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Fotógrafos brasileiros dominam o Dakar

Brasil tem profissionais que são referência internacional no esporte a motor

Talento, coragem, habilidade, perícia, gosto pelo desafio, aventura e resistência física. Essa poderia ser a descrição de um destemido competidor do Rally Dakar, a mais difícil e perigosa competição do automobilismo mundial. Mas é a lista das qualidades necessárias para ser fotógrafo nessa corrida.

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E o Brasil, que conta com profissionais reconhecidos internacionalmente no segmento do esporte a motor, tem se destacado também nas areias do deserto – como as da Arábia Saudita, onde o Dakar encerra sua 45ª edição neste domingo (15).

O time de fotógrafos brasileiros trabalhando neste momento no Dakar reúne dez profissionais espalhados no deserto. Nove deles trabalham sob o comando da agência Fotop, baseada em São Paulo e dirigida pelo também fotógrafo André Chaco.

Com determinação e profissionalismo, ao longo dos anos Chaco quebrou a resistência dos organizadores e equipes da prova – a maior parte deles, europeus – e conseguiu transformar a Fotop na agência oficial do Dakar. Neste processo, ele também abriu as portas do evento para profissionais de diversas partes do Brasil, como o cearense Victor Eleutério e o gaúcho Duda Bairros.

Prêmios – A qualidade do trabalho dos brasileiros foi, na verdade, sua arma para conquistar esse mercado. Em duas edições recentes, por exemplo, o prêmio de melhor imagem do Dakar foi conquistado por profissionais do Brasil. Em 2019, quando a prova era disputada no Peru, Marcelo Machado de Melo foi o vencedor.

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No ano passado, seu colega Magnus Torquato teve uma de suas imagens eleita como a mais espetacular de um evento que produz anualmente centenas de milhares de fotos, registradas por especialistas de todo o mundo. Mais de 60 nacionalidades estão representadas neste ano entre os competidores do Dakar. Uma variedade similar de origens trabalha nos bastidores produzindo imagens.

Neste ano, os fotógrafos cruzam os desertos sauditas para registrar imagens de ação de 455 carros, motos, quadriciclos, UTVs, protótipos e caminhões de corrida. É um exercício extenuante: a prova tem mais de 8.500km e inclui vários de seus 15 dias no temido Empty Quarter, deserto que ocupa grande parte do território dos países do Oriente Médio, como Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita. Com equipamentos modernos, eles transmitem diretamente da câmera os arquivos para a base da Fotop no Brasil. As fotos são tratadas e encaminhadas no mesmo dia para os competidores e patrocinadores.

500km por dia no deserto “No Dakar todos os profissionais são levados ao limite. Imagine algo como o GP do Brasil de Fórmula 1 se deslocando 500km diariamente, durante 15 dias, com uma caravana de quatro mil pessoas. Isso é o Dakar”, define Duda Bairros que, ao lado de Melo e Torquato forma também a equipe de fotógrafos da Stock Car Pro Series.

Além do trio, a Fotop conta no Dakar 2023 com os serviços de mais seis profissionais: Victor Eleutério, Vinicius Branca, Rodrigo Barreto, Doni Castilho, Vandrei Stephani e o português Jorge Cunha. Castilho, que iniciou a carreira em 1988, é o mais antigo do grupo no segmento do off-road.

É também um assíduo profissional em todos os campeonatos brasileiros, incluindo o Rally dos Sertões. Em 2023, uma ausência vem sendo sentida: o paranaense José Mário Dias pela primeira vez em 15 anos não cobre a prova.

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“Estou casado há nove anos e precisava passar as festas de fim de ano com a família completa. Eu devia isso para a família. Acompanho o que acontece no Dakar daqui, mas não é fácil ficar longe”, justificou o fotógrafo, mostrando o nível de paixão que a prova exerce sobre os profissionais. Zé Mário, como é chamado, compensa a ausência realizando lives diariamente sobre a corrida.

Curiosidade – Não ligado à agência, mas integrante da equipe de produtores de conteúdo da Red Bull na prova, Marcelo Maragni é formado em arquitetura. Como outros colegas de trilha, entrou para a profissão inicialmente por curiosidade e gosto pessoal pela fotografia. Seu primeiro Dakar foi em 2009, quando a corrida deixou de ser realizada na África devido à ameaça de ataques terroristas na Mauritânia, passando a ser disputada nos Andes centrais, na América do Sul.

Maragni começou a fotografar surfistas de forma amadora, mas logo descobriu que poderia obter alguma renda vendendo imagens para os próprios atletas. Sua trajetória incluiu depois diversos esportes, outra semelhança com os demais “retratistas” brasileiros no Dakar.

O ecletismo é uma das marcas do grupo. Todos já registraram grandes eventos de outros esportes. Por exemplo, o premiado pela melhor foto de 2019, Marcelo Machado de Melo, foi direto do Qatar, onde cobriu a Copa do Mundo de Futebol, para a Arábia Saudita – e na chegada do Dakar, neste domingo, vai completar dois meses de trabalho em grandes eventos do Oriente Médio. Por isso, foi substituído na final da Stock Car, dia 11 de dezembro, em Interlagos, pelo colega Vinícius Branca – que a seguir embarcaria para o Dakar.

Capotagens – Mas nem tudo é glamour na rotina desses profissionais. As dificuldades do Dakar exigem talento não só atrás das câmeras, mas também noções de informática, mecânica, eletrônica, entre outras. Os perrengues são variados e constantes.

Por exemplo, Torquato e Machado de Melo estavam ao volante de carros de equipes da Fotop em dois capotamentos ocorridos em edições passadas do Dakar.

Por isso, André Chaco garante que o segredo do sucesso dos brasileiros é não apenas aptidão, mas também planejamento, experiência e uma pitada de sorte. “No começo, nós tínhamos os piores carros e os piores equipamentos entre a imprensa e os demais fotógrafos. O pessoal olhava pra gente meio atravessado”, diz ele, rindo. “Hoje nossos carros usam os mesmos itens de segurança de um carro de competição, como bancos concha, cinto de cinco pontos, gaiola de proteção na cabine, amortecedores reforçados, etc.”, continua o empresário.

“Mas a gente sempre conta com uma ajudinha lá de cima. Em uma dessas capotagens no meio do deserto, apareceu um carro de polícia que acabou levando nosso pessoal para os locais onde iriam fotografar. Imagina só a cena! Eu coordenei o resgate daqui do Brasil. Foi um sufoco, mas foi também um daqueles milagres que só acontecem no Dakar”.

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