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Apostas, desafios e oportunidades marcam o summit “Olhares para 2022”

Os 12 painéis que compuseram o evento de três dias podem ser conferidos na plataforma digital da Fenatran, por meio do site www.fenatran.com.br

O seminário “Olhares para 2002 – Transporte Rodoviário de Cargas”, parte da Rota Digital Fenatran, reuniu na última semana os principais líderes do mercado para avaliação do cenário do próximo ano e os caminhos da indústria brasileira. O especial foi o último evento de conteúdo da Rota Digital neste ano, marcando a contagem regressiva de um ano para a feira presencial no SP Expo, em novembro de 2022.

O summit foi aberto com as previsões do Banco Itaú, que traçou um quadro de desafios para o Brasil. O economista Fernando Machado Gonçalves destacou inicialmente a melhoria da saúde e a reabertura da economia mundial que apontam um crescimento forte em 2021, de cerca de 6%, seguido de um crescimento mais brando em 2022 de 3,9% e, no ano seguinte, de 3%.

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Para o mercado brasileiro, o economista, com base na atualização semanal de dados da própria instituição, mostrou que a atividade econômica começou a dar sinais de desaceleração. “Acreditávamos que ela aconteceria no ano que vem, com a alta de juros, mas aparentemente ela está ocorrendo agora”, comentou Gonçalves. Apesar disso, o Itaú projeta um quadro de crescimento no terceiro e quarto trimestre deste ano e também no primeiro trimestre de 2022. Já a partir deste período, a projeção do Itaú aponta uma queda do PIB, decorrente da alta de juros.

Olhar das principais marcas de caminhões – Logo na sequência à abertura do Itaú, o evento contou com três principais painéis, que trouxeram as visões dos pilares do setor: das montadoras, das entidades e das transportadoras, uma em cada dia de evento.

O primeiro foi com a reunião dos principais executivos das maiores montadoras do País, como Luis Gambim (DAF), Márcio Querichelli (Iveco), Roberto Leoncini (Mercedes-Benz), Silvio Munhoz (Scania), Wilson Lirmann (Volvo) e Roberto Cortes (Volkswagen Caminhões e Ônibus).

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Os executivos trabalham com um cenário para 2022 em que o PIB deverá registrar um crescimento da ordem de 1% a 3%; a inflação deverá ficar entre 4% e 5%. A maior parte dos participantes apontou uma Taxa Celic de 11 a 12%; inflação entre 4% e 5,5%; e o dólar mantendo o nível atual de R$ 5,00.

Em relação ao mercado de caminhões, Roberto Leoncini, da Mercedes-Benz, acredita que o País está perdendo um momento oportuno de promover a renovação da frota. “Vai ficar cada vez mais distante realizar esse movimento”, comentou. Roberto Cortes, da Volkswagen Caminhões e Ônibus, aposta no crescimento do mercado para o próximo ano.

“Vai ter espaço para todas as iniciativas e o que mais acreditamos é nos veículos elétricos para entrega urbana. Vai ser difícil bater o diesel no mercado de longas distâncias em função da infraestrutura no Brasil. O diesel vai ainda ocupar um grande espaço no longo prazo”, avaliou.

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A Scania, que atua no mercado de caminhões pesados, previu para este ano um mercado total desse segmento da ordem de 60.000 unidades. Já para 2022, em função das vendas de caminhões estarem muito atreladas à curva do PIB, que deverá estar entre 1,5% e 2%, Silvio Munhoz acredita que o crescimento de caminhões não será muito significativo.

Para Márcio Querichelli, da Iveco, que avalia o mercado de veículos acima de 3,5 toneladas, informa que esse ano o mercado deverá chegar ao redor de 140 mil unidades, basicamente impulsionado pelo e-commerce que está crescendo bastante. Já o setor de pesados está sendo ajudado bastante pelo agronegócio e pela exportação. Apesar da turbulência esperada para 2022, Querichelli afirma estar otimista com o desempenho do mercado.

