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Encontro da Indústria Automotiva destaca os rumos do mercado diante das mudanças tecnológicas

O Encontro da Indústria de Autopeças, promovido pelo Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), reuniu mais de 400 pessoas, entre empresários e personalidades do setor automotivo, no São Paulo Expo, na capital paulista, para debater diversos temas relevantes, entre eles, tendências e perspectivas do segmento.

O evento abriu a discussão sobre as adaptações do mercado para acompanhar as novas tecnologias, influência de consumidores mais conectados e o surgimento de diferentes formas de mobilidade que exigem transformações em toda a cadeia produtiva do setor de automotivo e também mudam os vetores que vão ser mais significados nos negócios, onde serviços por meio de plataformas devem ganhar destaque e quem deter essa tecnologia sairá na frente e se manterá fortalecido nesse novo contexto.

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Além disso, os participantes do evento também falaram em competitividade, produtividade, redução de custo, gestão e cooperação entre as empresas.

A questão do livre comércio entre México e Brasil também foi apresentada, assim como a situação do mercado argentino que sofre com recessão.

Em sua participação, Herbert Demel, presidente da Volkswagen do Brasil de 1997 a 2002, e hoje, CEO da canadense Magna, deixou mensagem de otimismo com o mercado brasileiro, destacando que o poder de compra no Brasil em relação ao mundo é três vezes maior do que em 1980, além disso, também se encaixa nas tendências ambientais e poderá ser líder em tecnologia verde.

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“Os negócios vão florescer. Mas, é preciso continuar a lutar contra a corrupção”, comentou Demel.

Painel Visão de Futuro – Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, ressaltou que a indústria está mudando.

A demanda exige que as empresas cuidem da saúde dos negócios e dos empregos.

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Sobre a América Latina enfatizou que tem potencial para crescer, mas é preciso aumentar competitividade, ter qualidade de produtos e lançar veículos com novas tecnologias.

A Toyota investe em conectividade, carros autônomos e serviços, como o Toyota Mobility Service, locação de automóveis.

No Brasil está em teste, com lançamento previsto para setembro.

Na região, também há oportunidade de eletrificação.

Acabou de lançar o primeiro híbrido flex que equipará a nova geração do Corolla e será a ponte para novas tecnologias.

“A principal tecnologia da eletrificação vem dos híbridos, que é a base do futuro”, comentou.

O presidente da ZF na América do Sul, Carlos Delich, destacou algumas tendências para o futuro – eletrificação, mobilidade compartilhada, carro autônomo e a conectividade.

Mas, há desafios para serem vencidos em algumas regiões como o Brasil, como a autonomia para grandes distâncias.

Disse que, em 50 anos, a indústria estará cobrindo o híbrido e o elétrico.

A ZF fabrica, hoje, componentes elétricos e está se preparando para aplicá-los.

“A fórmula é fornecer competitividade na eletrificação por meio da ZF que oferecerá a solução completa no futuro”, disse Delich, ressaltando que haverá muitas joint ventures e ninguém fará nada sozinho.

É preciso trabalhar junto com os fornecedores, de maneira compartilhada.

Falou ainda que a ZF não quer ser uma empresa de logística no Brasil e sim fabricar seus produtos no País, mas não há como esperar atitudes do governo.

“Precisamos fazer acontecer”, disse.

Já Carlos Zarlenga, presidente da GM no Mercosul, disse que, apesar dos recentes investimentos anunciados pela companhia, a situação da indústria não mudou.

“Grande parte das empresas automotivas na América do Sul perdem ou empatam e que a carga de impostos onera os custos”, comentou.

Também disse que o Brasil precisa ser mais competitivo e que é preciso fabricar veículos não só para o mercado doméstico, mas para exportação.

Contudo, a carga de impostos acaba por inviabilizar as vendas para o exterior.

Mark Gottfredson, diretor da Bain & Company, nos Estados Unidos, ressaltou que há entraves demográficos e econômicos que devem ser considerados.

“A combinação de recessão, demografia e mudanças tecnológicas criarão uma enorme ruptura na indústria automotiva e um declínio permanente no número total de veículos produzidos”, ressaltou Gottfredson, que acredita que os veículos elétricos compartilhados e autônomos irão, fundamentalmente, reformular a cadeia de valor e os lucros para a indústria.

Mas, apesar das disrupturas criarem riscos também geram oportunidades para fornecedores.

Para ele, essas mudanças acontecerão mais rapidamente do que a maioria espera.

“Os vencedores serão aqueles que desenvolverem estratégias dinâmicas que permitam um ajuste ágil às incertezas do mercado. Aqueles que agem primeiro, mas sabiamente, são mais propensos a vencer”, falou.

Painel Inserção Competitiva – André Armaganijan, diretor-geral da Marcopolo, empresa que completa 70 anos, disse que o Brasil é o quarto mercado mundial em vendas de ônibus e a Marcopolo é a maior exportadora do País.

