O financiamento de veículos novos registrou o seu mais fraco desempenho no ano passado. O total de recursos liberados foi R$ 80,2 bilhões, o que representa uma queda de 9,9% em doze meses.
De acordo com levantamento da ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras), até então o menor volume era de R$ 88,9 bilhões, alcançado em 2015.
“O fraco desempenho da economia impactou fortemente na concessão de crédito ao consumidor. Ao mesmo tempo em que os bancos, em razão do aumento dos riscos, foram mais rigorosos, muitos consumidores optaram por adiar suas compras com medo de não quitar sua dívida. O ano de 2016 foi de muita cautela, tanto por parte das pessoas, como por parte das instituições financeiras”, avalia o presidente da entidade, Gilson Carvalho.
Na avaliação do executivo, 2017 deverá ser um pouco melhor. A expectativa é de que o saldo de financiamentos para a compra de veículos e motocicletas registre um pequeno aumento de 2,5% e alcance a marca de R$ 166,7 bilhões.
Já o total de recursos liberados poderá crescer um pouco mais e somar R$ 86,7 bilhões, o que representa uma alta de 5,5%.
“No primeiro semestre, o mercado deverá manter o ritmo, pois o nível de confiança da população ainda continua baixo e ninguém quer comprometer sua renda ou ficar inadimplente. Depois, nossa expectativa é de crescimento no volume de negócios, mas ainda muito inferior aos anos anteriores”, avalia Carvalho.
Inadimplência – Em 2016, a taxa de inadimplência nas operações de financiamento registrou aumento de 0,4 ponto percentual tanto para pessoas físicas como para jurídicas. Para o primeiro grupo, a taxa foi de 4,6%, enquanto para o outro, foi de 5.0%.
Na carteira de leasing, o índice de não pagadores foi um pouco menor: 3,8% para as pessoas físicas e de 3,6% para as empresas.
“Os índices de inadimplência ficaram abaixo da expectativa, o que é muito bom, mas estão crescendo. Em 2014, a taxa para as pessoas físicas era 3,9% e em 2015, foi de 4,2%”, explica o presidente da ANEF.
Modalidades de pagamento – O financiamento mantém a preferência do consumidor na hora de fechar a compra de um zero quilômetro. No ano passado, 49% dos negócios envolveram operações de CDC.
As compras à vista registraram o melhor resultado desde 2008 e corresponderam por 44% das vendas efetuadas em 2016. O consórcio respondeu por 5% dos contratos e o leasing, por 2%.
No segmento dos veículos pesados, o Finame foi responsável por 62% das negociações, seguido pelo CDC (17%), compras à vista (14%), consórcio (5%) e leasing (2%).
“Em veículos comerciais o financiamento via Finame sofreu retração de quatro pontos percentuais no ano passado, em relação ao mesmo período de 2015. Isso pode ser atribuído, em grande parte, à migração para modalidades de financiamento, como o consórcio e o CDC, e também para as vendas à vista”, afirma o vice-presidente setorial de veículos comerciais da ANEF, Bernd Barth.
“Um dos prováveis fatores para essa mudança pode ser atribuído às condições pós-fixadas do Finame, que não se mostraram tão atrativas em relação às demais modalidades pré-fixadas, sinalizando preferência dos clientes por alternativas mais seguras e previsíveis de financiamento frente a um cenário econômico considerado ainda instável”, conclui.
Já a maioria dos compradores de motocicletas optou pelo consórcio. No ano passado, essa modalidade de crédito foi responsável por 36% dos contratos. Na sequência, estão os financiamentos com 34% das operações e as compras à vista, com 30%.
“O consórcio evoluiu substancialmente no ano passado e passou a ser a primeira opção do consumidor, quando ele não tem recursos suficientes para fechar o negócio à vista. Podemos dizer que essa modalidade de crédito permanece sólida e é representativa no escoamento das motocicletas fabricadas no Brasil”, avalia o vice-presidente setorial de motocicletas da ANEF, Ricardo Tomoyose.
Recursos liberados – Dos R$ 80,2 bilhões liberados ao longo do ano passado para a compra de um veículo novo por meio do CDC (Crédito Direto ao Consumidor), R$ 71,4 bilhões foram destinados para as pessoas físicas e R$ 8,8 bilhões para as empresas.
Esse montante é 10,2% e 7,0% menor na comparação com 2015.
A entrada do 13º salário e as promoções promovidas pelas redes de concessionárias ajudaram a alavancar os negócios em dezembro, que registrou o melhor resultado do ano nessa modalidade de crédito.
O total liberado foi de R$ 8,0 bilhões, aumento de 10% em relação a novembro, e de 1,7% na comparação com o mesmo período de 2015. Para as pessoas físicas foram destinados R$ 7,2 bilhões, enquanto para as jurídicas, R$ 857 milhões.
Na carteira de leasing, no acumulado do ano, foram liberados R$ 2,0 bilhões, queda de 32,2% em doze meses. O maior volume, de R$ 1,4 bilhão, foi destinado para as pessoas jurídicas, e os R$ 631 milhões para as pessoas físicas. Na comparação com os negócios realizados em 2015, a queda foi de 25,7% e de 43,6%, respectivamente.
No último mês de 2016, as operações de leasing atingiram R$ 162 milhões, redução de 16,5% na comparação com novembro e de 50,3% em relação ao mesmo período de 2015.
Para as pessoas jurídicas foram liberados R$ 124 milhões e para as pessoas físicas, R$ 38 milhões.
Saldo das carteiras – No acumulado do ano, o saldo das carteiras de financiamento foi de R$ 162,7 bilhões, uma diminuição de 11,4% em doze meses.
Desse total, R$ 158,3 bilhões foram destinados para as operações de CDC e os restantes R$ 4,4 bilhões para o leasing. Esse indicador equivale a 2,6% do PIB (Produto Interno Bruto).
No mesmo período de 2015, essa taxa era de 3,1%, o que representa uma queda de 0,5 pontos percentuais – isso representa 5,2% do total de crédito do SFN (Sistema Financeiro Nacional) e 10,5% do total das operações de crédito – recursos livres.
Taxa de juros – Na comparação com as instituições independentes, as taxas praticadas pelos bancos ligados às montadoras continuam mais atraentes.
Em dezembro, as entidades associadas à ANEF cobraram juros de 23,14% ao ano e 1,76% ao mês, enquanto os independentes trabalharam com 25,70% e 1,92%, respectivamente.
O prazo médio das concessões é de 42,4 meses. Já o prazo máximo oferecido pelos bancos é de 60 meses.