Wilson Lirmann, da Volvo, prevê um mercado em 2022 um pouco maior do que neste ano por conta dos fatores positivos, mas que sofrerá um vento contrário, com a taxa de juros e outros fatores matemáticos freando e impedindo que 2022 seja um ano recorde novamente.

Atuando no segmento acima de 45 toneladas, a DAF prevê um fechamento do mercado neste ano em torno de 65 mil unidades, com possibilidade de crescimento em 2022, principalmente em função da agricultura. “Mas também temos temores em relação aos efeitos da taxa de câmbio, dificuldade de crédito, com o mercado de usados dando sinais de fraqueza”, avaliou Luis Gambim.

Olhar das principais entidades do setor de transporte – Já no segundo dia de evento, a Rota Digital exibiu o painel “Entidades: cenários para o próximo ano”, com a participação dos presidentes das principais entidades do setor de transporte.

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, comentou que a indústria automobilística, com o seu novo desafio tecnológico e ambiental, tem a grande chance de realizar uma transformação tecnológica. Para isso, contaria com fortes investimentos das montadoras, da cadeia de fornecedores e concessionários para, junto com os clientes, melhorar o transporte de cargas e de passageiros no Brasil.

“Somando isso às baterias, semicondutores e indústria de biocombustível, nós podemos ter um novo boom de investimentos provocado por essa transformação tecnológica “, afirmou Moraes.

Danilo Guedes, da NTC, disse que tem boas expectativas para o próximo ano, em especial pelo agronegócio e o e-commerce, mas que o setor sente a pressão forte do aumento dos juros e dos preços dos combustíveis. “Os transportadores hoje no Brasil estão muito pressionados”.

O ano de 2022 terá juros reais, acredita Lauro Pastre Junior, da Anfir. “Financiamento é o oxigênio da economia e, se esse oxigênio diminui, isso evidentemente atrapalha as nossas vendas”. Mas ele afirmou ter um olhar positivo para o próximo ano, em função da previsão de uma safra recorde e a agricultura ajuda a equilibrar o PIB. Ele lembrou que a venda de caminhões e implementos rodoviários está muito atrelada ao segmento agrícola.

“Caminhão é PIB, quanto mais o índice cresce, mais caminhões nós vendemos”, enfatizou Sérgio Dante Zonta, da Fenabrave. Apesar do cenário complicado apontado por seus parceiros do setor, ele acredita que 2022 poderá ser ainda melhor que 2021. Dan Iochpe, da Sindipeças, destaca que a incerteza muito grande do mercado, com a negatividade dos acontecimentos, e os indicadores com viés negativo apontam riscos de um ano recessivo em 2022. “Esse flerte cada vez maior com o desequilíbrio das contas públicas pode levar a zonas negativas inesperadas”, disse o executivo.

Olhar das grandes transportadoras – O terceiro dia foi a vez do painel que reuniu os principais executivos de grandes transportadoras do País, proporcionando uma riquíssima discussão sobre dois temas centrais: cenário para 2022 e iniciativas voltadas à sustentabilidade. Com a palavra, os presidentes da BBM, Bertolini, Braspress, G10, JSL e Tora.

O painel foi aberto com a opinião a respeito das perspectivas do mercado de caminhões, tendo em vista a chegada da Euro 6 nos novos produtos, o que poderia desencadear uma antecipação na renovação das frotas, conforme havia ocorrido em 2012 com a troca de Euro 3 para Euro 4.

Urubatan Helou, da Braspress, foi categórico: “Não acredito que o atual momento de mercado permita que os operadores façam compras especulativas. Só vai comprar caminhão zero km quem tiver contrato novo debaixo do braço”, opinou. Já Cláudio Adamuccio, da G10, lembrou que as condições da Economia eram bem diferentes em 2012. “Lá atrás, as compras tiveram foco na questão financeira. Com 2022 projetando 4,5% de inflação e 10% de taxa Selic, isso será impossível. Concordo com o Urubatan. Só vai comprar quem realmente precisar”, explicou. Paulo Sérgio, da Tora, endossou o colega: “Financiar um novo ativo com juro real de 5%? Duvido”.