No plano até 2023, a Marcopolo tem como objetivo crescer no Brasil, exportações e negócios internacionais, atuando para prover soluções de mobilidade de forma sustentável, com excelência operacional, comercial, soluções financeiras, liderança em operação e atuação internacional.

Para assegurar excelência, atua, entre outros, com a filosofia Lean, otimização de fábricas, redução de custos, elevada capacidade de customização, presença nos mercados, identificação de oportunidades, inovação, soluções em soluções em propulsões alternativas e eletromobilidade, referência em produtos e treinamento.

Volker Barth, CEO da DGH na Alemanha, falou sobre os desafios da indústria automotiva.

O mercado global automotivo está estagnado, especialmente, nos Estados Unidos, bem como a Europa está saturada e o mercado emergente cético.

Há preocupações ambientais, emissões mais rigorosas e com o aquecimento global.

Na Alemanha, citou novas medidas para o consumo e a queda de 40% no mercado nos últimos 5 meses.

Também falou sobre o aumento de barreiras comerciais, como o Brexit e new Nafta, e o avanço de novas tecnologias, como os carros autônomos, híbridos, elétricos e a indústria 4.0.

O professor do Insper, Sérgio Lazzarini, disse que fatores locais são importantes para a competitividade e que haverá demandas diversas e recursos de cada localidade.

“As bases da competitividade envolvem políticas horizontais e verticais, recursos e competências das empresas, inserção em cadeias globais, especificidades regionais, bem como competências governamentais”, comentou.

No entanto, ressaltou que as políticas industriais são pouco efetivas, pois oferecem muitos recursos, pouco acompanhamento e avaliação de impacto, além de benefícios desiguais.

Concluindo citou pontos relevantes para mudar as práticas atuais – novos padrões de governança, autonomia limitada, políticas industriais com critério e avaliação e relações governamentais responsáveis.

Nelson Gramacho, diretor do Boston Consulting Group, ressaltou o futuro do crescimento sustentável em longo prazo depende da melhoria da produtividade e que a competitividade da indústria brasileira é muito abaixo de outros países, impactada por fatores já conhecidos, como infraestrutura deficiente, elevada carga tributária e baixo nível de educação.

Mas, alertou que nem todos os fatores são externos às empresas.

“As empresas podem agir efetivamente na produtividade do trabalho”, exemplificou.

Citou também que elas podem atuar na eficiência operacional, com mais automação, redesenho de processos e otimização do Supply Chain; trabalhar a eficiência comercial, com efetividade da força de vendas e estratégia de precificação; a eficiência de capital, com otimização dos ativos imobilizados; e também a eficiência organizacional, com revisão de escopo e níveis de serviços.

Levando em consideração essas medidas, pode-se alcançar até 20% em aumento da produtividade do trabalho, 30% no aumento da efetividade da força de vendas, 20% de redução nos níveis de estoque, 5% de aumento em vendas e 15% de redução de posições gerenciais.

Painel PMEs – George Rugitsky, diretor-geral da Freudenberg-NOK do Brasil, disse que qualquer cadeia produtiva possui grande número de PMEs em sua base de fornecimento.

Explicou que os elos da cadeia automotiva são formados por Tier 3, Tier 2, Tier 1 (sistemista) e OEM (montadora). “Das 470 empresas do Sindipeças cerca de 360 são PMEs”, ressaltou.

Segundo Rugitsky, o adensamento deve ser substituído pela especialização da cadeia produtiva.

Para isso, será necessário investimento não só para upgrade tecnológico em busca da competitividade, mas também para adaptação das empresas aos conceitos da indústria 4.0.

De acordo com pesquisa com 61 associados do Sindipeças, 81% das empresas não têm previsão orçamentária para implantação de processo produtivo totalmente digitalizado, situação indistinta, seja por parte ou por origem de capital.

Rugitsky destacou também que para que as PMEs se mantenham competitivas, há desafios como investimentos em reposicionamento, automação, digitalização, softwares, equipamentos tecnologicamente atualizados e capacitação.

Citou os caminhos que levarão à garantia de sobrevivência dessas empresas: diversificação/reposicionamento do portfólio e parcerias tecnológicas e estratégicas.

David Wong, diretor da A.T. Kearney, disse que o ambiente de negócio, hoje, é complexo, e há deficiências competitivas, como limitação de crédito e formação bruta de capital, alto custo de fazer negócios limitando investimentos, complexidade e alta carga tributária, baixa produtividade e mão de obra não qualificada e baixo estímulo à inovação e atratividade em empreender.

Mas, as PMEs são relevantes para a cadeia automotiva.

Citou também que a indústria 4.0 gera grande impacto, com robôs autônomos, sistemas integrados, Big Data e Analytics, IoT, segurança cibernética e nuvem.

