O mercado automotivo brasileiro ficou mais caro e tecnológico em 2025, segundo novos relatórios divulgados pela K.LUME Consultoria. A empresa analisou os indicadores macroeconômicos que influenciam diretamente o setor — compilados pelo economista Claudio Lucinda — e apontou que a introdução do IPI Verde, em julho, trouxe impactos relevantes na formação de preços e no comportamento de consumo.
De acordo com o levantamento, a nova tributação teve efeito limitado sobre os veículos de entrada, mas gerou forte impacto em modelos com preços entre R$ 120 mil e R$ 160 mil, faixa em que predominam produtos de maior valor agregado, melhor desempenho e mais tecnologia embarcada.
“O preço médio dos veículos de passeio em julho era de R$ 147.769,80 e passou para R$ 152.217,53 em outubro, um aumento de 3,01%”, detalha Maía Màrtins, sócia da K.LUME Consultoria.
O consultor automobilístico Milad Kalume Neto explica que esse comportamento reflete o reposicionamento das montadoras frente às novas diretrizes ambientais. “O IPI Verde incentivou produtos mais eficientes e tecnológicos, mas também provocou ajustes de preço em faixas intermediárias, onde a disputa por diferenciais é mais intensa”, comenta.
Os dados também evidenciam que o consumidor brasileiro tem dado preferência a veículos com maior conteúdo tecnológico e percepção de valor, o que explica o avanço dos SUVs e o encolhimento das opções mais acessíveis entre os hatches compactos.
Enquanto os hatches ainda representam a porta de entrada para o primeiro carro, as marcas vêm reduzindo a oferta desses modelos, priorizando segmentos com maior rentabilidade e maior interesse do público.
O relatório da K.LUME aponta ainda que os SUVs continuam puxando o preço médio nacional, consolidando-se como o principal vetor de crescimento do setor automotivo.
Os sedãs se mantêm como alternativa de equilíbrio entre custo, conforto e espaço interno, mas também apresentam tendência de valorização frente à incorporação de mais recursos de segurança e conectividade.
O tíquete médio de venda de veículos zero quilômetro no Brasil foi dividido em três grandes grupos, evidenciando a diferença de posicionamento entre os segmentos.
O estudo mostra que o tíquete médio dos hatches é de R$ 94.660,35, enquanto os sedãs registram R$ 140.480,43, e os SUVs atingem R$ 182.678,31, liderando o mercado e praticamente dobrando o valor médio dos modelos compactos.
Segundo a K.LUME, a evolução dos preços reflete não apenas o aumento de custos produtivos, mas também a sofisticação tecnológica dos veículos vendidos no país, impulsionada por exigências ambientais, novas normas de segurança e uma mudança clara no perfil do consumidor.
A consultoria reforça que a tendência para 2026 é de manutenção da alta dos preços médios, especialmente com o avanço da eletrificação e a consolidação de plataformas híbridas e elétricas em faixas antes dominadas por motores a combustão.
Com a implantação do IPI Verde, que reduz tributos conforme a eficiência energética e o conteúdo tecnológico do veículo, o mercado brasileiro passa por uma reconfiguração: os produtos mais modernos ganham competitividade, enquanto os modelos menos eficientes tendem a sair de linha.
O levantamento serve como termômetro para as estratégias das montadoras e também para o consumidor, que precisa equilibrar custo, desempenho e tecnologia na hora da compra.
A K.LUME destaca que, embora o mercado continue aquecido, a acessibilidade segue como desafio, e o consumidor de entrada está cada vez mais distante de um zero quilômetro.
No cenário atual, os SUVs seguem firmes como o desejo do brasileiro e, ao mesmo tempo, como o principal fator de elevação do tíquete médio nacional — consolidando o país como um dos mais caros da América Latina para aquisição de automóveis novos.
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Tíquete médio – valor médio pago pelo consumidor em determinada categoria de veículos, usado para medir a tendência de preços do mercado.
IPI Verde – nova política tributária que reduz o Imposto sobre Produtos Industrializados para veículos mais eficientes e sustentáveis, incentivando tecnologias limpas.
Eficiência energética – capacidade do veículo de percorrer maiores distâncias consumindo menos combustível ou energia, reduzindo custos e emissões.
