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ARTIGO – Locadoras devem estar atentas às mudanças na relação entre consumidor e veículo

*Oskar Kedor
A pandemia acelerou tendências que já vinham sendo observadas no mercado automotivo, especialmente na relação do consumidor com o carro.

Se antes o veículo era visto como objeto de desejo e sinônimo de status, hoje cresce o número daqueles que agora o enxergam como item que pode ser consumido de outras formas, não necessariamente como propriedade.

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São tendências que devem ser acompanhadas de perto pelas locadoras de automóveis, para que possam oferecer soluções mais adequadas a esse novo perfil de cliente que vai se desenhando.

É verdade que a tendência de “desapego” em relação à propriedade veicular ainda é mais forte no exterior, onde apenas 15% dos pertencentes à chamada “Geração Y” ou “Millenials”, caracterizada pelas pessoas que nasceram entre as décadas de 1980 – 1990, considera extremamente importante possuir um carro.

No Brasil, essa parcela é de 51%, mas tende a perder espaço, se observarmos que praticamente a outra metade dos consumidores já não vê o veículo como prioridade, necessidade, ou sequer tem a intenção de adquiri-lo.

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Os “Y” representam, hoje, 50% da população economicamente ativa e, até 2030, serão 70%.

Alguns fatores comportamentais também nos ajudam a compreender melhor essa tendência.

O consumidor da “Geração Y” preza por valores como liberdade e conveniência, muitas vezes incompatíveis com as obrigações relacionadas à posse de um veículo, tais como os custos com manutenção, impostos, seguro, entre outros.

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Para esse perfil de cliente, o carro pode ser “consumido” de forma casual: por hora, dia e até por “assinatura”, durante um determinado período.

No Brasil, a memória dos tempos de inflação elevada interferiu no comportamento dos millenials, levando-os a ainda verem, na propriedade do carro, o sinônimo de garantia necessária para uma eventual emergência.

Mas alguns fatores já contribuem para mudar esse cenário também por aqui: a própria depreciação do veículo enquanto bem, que varia de 10% a 15% ao ano; as mudanças impostas pela pandemia, que levou muitos profissionais para o home office e, consequentemente, a circularem menos com seus veículos e a reavaliar a sua real necessidade, vendendo-o inclusive para quitar dívidas; e o consumo de novos serviços de mobilidade urbana, como os carros solicitados por aplicativos, cujos motoristas, em muitos casos, também não são proprietários, mas têm acesso aos veículos que dirigem junto às locadoras.

Não somente as tendências em relação ao uso do veículo foram aceleradas pela pandemia.

O consumidor da “Era Covid-19” é também aquele que passa a priorizar viagens nacionais, em vez das internacionais; adota um comportamento mais individual, preferindo, por exemplo, utilizar o carro para trajetos que eventualmente precise fazer no dia a dia; dá mais relevância a serviços de confiança que ao preço; e não abre mão de mais tecnologia.

Esses comportamentos também estão associados às medidas de prevenção ao contágio pelo coronavírus, que leva os consumidores a preferirem os serviços do chamado “MaaS” (Mobility as a Service – Mobilidade como serviço).

Todo o cenário exposto até aqui abre um “leque de oportunidades” para as locadoras de automóveis investirem em novos produtos, serviços, eficiência e conectividade.

Se o consumidor do presente já possui uma relação mais flexível com o veículo, quem dirá o “consumidor do futuro”, cujo perfil será formado, em sua maioria, pela chamada “Geração Z”, os nascidos a partir dos anos 2000?”

Será que esse cliente vai querer tirar habilitação com a mesma “pressa” com que se tirava antes?

Fica a provocação e o convite ao exercício de olhar o futuro, suas demandas e oportunidades.

* Oskar Kedor, CEO e fundador da Mobility S/A

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