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Carros elétricos: vamos chegar em último nessa corrida?

*Artigo enviado por Rodrigo Aguiar, sócio-fundador da Elev – No início do mês de agosto de 2021, o governo americano, por meio do presidente Joe Biden, anunciou medidas para acelerar a indústria dos carros elétricos no país.

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A posição do líder americano, diferente do seu antecessor, mostrou que o país estava acordando para o futuro que está muito mais próximo do que parece. Não foi uma medida descasada com a realidade, a Europa e a China já avançam na eletrificação dos automóveis há muitos anos. De acordo com a Agência Internacional de Energia, em 2020, os veículos elétricos representavam apenas 2% das vendas de carros novos nos Estados Unidos, em comparação com 10% na Europa.

E quando falamos no Brasil? Precisamos de muito planejamento para avançarmos. Diferentemente da década de 1970 que, com a crise do petróleo, o nosso país apresentou ao mundo a alternativa do etanol, hoje ainda há uma inacreditável demora para tomar uma posição mais consciente sobre os carros elétricos.

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Na minha análise, essa posição necessita ser tomada a partir da estruturação do país para a utilização destes automóveis.

Em primeiro lugar, precisamos analisar as diferenças primordiais que podemos ver em nosso país em comparação com os demais lugares do mundo, e, o ponto é: a nossa produção energética é limpa. Desta forma, diferentemente dos Estados Unidos, se implementarmos medidas similares às apresentadas pelo presidente Biden, os impactos na sustentabilidade seriam extremamente superiores ao do país norte-americano. Isso pode ser explicado, pois, com os carros elétricos, teremos um exemplo para mostrar ao mundo: uma cadeira de produção e utilização dos automóveis com baixíssimo impacto no meio ambiente.

Algo extremamente atrativo para os investidores que procuram práticas ESG nas empresas.

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Estamos atrás, e decisões de investimento no setor dos carros elétricos não podem ser deixadas para um outro momento. Quando pensamos em tomar a dianteira sobre a produção, utilização e comercialização dos automóveis elétricos, estaremos nos colocando em um mercado crescente e com inúmeras possibilidades de desenvolvimento em médio e longo prazo. Mas ações precisam ser tomadas e isso perpassa, até mesmo, pela reforma tributária, que não é discutida no Congresso.

Para alcançarmos os números definidos na projeção da ANFAVEA, de 62% dos novos veículos no Brasil serem elétricos em 2035, necessitamos, urgentemente, de decisões governamentais e planejamento. Além disso, é inegável que podemos nos tornar a referência de produção desses automóveis para a América Latina.

Não podemos nos dar ao luxo de aguardamos de braços cruzados enquanto vemos outros países desenvolvendo o setor dos veículos elétricos, precisamos de decisões que garantam a posição do Brasil como um país estratégico para a produção automotiva, algo que representa desenvolvimento econômico e empregabilidade, dois pontos que precisam ser tratados com muita atenção no nosso atual momento.

E o que perdemos se não fizermos a lição de casa? Além dos fatores econômicos, está a qualidade de vida. Um exemplo disso pode ser encontrado nos estudos realizados pela BreatheLife (2020), que mostrou que a cidade de São Paulo têm um nível de poluição 60% superior ao das metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse quadro mostra, com clareza, que não é uma questão apenas econômica, a busca por práticas sustentáveis tem impacto real na vida das pessoas.

Em paralelo, segundo dados da Bloomberg New Energy Finance, espera-se que, até 2040, 57% do total de vendas de veículos representará mais de 30% da frota de automóveis. Vamos esperar o resto do mundo tomar a dianteira e nos deixar para trás ou nos tornaremos referência nesse meio? Ainda há tempo para mudar.

*Rodrigo Aguiar é sócio-fundador da Elev. Profissional com mais de 25 anos na área de Eficiência Energética, Rodrigo implantou mais de 1500 projetos em todo país nos setores industrial, comercial, serviços e público. Em seu currículo tem passagens em entidades como PNUD, IFC, BID e GIZ, todos como consultor em estudos sobre o mercado elétrico, além de ter estado à frente de posições como diretor do departamento de energia da DEINFRA da FIESP – Federação das Indústrias de São Paulo e Diretor Comercial da AGES Consultoria, além de presidente da ABESCO – Associação Brasileira das Empresas de Conservação de Energia.

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