Com uso obrigatório para todos os brasileiros que desejam obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) desde 1º de janeiro de 2016, os simuladores de direção veicular já estão presentes em 21 estados. Até março, mais de 2 milhões de aulas foram aplicadas na ferramenta.
“No total, as regiões que já contam com portarias regulamentando o uso do equipamento representam 92,28% de todas as CNHs emitidas no Brasil”, explica Agnaldo Soldera, diretor comercial da ProSimulador, uma das empresas homologadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para o fornecimento de simuladores de direção para os Centros de Formação de Condutores (CFCs) de todo o país.
Para Paulo Guimarães, diretor técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (OSNV), os seis estados que ainda não contam com simuladores de direção devem agilizar a adaptação. “Essas regiões, que representam menos de 8% das CNHs brasileiras, precisam correr. Não podemos ter um condutor bem formado no Rio Grande do Sul, por exemplo, e outro com formação antiga no Mato Grosso, visto que a carteira tem validade em todo território nacional”, explica.
Em todas as regiões do Brasil, proprietários e diretores de CFCs comentam sobre os benefícios do simulador para os alunos e para o trânsito em geral. Segundo Wallace de Souza Lima, proprietário do CFC Visão, de Rio Branco (AC), os aparelhos auxiliam na educação e garantem resultados tangíveis. “Já percebemos uma queda de 60% no índice de reprovação nas provas práticas”.
Claudia Mascarenhas, diretora de ensino do CFC Santos, em Ouro Preto (MG), conta que os alunos apresentam feedbacks positivos quanto ao aprendizado no simulador. “Eles sempre falam que chegam mais bem preparados ao veículo, sabem a hora de trocar de marcha e conhecem os controles básicos”.
Para ela, há ainda um ganho financeiro para a autoescola. “Como os alunos já iniciam as aulas no carro sabendo trocar as marchas de modo correto, notei redução de custos com a manutenção dos veículos”, garante.
Como toda grande mudança, seu início traz incertezas e dúvidas. Na Paraíba não foi diferente. “No começo ficamos revoltados, mas hoje, não queremos que saia (a obrigatoriedade) de jeito nenhum”, explica Marilene Bezerra, proprietária do CFC Liderança, de João Pessoa. “No nosso estado, o número de acidentes diminuiu de modo significativo”, finaliza ela, que destaca, ainda, que a possibilidade de realização das aulas noturnas no simulador aumenta a segurança de alunos e instrutores.
Diretores de autoescolas do Rio de Janeiro e de São Paulo, como dos CFCs Ímola e Século XXI, respectivamente, também garantem que seus alunos se sentem mais preparados para as aulas nas ruas. “Os futuros motoristas estão mais conscientes e têm mais noção do que é o trânsito em si. A mudança é nítida”, afirma Luciana dos Reis, de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Os Detrans dos estados nos quais os simuladores de direção veicular ainda não estão implementados seguem em negociação junto ao Denatran e ao Contran para que, o quanto antes, estejam adaptados.