Ramon Alcaraz, executivo da JSL, destacou, entretanto, que o setor de transportes precisa ser visto e planejado de acordo com o segmento em que atua. E deu exemplos: “Temos que analisar o PIB setorial. Empresas que atendem o agronegócio terão um ano positivo, ao contrário de quem trabalha com o setor automotivo”, disse. “Pode ser que as vendas apareçam, sim, em razão do comportamento desses segmentos. Mas, antes de saber se teremos ou não compras adiantadas, eu diria que o mais importante é que as montadoras entreguem os volumes que já estão encomendados”, lembrou.

No esteio desse raciocínio, Daniel Bertolini enfatizou que muitas transportadoras fecharam as portas nos últimos dois anos. “Quem ficou de pé tem condições de se recuperar agora em 2022”. André Prado, da BBM, reforçou a opinião de Bertolini, apostando numa reestruturação profunda do setor. “Nós anexamos quatro empresas nos últimos anos”.

Já o tema sustentabilidade teve uma voz unânime entre os seis executivos. Eles afirmaram que a consciência ambiental é relevante, mas qualquer iniciativa nesse sentido só se faz viável se houver resultados financeiros para bancá-la.

Euro 6 também foi tema de destaque – Um dos principais temas que marcaram a última edição da Rota Digital de 2021 foi a aplicação da Euro 6 no mercado brasileiro, com os desafios e o impacto para o setor e para o País.

O painel, no dia 17, foi conduzido pela jornalista especializada Giovanna Riato, da Automotive Business, e contou com a participação de Alexandre Parker, diretor de assuntos corporativos da Volvo, Adriano Rishi, presidente da Cummins, Bernardo Pereira, diretor de marketing da Iveco, e Marco Rangel, presidente da FPT. A Cummins também abordou o assunto com o tema “Euro 6: As inovações da Cummins para acelerar a nova etapa do mercado de pesados”, apresentado por Andre Garcia, Dennys Santi, Beatriz de Rizzo e Eduardo Oliveira, todos executivos da marca.

Outros conteúdos relevantes – O summit contou ainda, no dia 16, com um painel sobre as soluções da Scania para o segmento off-road, conduzido por Paulo Genezini. No dia 17, foram apresentados os painéis “Empreendedorismo: produtividade e soluções conectadas para o empresário do transporte”, conduzido por Flavio Costa, gerente de veículos comerciais da Ford, Luciano Driemeier, gerente de mobilidade e conectividade também da Ford, Bruno Hacad, diretor de operações da FreteBras, e um representante do SEBRAE.

A FreteBras fez uma apresentação, com Leandro Moura, head de relacionamento B2B e desenvolvimento de negócios, sobre como aumentar eficiências no transporte de cargas; a Cummins, com Guilherme Filetti, engenheiro de produto, destacou o lançamento do filtro Fleetguard, módulo de combustível em plástico; outro painel deste dia foi “Movimentos do transporte rodoviário de cargas no Brasil”, com a apresentação do estudo da FreteBras por Bruno Hacad, diretor de operações da empresa, com Raquel Serini, economista do Setcesp. A Scania Consórcio, com a presença do diretor comercial, Rodrigo Clemente, apresentou também as soluções financeiras da empresa.

No dia 18, o encontro contou com a apresentação da Delta Global com o tema “Delta Fleet: ecossistema completo e inteligente de gestão de frotas”, com a participação de Gregori Almeida, coordenador de produto, e Webster Pedralli, gerente. A Scania, com a participação de Alex Barucco, gerente de portfolio de serviços e conectividade, destacou os “Serviços Conectados Scania”. Na sequência, a Volvo fechou com o “Volvo Xtreme: Caminhões para o Segmento de Mineração”, com Marcelo Mortari e Willian Junqueira, especialistas de produto da marca.

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