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Bigodinho enganador

Anos 70, Marcos Zamponi, o nosso querido Zampa, que tão cedo se foi, morava em Londres, passando por muitos perrengues.

Adorava corrida de automóveis – era um dos maiores especialistas no setor – e foi para a terra da Rainha com a cara e a coragem.

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Naquele ano lutava para ir a todos os GPs da Fórmula 1. Foi de carona para Mônaco, sem um tostão no bolso.

– Tava mais duro que pau de galinheiro – me contou ele, com aquela maneira de contar as coisas, que continha um núcleo verdadeiro e muita criatividade ao redor.

Era uma delícia ouvi-lo, com aquele seu sotaque carioca de Copacabana. E, na maioria das vezes, saiamos da “audição” com os estomago a doer de tanto rir.

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Pois bem, em Mônaco Zampa encontrou seu amigo Duda, a quem não via há algum tempo.

Abraços daqui e dali, como vai a vida etc etc. Daí Zampa chorou as mágoas pro amigo.

– Falei pra ele que tava durango kid, sem dinheiro nem pra comer. Chorei mesmo porque achava que ele podia me ajudar. E ajudou.

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Só que de uma maneira meio deselegante, me dando sua pasta para carregar, em troca de US$ 100. Eu não sabia se o manda à ou para a.

Fiquei quieto, com aquelas verdinhas dava para comer uma semana.

E lá se foi o Zampa carregando a pasta do amigo e o dinheiro no bolso.

Num determinado momento ele, Duda, avistou um grupo onde estavam três ou quatro moças, todas muito bonitas e elegantes, tal e qual como se espera de uma moça no GP de Mônaco.

No meio delas um sujeito bem vestido, sorrindo a fazendo-as sorrir.

– Vamos lá entrevistar o Granham Hill! Gritou Duda.

– Onde? Replicou Zampa.

– Ali, com aquelas moças, vamos lá!

E o Zampa tentou falar alguma coisa mas o amigo foi taxativo, gritando que ou ele ia, ou devolvia a grana.

Novamente Zampa pensou em manda-lo para a ou à…… Mas garantir o rango por uma semana foi mais forte.

E as moças riam – Empolgado, Duda se apresentou ao “Hill” e o cravou de perguntas, que foram todas respondidas com presteza e conhecimento de causa.

E as moças achavam aquilo tudo muito engraçado. E o Zampa, só ali, rindo por dentro.

Terminada a entrevista, as moças e o “Hill” se afastaram e o Zampa abriu o jogo pro Duda.

– Duda, tentei te avisar mas você não quis me ouvir, mas agora vou te contar, Este cara não era o Hill, era o David Niven, ator, que acompanha as corridas de F1 e por isso te respondeu a tudo a que você perguntou. Por isso as moças estavam rindo tanto.

De igual eles só têm o mesmo bigodinho fino.

Mas meu querido amigo Zampa estava errado. Além daquele bigodinho enganador, eles tinham algo a mais de comum: parte do sobrenome. Ambos era Graham.

O ator, James David Graham Niven e o piloto era Norman Graham Hill. Se o Duda tivesse dito que iria entrevista o Graham, não estaria longe da verdade, certo?

Graham Hill, o “entrevistado”, disputou a F1 por 18 anos, de 1958 a 1975 e foi bicampeão, em 1962 e 1968.

Foi o único piloto a vencer a tríplice coroa de automobilismo: 24 Horas de Le Mans (1972),

500 Milhas da Indy (1966) e a F1 1963/64/65/68/69). Até 2016, era, junto com Damon Hill, a serem os únicos pai e filho campeões na F1.

David Niven, o “ator piloto”, ganhou o Oscar de melhor ator, da Academia, por sua participação, por apenas 15 minutos, no filme Separate Tables, em 1958.

Fez dezenas de filmes, entre eles, A Pantera Cor de Rosa e Cassino Royale, em que ele representa o agente James Bond, papel que havia disputado anteriormente com Sean Conery, que ficou com a série de 007.

Os produtores dos dois filmes eram diferentes.

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