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A idade da Frota: Nova, porém mal tratada !

 

No dia 3 de fevereiro o Jornal do Carro do Estado de São Paulo editou uma matéria sobre as condições das estradas de rodagem no Brasil e o envelhecimento da frota. Tive a oportunidade de conversar com o Repórter Hairton Ponciano Voz, editor do Jornal do carro, onde discutimos esse tema por telefone, colaborando com a matéria. A conversa com o Hairton me levou a refletir sobre este tema motivando escrever esta coluna.

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A Frota Brasileira dependendo da fonte de consulta tem entre 6,9 anos (Jato Consultoria ) e 8,7 anos (SINDIPEÇAS), o que poderia ser considerada uma frota jovem, uma vez que compararmos as frotas ao redor do mundo temos números maiores como por exemplo nos Estados unidos onde a media é de 11,5 anos e na Alemanha 9,4 anos. Dado a minha formação na área das ciências exatas, não me apego somente as médias, pois estas sem os devidos desvios padrões podem nos levar à informações errôneas sobre uma determinada amostra.

Suponha que dois amigos vão a uma pizzaria. Um dos dois come uma pizza inteira e o outro não come nada… Na média cada amigo comeu ½ pizza!

É importante saber como esta frota está distribuída pelos anos para sabermos se os 6,9 – 8,7 anos estão espalhados ao longo de vários anos ou se existe uma concentração de volume de veículos ao redor destes números medianos. Imagine que um grande volume de carros da nossa frota tenha exatamente os 6,9 anos, o que é possível pois foi próximo ao ano 2008 que tivemos o boom dos carros populares e os incentivos fiscais como reduções de IPI, credito fácil e de longo prazo, levando uma grande parte da população a trocar de carro ou mesmo a adquirir o seu primeiro modelo.

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Se partirmos da premissa que nossa frota é jovem e que a distribuição dos veículos pelos anos apresenta um comportamento normal, teríamos a expectativa de que um grande volume dos carros em circulação apresentassem boas condições de rodagem, poluindo menos, com um menor numero de quebras e de acidentes. Infelizmente esta não é a realidade que encontramos no Brasil. O estado das estradas e ruas do país, as inúmeras lombadas (Obstáculos) em nossas cidades, o transito pesado, e principalmente a falta de manutenção dos veículos em geral, faz com que a suposta media de 7 anos não seja representativa se comparados a outros países ao redor do mundo.

As estradas Brasileiras há muito tempo deixaram de ser um primor, buracos e trincas no pavimento aparecem todos os dias, ora ocasionados por veículos que trafegam com excesso de carga, ora por intempéries e até mesmo pela falta de manutenção adequada das vias. “Quando” ocorre o fechamento dos buracos ou reparos da manta asfáltica, em algumas cidades do Brasil, parece que são feitos propositalmente para causar outro tipo de defeito na pista: os degraus! Tudo isto faz com que as suspensões dos veículos sejam afetadas, e eventualmente danificadas pois colocam nelas maior stress e frequência de funcionamento, diminuindo a vida de amortecedores e molas. Isto sem contar quando um veiculo “cai” em um buraco e tem uma quebra grave dos elementos da suspensão ou “embolhamento” do pneu.

Nas cidades, e em algumas estradas, a presença de lombadas (físicas) para redução de velocidade nas pistas fazem com que as suspensões dos veículos trabalhem acima do esperado, e que os freios e embreagens sejam acionados em um numero maior de vezes do que necessário.

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A poeira e a poluição em excesso colaboram para a deterioração de filtros e componentes. Os filtros de ar do motor tem entupimento acelerado causando maior consumo de combustível.

Combustíveis adulterados, de baixa qualidade, fazem com que os motores trabalhem fora da regulagem correta, geram depósitos nas válvulas e cabeçotes, fazendo com que o veiculo passe a poluir acima do esperado. Tudo isto sem contar com as centenas de motores danificados seriamente pelo uso destes combustíveis.

Em adição a todos esses fatores externos, devo chamar a atenção, para a falta da manutenção dos veículos. Observa-se que os proprietários de veículos procuram hoje as oficinas em casos extremos e uma grande maioria foca somente na forma mais econômica de se resolver o problema. Não atentam se todas as peças necessárias foram substituídas, se as peças são de qualidade se o serviço foi executado com ferramentas corretas, se não sobraram no sistema peças trincadas ou danificadas…

Trocas de pastilha e disco de freios, amortecedores e molas, filtros, correias , e até óleo, só são efetuadas quando o veiculo começa realmente a apresentar algum defeito. São poucos os proprietários que se preocupam em fazer a manutenção preventiva necessária indicada nos manuais dos veículos. Um carro com 8 anos de uso, tem ao menos 80.000 km (existem exceções para mais e para menos ). Nesta altura da vida já deveria ter pneus, velas , correias e ouros componentes substituídos.

Pneus sem menos condição de rodagem, “carecas“ ou com bolhas causadas pelo rompimento da sua estrutura interna, são utilizados até seu ultimo milímetro de borracha, colocando em risco os passageiros do veiculo e de outros veículos circulantes.

Toda esta situação de baixa manutenção veicular pode ser motivada por falta de recursos, falta de conhecimento ou por ambos.

Os programas de inspeção veicular, como os que foram implementados na cidade de São Paulo, por exemplo, minimizavam os problemas com os veículos sem condições de transitar nas ruas. Verificavam a principio as condições de regulagem dos motores visando a emissão de gases poluentes, e objetivavam no futuro efetuar verificações de ruído , equipamentos de segurança e condições gerais do veiculo. Por razões politicas o Programa de Inspeção veicular foi extinto da esfera Municipal de São Paulo sem a devida adoção pela administração Estadual ou Federal, esta ultima mais adequada, correta e efetiva, pois esta inspeção ficaria sob a responsabilidade do DENATRAN. De qualquer forma, fica difícil as autoridades Federais ou mesmo as Estaduais exigirem uma manutenção adequada dos veículos com penalidades e multas, quando eles mesmos não cumprem a premissa básica de se manter as estradas em boas condições e os postos de combustíveis sob vigilância permanente quanto a qualidade dos combustíveis.

Outra iniciativa, que com certeza rejuvenesceria a frota nacional, que se encontra sem prioridades em gavetas do governo, é o Programa de Reciclagem da Frota, que incentivaria carros com certo numero de anos a serem desmontados, de forma correta e processual, tendo seus componentes devidamente separados e reciclados. Este projeto vem sendo estudado há alguns anos por entidades da área e pela indústria automotiva, porém ainda não existe um consenso final sobre as formas e as responsabilidades de se efetivar tal programa, um tanto quanto impopular, lembrando que os veículos mais antigos, em sua grande maioria, circulam entre pessoas de menor poder aquisitivo que muitas vezes utilizam desses veículos para realizar o seu trabalho.

Enfim, às condições de estradas e ruas, somadas a baixa manutenção preventiva, fazem com que a nossa frota de automóveis de 7 – 9 anos de idade se pareça mais com uma frota de 15 – 20 anos.

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