Carlos Tavares, CEO da Stellantis, está em Detroit nesta semana para desenvolver uma estratégia visando resolver as operações problemáticas da montadora na América do Norte. A visita, ocorrendo durante suas férias de verão, sublinha a urgência da situação, conforme a montadora enfrenta uma queda significativa nos lucros e crescente insatisfação entre investidores e trabalhadores.
O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, está realizando uma visita estratégica a Detroit esta semana, onde pretende formular um plano para corrigir as operações deficitárias da montadora na América do Norte. A visita ocorre em um momento crucial, com a empresa enfrentando um declínio de 40% no lucro operacional no primeiro semestre de 2024, em grande parte devido ao desempenho fraco nos Estados Unidos, uma região historicamente vital para os lucros da Stellantis.
De acordo com fontes internas, Tavares tem como objetivo tranquilizar tanto os funcionários quanto os investidores, demonstrando um compromisso pessoal em resolver os problemas da empresa. “Ele queria deixar claro que estava lidando com isso pessoalmente”, disse uma fonte próxima ao assunto, que preferiu não ser identificada. A visita, realizada durante o período de férias de Tavares, visa também enviar um sinal forte ao mercado e aos acionistas.
Nos últimos meses, as operações norte-americanas da Stellantis têm enfrentado desafios significativos, incluindo estoques elevados de veículos, problemas de fabricação, e uma falta de “sofisticação” na abordagem do mercado local, conforme admitido pelo próprio Tavares. As vendas das principais marcas da empresa, Ram e Jeep, caíram pelo menos 33% desde 2019. Em julho, Tavares já havia criticado a taxa de execução em plantas nos EUA, mencionando especificamente a fábrica de Sterling Heights, em Michigan.
Para tentar contornar essa situação, a Stellantis já começou a implementar cortes de custos, incluindo a demissão de até 2.450 trabalhadores na fábrica de Warren Truck e a oferta de demissões voluntárias para funcionários assalariados. No entanto, esses esforços foram acompanhados por tensões crescentes com o United Auto Workers (UAW), o sindicato que representa os trabalhadores das fábricas da Stellantis nos EUA. O presidente do UAW, Shawn Fain, ameaçou uma greve caso a empresa não cumpra os compromissos de investimento estabelecidos anteriormente.
A crise também se refletiu nas ações da Stellantis, que caíram quase 50% desde as máximas de março, levando a um processo movido por acionistas que alegam que a empresa ocultou o aumento dos estoques e outras fraquezas antes de divulgar resultados decepcionantes. A Stellantis respondeu que o processo é “sem mérito” e negou ter violado os termos do acordo de negociação com o UAW.
Durante a visita, Tavares se reunirá com os principais gerentes da Stellantis em Auburn Hills, Michigan, para formular uma estratégia até o final da semana. Analistas do setor, como Philippe Houchois da Jefferies, destacam que a Stellantis errou ao tentar aumentar os preços em um mercado que não estava disposto a pagar, resultando em estoques excessivos e perda de competitividade.
Massimo Baggiani, da Niche Asset Management, em Londres, ainda vê Tavares como “o melhor executivo do setor”, mas enfatiza que ele precisa manter a disciplina financeira e provar que é possível aumentar as vendas sem comprometer as margens e a rentabilidade.
A expectativa é de que a nova estratégia de Tavares ajude a restaurar a confiança tanto dos investidores quanto dos trabalhadores, garantindo a estabilidade da Stellantis no mercado norte-americano, crucial para o sucesso global da montadora.