“O digital traz rupturas e reestruturação para as empresas”, disse Wong, acrescentando as demandas – carros mais conectados, serviços digitais, entertainment, veículos autônomos e dados como recurso estratégico. “É necessário trazer o digital para as PMEs”, ressaltou.

Na Alemanha, as PMEs suportam a indústria, mas há foco em qualidade, performance, pesquisa e desenvolvimento, treinamento de mão de obra e atualização tecnológica.

Para o Brasil, enfatizou ser fundamental para as PMEs a consolidação de parcerias tecnológicas, comerciais, financeiras e estratégicas.

Ao final de sua apresentação, citou os desafios que as PMEs devem vencer: novos portfólios de negócio, atração de talentos, crescimento com rentabilidade e capitalização.

“O Governo, OEMs e Tier 1s devem fomentar a integração das PMEs na cadeia global”, concluiu.

Besaliel Botelho, presidente da Bosch para América Latina, ressaltou que ocorreram mudanças no parque industrial da companhia, tecnologias novas, inovação de plataformas de veículos e decidimos ajudar fornecedores.

Inicialmente, com visão de exportação, depois foram escolhidos 25 fornecedores e desenvolvido um programa de gestão financeira e gerenciamento das empresas.

“O resultado foi muito bom, de ganho médio de 75% em produtividade”, ressaltou.

Painel Mercado Reposição – Segundo estudo da McKinsey sobre o setor de reposição brasileiro, desenvolvido em parceria com o GMA – Grupo de Manutenção Automotiva, o mercado de reposição está crescendo e é provável que alcance mais de R$ 120 bilhões até 2022.

Setor que se caracteriza pela variedade de players ao longo da cadeia – montadoras, fabricantes OEMs, marcas importadas, distribuidores, atacarejo, varejo, auto centers, redes de oficinas, postos de gasolina e oficinas independentes.

Bernardo Ferreira, sócio da McKinsey, falou sobre o estudo e destacou 10 tendências disruptivas do mercado de pós-venda.

Do lado consumidor, digitalização de canais e melhoria da experiência, advanced analytics, aumento da importância dos clientes frotistas e envelhecimento da frota brasileira nos próximos 5 anos.

Já os veículos estarão mais conectados, com novos serviços, mobilidade compartilhada em alta, eletrificação do sistema de transmissão e direção autônoma.

Com relação à competitividade haverá mais players e consolidação e integração da indústria.

No painel, David Catasiner, diretor de vendas e marketing da Zen, disse que a venda online de peças no Brasil é lenta e representam 2% do faturamento.

“Não é papel da indústria promover vendas online. A função da indústria é facilitar as vendas online, com informações e catálogos”, enfatizou.

Rodrigo Carneiro, presidente da ANDAP, para a reposição atuar no Brasil precisa ser profissional, pois os clientes estão cada vez mais exigentes, participativos, além disso, é necessário investir em tecnologia, catálogos eletrônicos.

“A indústria responde bem em termos de tecnologia e o comércio precisa evoluir rapidamente”, comentou.

Edson Brasil, vice-presidente da Arteb, explicou que a Arteb, há 2 anos, iniciou marketplace, por meio de seus distribuidores.

Ele acredita que todas as empresas devem ter marketing digital e marcar presença nos meios digitais.

“O mundo digital leva informações e precisamos nos aproximar dos consumidores com dados sobre sistemas de iluminação por meio do site e redes sociais”, disse.

Carneiro complementou: “Os produtos estão se unificando com os meios digitais. Temos de agregar valor à oferta”, destacou.

Catasiner  ressaltou que a marca é o principal ativo de uma empresa e deve ser sustentada por portfólio completo, forte rede de distribuidores, redes sociais, Automec, marketing de conteúdo e parcerias.

Brasil falou que a Arteb completa 85 anos neste ano e que em cada momento do mercado busca soluções e novas formas de atuar por meio de sua capacidade produtiva, tecnologia e parcerias no mundo para ganhar mais escala e volume.

“Buscamos as oportunidades”, disse o presidente da Arteb, explicando que o setor de reposição terá tempo para aprender e se preparar.

Abertura oficial da Automec 2019 – Encerrando a programação do Encontro da Indústria de Autopeças, Cesar Urnhani, piloto de testes do programa Auto Esporte, realizou a solenidade de abertura da 14.ª Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços (Automec), onde estiveram presentes diversas personalidades do setor automotivo, entre eles, Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças; Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP e Nacional; Francisco de La Tôrre, presidente do Sincopeças-SP; Rodrigo Carneiro, presidente da ANDAP; Alcides Acerbi Neto, presidente do SICAP; Milton Santos, secretário adjunto da Fazenda do Estado de São Paulo; secretário de Mobilidade e Transportes da cidade de São Paulo, Edson Caram; São Paulo; e Paulo Octavio Pereira de Almeida, vice-presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado.

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