a diversidade têm para as empresas.

Nesse sentido, as mudanças devem começar, principalmente, pelo topo das corporações. Uma vez que as decisões estratégicas são tomadas por esse grupo, esta é uma das maneiras mais eficazes de atingirmos o objetivo. Portanto, um importante ponto de partida é a conscientização de lideranças sobre o impacto positivo que ter executivas e executivos diversos pode causar na condução dos negócios.

Aos céticos, que ainda têm dúvidas sobre as vantagens de ser uma empresa mais inclusiva, um levantamento da consultoria McKinsey incrementou o debate e mostrou os impactos nos números das corporações. De acordo com o estudo, uma empresa com mais diversidade de gênero aumenta em 21% as chances de ser mais lucrativa em comparação com corporações menos inclusivas. Além disso, etnias e culturas diversas nos espaços corporativos podem contribuir para o crescimento da rentabilidade em até 33%.

Mas, os benefícios não se restringem aos lucros da empresa – mesmo que este ainda seja um dos principais motivadores. Estabelecer a diversidade no C-Level é, também, uma forma de fortalecer e engajar, entre os seus colaboradores, valores que os conectam com a sociedade à medida que combatem o preconceito e promovem a igualdade de direitos e oportunidades para todos.

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Otacílio do Nascimento, diretor executivo de comunicação da Fundação Toyota do Brasil

Para cobrar essa postura, é preciso dar o exemplo. A Fundação Toyota do Brasil, que tem mais de 50% da equipe formada por mulheres, é presidida por Viviane Mansi, que lidera a organização há mais de três anos, além de encabeçar a área de ESG e Comunicação da América Latina e Caribe, pela Toyota do Brasil. Eu, como um profissional LGBTQIAPN+, também ocupo um cargo no C-Level, como diretor executivo da Fundação. Acredito que, ao assumir minha orientação sexual, mais pessoas se sentirão confortáveis para fazer o mesmo e, com isso, teremos ainda mais diversidade.

Apesar da notória evolução do tema dentro de empresas, é necessário avançar ainda mais para que a diversidade seja uma realidade de fato. De acordo com o estudo Diversidade no Setor Automotivo, realizado por Automotive Business em 2021, apenas 22% das organizações contam com programas estruturados, enquanto 47% têm ações pontuais e 32% não têm nenhuma iniciativa voltada à inclusão desse público.

Esbarramos, ainda, em práticas indevidas, como é o caso do Rainbow washing, que se caracteriza pelo apoio à causa LGBTQIAPN+ apenas em épocas em que o assunto tem mais visibilidade. Um exemplo é durante o mês do orgulho desta comunidade, comemorado em junho.

Algumas empresas se engajam no debate no período, mas, após a passagem das celebrações, o tema deixa de ser falado e praticado internamente. Ou seja, torna-se uma mera iniciativa de marketing, sem, de fato, colaborar com a causa de maneira perene. Outra prática de discriminação recorrente nas empresas é o tokenismo, que se caracteriza pela seleção ou promoção de uma pessoa devido à sua raça, etnia, gênero, ou outro marcador social, e não por suas habilidades e qualificações.

Aliado a isso, a presença de funcionários LGBTQIAPN+ em cargos de chefia, direção e presidência das empresas ainda é bastante tímida. Segundo a pesquisa Diversidade e Inclusão (D&I), da consultoria Great Place to Work (GPTW), apenas 8% das lideranças corporativas são ocupadas por esses profissionais, que também são os que mais escutam piadas e comentários preconceituosos no trabalho: 24% já vivenciou ou presenciou uma situação desse tipo.

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O debate sobre diversidade no alto escalão das corporações já faz parte das rodas de conversa de todas as hierarquias empresariais, mas a consolidação dessa demanda ainda é tímida. É inegável que há, sim, uma melhora no cenário, mas ainda temos um longo caminho pela frente. Construir espaços igualitários e plurais, com líderes diversos, é mais uma maneira de garantir os direitos dos grupos minorizados, e as empresas desempenham um papel fundamental nesse sentido e não podem se esquivar das suas funções sociais.

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