O setor automotivo brasileiro registra sinais de recuperação após longo período de recessão e já avança em direção às novas tendências da mobilidade urbana no mundo, que apresenta uma transformação sem precedentes, rumo à eficiência enérgica e à segurança veicular, inclusive com o uso de sistemas de propulsão alternativos no lugar dos convencionais motores de combustão interna.
Considerada irreversível, essa transformação traz impactos diretos aos projetos veiculares, que precisam ser inovadores, mas sem aumento de custo da fabricação – equação que pode ser resolvida com multimateriais.
Em amplo portfólio, destacam-se aços avançados de alta resistência, ligas de alumínio, ligas de magnésio e compósitos.
Pesquisas avançadas já anunciam novas ligas de aços com alta capacidade de conformação.
A indústria da mobilidade ainda trabalha muito com metais, que têm o grande desafio de fazer a conformação e a soldagem de materiais dissimilares, o que exige que os processos devam ser cuidadosamente analisados a fim de atender os mais elevados requisitos de projeto.
É preciso encontrar um meio termo, no qual todos os materiais envolvidos atuem de forma cooperativa, em vez de competitiva, para a garantia da integridade.
Aplicações de multimateriais nos projetos veiculares representam uma alternativa para a superação das limitações de materiais convencionalmente utilizados, a exemplo de diversos tipos de aços, na medida em que demonstram a capacidade de viabilizar melhores índices de redução de peso e espessura de trabalho, que são requisitos para integridade estrutural, segurança e conforto dos ocupantes.
Em um primeiro momento, uma tecnologia bastante desenvolvida para superar essas limitações é a estampagem a quente de metais.
Outro recurso muito utilizado é o emprego de alumínio em componentes não estruturais e partes móveis do veículo.
Ao se trabalhar com esses materiais, o desafio é o elevado custo para sua aplicação, se comparado ao aço.
Outros desafios se relacionam à soldagem de metais dissimilares e à produção em larga escala.
Trabalha-se, então, com a reciclabilidade do alumínio e o baixíssimo peso específico do magnésio.
Uma das potenciais tecnologias para se trabalhar com multimateriais é a Tailor Welded Blank, que permite a solda de chapas de diferentes materiais por meio de processos não convencionais antes da conformação.
Essa alta complexidade de projetos, cada vez mais dotados de multimateriais, exige um ambiente de cooperação entre parceiros para que haja sinergia entre processos de produção.
Quem tiver interesse em conhecer mais e discutir o assunto está convidado para o 9º Simpósio SAE BRASIL de Materiais, dia 22 de novembro, na Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), em Belo Horizonte, MG.
* Ana Carolina Souza é co-chairperson do 9º Simpósio SAE BRASIL de Materiais